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MINERAÇÃO

Terras raras e lítio: por que os EUA cobiçam o subsolo brasileiro

De olho na China, governo Trump pressiona o Brasil para explorar minerais essenciais ao desenvolvimento da chamada "economia do futuro".

Congresso em Foco

26/7/2025 | Atualizado às 13:58

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A tensão comercial entre Brasil e Estados Unidos ganhou um novo ingrediente nesta semana: o interesse formal do governo Donald Trump pelos minerais estratégicos brasileiros. Diante da iminente imposição de sobretaxas de 50% sobre produtos brasileiros, com vigência prevista para 1º de agosto, diplomatas norte-americanos procuraram representantes do setor mineral para reforçar um recado: os EUA querem acesso direto aos chamados minerais críticos do Brasil insumos-chave para a transição energética e a indústria de alta tecnologia.

O gesto acendeu o alerta no Planalto. O presidente Lula reagiu em público: "Temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos todo o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro".

A declaração, feita durante cerimônia em Minas Novas (MG), foi uma resposta direta à movimentação da embaixada americana. O encarregado de negócios, Gabriel Escobar, reuniu-se com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) e pressionou por acordos de aquisição de minérios brasileiros.

O interesse dos EUA faz parte de uma estratégia global de redução de riscos geopolíticos, reindustrialização verde e fortalecimento de cadeias críticas ocidentais. Apesar da importância desses elementos para a chamada "economia do futuro", o Brasil ainda patina na legislação sobre o assunto.

Autonomia e soberania

As chamadas terras raras e os minerais críticos, citados por Escobar na conversa com o Ibram, são essenciais para as tecnologias do presente e do futuro: de celulares e veículos elétricos a turbinas e sistemas de defesa. Embora não sejam exatamente raros, sua extração é complexa e concentrada em poucos países.

Considerados "críticos" por sua importância estratégica e risco de escassez, esses minerais impulsionam a transição energética e a inovação industrial. Em um mundo cada vez mais tecnológico, tornaram-se peças-chave na disputa por autonomia e soberania. Por isso, nações como os EUA buscam garantir seu suprimento e reduzir a dependência da China.

Jazida de mineração da Vale em Araxá (MG), município que possui terras raras de onde podem ser retirados os rejeitos de nióbio e fosfato.

Jazida de mineração da Vale em Araxá (MG), município que possui terras raras de onde podem ser retirados os rejeitos de nióbio e fosfato.Edson Silva/ Folhapress

Por que valem tanto

Poucos países combinam diversidade geológica, segurança jurídica e capacidade produtiva como o Brasil. Com boas relações internacionais e uma matriz elétrica 85% renovável, o país detém a segunda maior reserva mundial de terras raras (cerca de 22 milhões de toneladas), atrás apenas da China, que possui o dobro e responde por 70% a 80% da produção global e por quase 100% do refino de certos elementos, como disprósio, térbio e ítrio.

O território brasileiro abriga reservas significativas de quase todos os minerais considerados críticos por agências dos EUA, União Europeia, Japão e OCDE.

Entre os mais disputados:

  • Lítio: para baterias de veículos elétricos e eletrônicos portáteis;
  • Nióbio: usado em turbinas, superligas, blindagens e aço especial;
  • Níquel, cobalto e grafite: vitais para a indústria de baterias;
  • Cobre: essencial em sistemas elétricos e motores;
  • Terras raras (neodímio, disprósio, térbio): base de ímãs potentes, turbinas e sensores militares;
  • Tântalo, estanho, molibdênio, vanádio e zinco: usados em ligas metálicas, semicondutores e energia estacionária.

O mapa da cobiça

O subsolo brasileiro abriga reservas significativas e diversificadas de minerais críticos:

Terras raras:

  • Minas Gerais (Araxá): Lantânio, Cério, Neodímio
  • Goiás (Serra Verde): Disprósio, Térbio (pesadas)
  • Bahia (Sento Sé) e Amazonas

Lítio:

  • Vale do Jequitinhonha (MG): Araçuaí, Itinga e Salinas
  • Produzido por empresas como a Sigma Lithium

Nióbio:

  • Araxá (MG), Catalão (GO) 90% das reservas mundiais

Cobre:

  • Carajás (PA), Bahia e Mato Grosso

Níquel e Cobalto:

  • Goiás, Bahia e Pará

Grafite natural:

  • Minas Gerais e Ceará

Tântalo e Estanho:

  • Rondônia, Amazonas, Pará e Amapá

Zinco, Molibdênio, Vanádio:

  • Minas Gerais, Bahia e Pará

O que os EUA estão propondo

Segundo o Ibram, os diplomatas norte-americanos foram enfáticos: querem respostas rápidas. O plano da administração Trump vai além da simples compra de minério. Inclui:

  • Financiamento de plantas de separação no Brasil;
  • Criação de joint ventures com mineradoras brasileiras;
  • Transferência de tecnologia sob controle estrangeiro.

O Brasil oferece um diferencial: produção com baixa emissão de carbono, graças à matriz predominantemente hidrelétrica. Além disso, pode fornecer certificações ESG, atraentes para mercados como EUA e União Europeia.

Mas, na prática, o país ainda exporta majoritariamente minério bruto e reimporta produtos industrializados a preços altos. O presidente do Ibram, Raul Jungmann, lembrou que qualquer negociação deve passar pelo governo federal, pois os recursos minerais pertencem à União, como determina a Constituição.

Legislação obsoleta

Apesar das reservas estratégicas, o Brasil não possui uma legislação específica para regular terras raras e minerais críticos. O setor segue amparado pelo antigo Código de Mineração, de 1967, atualizado apenas por decretos.

Projetos como o PL 2210/2021 e o PL 2780/2024 tramitam no Congresso, mas nenhum avançou. O governo Lula promete lançar ainda este ano uma Política Nacional de Minerais Críticos, a ser apresentada na COP30, que ocorrerá no Pará.

Entre os objetivos estão:

  • Apoio a pequenas e médias empresas;
  • Financiamento por debêntures incentivadas;
  • Ampliação do mapeamento geológico;
  • Incentivos ao refino e à industrialização no Brasil.

Mercado em disputa

Enquanto isso, empresas estrangeiras seguem investindo, mas sem segurança jurídica e com toda a produção sendo exportada in natura, muitas vezes para a própria China.

Hoje, a única mineradora brasileira em operação comercial é a Serra Verde, em Minaçu (GO). Com financiamento da americana Denham Capital e da holandesa SVMP, a empresa começou a operar em 2024, emprega cerca de 1.300 pessoas e exporta 100% da produção.

Outras empresas em expansão:

  • Canada Rare Earth Corporation (Canadá): já em Minas Gerais, quer atuar em Rondônia
  • Viridis Mining and Minerals (Austrália): projetos em Poços de Caldas (MG)
  • Meteoric Resources (Austrália): também em Poços de Caldas
  • Energy Fuels (EUA): adquiriu reservas na Bahia

Apesar do interesse crescente, a maioria dos projetos ainda está em fase de prospecção ou licenciamento. Sem estrutura local de refino nem marco regulatório, o Brasil permanece como exportador de matéria-prima, um papel frágil num mercado geopolítico cada vez mais competitivo.

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