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HADDAD SOB PRESSÃO
Congresso em Foco
3/6/2025 8:25
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, defendeu nesta terça-feira (3) o caráter regulatório do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e alertou para possíveis interpretações negativas por parte dos investidores internacionais. Em evento realizado em São Paulo nessa segunda-feira (2), Galípolo criticou a proposta do governo de usar o aumento do IOF para reforçar a arrecadação federal.
"Eu sempre tive essa visão de que não deveria utilizar o IOF nem para questões arrecadatórias, nem para fazer algum tipo de apoio para a política monetária. É um imposto regulatório, como está bem definido", criticou.
A declaração ocorre em meio às discussões dentro do governo sobre alternativas ao aumento do IOF medida que enfrenta forte resistência no Congresso e no mercado financeiro. A elevação do imposto foi anunciada com a expectativa de gerar um reforço de R$ 19,1 bilhões na arrecadação até o fim do ano, mesmo após dois pontos da medida terem sido revogados no dia seguinte ao anúncio.
A posição do presidente do BC contraria a do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Risco de interpretação
Galípolo demonstrou preocupação com o impacto da medida na percepção dos investidores estrangeiros, destacando o risco de que o aumento do IOF seja visto como um mecanismo de controle de capital. "Não é desejável que você tenha uma escolha de uma linha ou de um produto específico em função de uma arbitragem tributária", acrescentou.
Para analistas de mercado, o aumento do IOF tem um efeito semelhante a um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, pois encarece o crédito para as empresas, um movimento que pode afetar as decisões de investimento e o ritmo da atividade econômica.
Questionado sobre o impacto da medida nas projeções econômicas, o presidente do BC ressaltou que a instituição ainda aguarda a definição final do formato da proposta para incorporar seus efeitos nas análises oficiais. "A gente tende a consumir com mais parcimônia, aguardar o desenho final para entender de que maneira e quanto deve ser incorporado nas nossas projeções", concluiu Galípolo.
Quanto ao impacto da medida na economia, Galípolo assegurou que o BC analisará cuidadosamente a incorporação do aumento do IOF às projeções, considerando as propostas alternativas em discussão no governo e no Congresso.
Ele ressaltou que a autoridade monetária avaliará os efeitos sobre a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) somente após a definição do formato final da proposta. "A gente tende a consumir com mais parcimônia, aguardar o desenho final para entender de que maneira e quanto deve ser incorporado nas nossas projeções", concluiu o presidente do BC.
Economia resiliente
Ainda em sua apresentação, Gabriel Galípolo que a economia brasileira tem mostrado resiliência, mesmo diante dos atuais níveis elevados da taxa de juros, e que o país vive uma fase "contracionista" da política monetária, ou seja, com juros ainda elevados.
Segundo Galípolo, o desempenho da economia segue sendo impulsionado, em grande parte, por elevados gastos do governo, o que pressiona a inflação. Nesse cenário, os juros continuam sendo o principal instrumento do BC para tentar frear a atividade econômica e controlar a alta dos preços.
"A economia vem apresentando uma resiliência surpreendente para o nível de taxa de juros que a gente tem", disse o presidente do BC.
Cuidado e flexibilidade
Durante sua fala, Galípolo chamou atenção para o atual contexto de forte incerteza, tanto no ambiente doméstico quanto no internacional. Para ele, esse quadro impõe ao Banco Central a necessidade de atuar com flexibilidade e adotar uma comunicação mais cuidadosa.
"Estamos no momento da repetição da palavra 'incerteza', não só aqui dentro, como fora do Brasil também. Isso demanda cautela e flexibilidade", afirmou.
Ainda de acordo com o presidente do BC, em um ambiente tão volátil, até mesmo a prática tradicional de apresentação de projeções econômicas se tornou mais desafiadora. Ele ressaltou que os bancos centrais de diversos países estão adotando uma postura mais contida na comunicação com o mercado.
"Hoje em dia, fazer cenários é muito difícil. Os bancos centrais têm conversado sobre isso: manter a comunicação o mais simples possível, tentar ser humilde, evitar dar guidance e evitar falar mais do que se pode cumprir."
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