Julgamento do golpe
Moraes diz que não é advogado do MST e Dino confirma: "nem eu"
Em voto no julgamento de Bolsonaro, relator ironizou falas do ex-presidente sobre ministros do STF, provocando risadas na sessão.
Congresso em Foco
9/9/2025 | Atualizado às 12:08
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O ministro Alexandre de Moraes usou ironia nesta terça-feira (9) ao rebater falas do ex-presidente Jair Bolsonaro que insinuavam suspeitas contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante a leitura de seu voto no julgamento da tentativa de golpe de Estado, Moraes citou as acusações feitas por Bolsonaro, que havia dito que o ministro Edson Fachin seria "advogado do MST" e que os ministros receberiam propinas milionárias.
Em tom de deboche, Moraes reproduziu a fala:
"Esse cidadão que está aqui é um marxista, advogado do MST. Não sou eu, ministro Flávio, aqui a referência foi ao ministro Fachin. O Alexandre de Moraes, vocês sabem qual é a vida pregressa dele. O Barroso, vocês sabem também."
A cena provocou risadas no plenário, intensificadas quando o ministro Flávio Dino interrompeu para dizer: "nem eu", reforçando a negativa e ampliando o clima de descontração.
Moraes leu também trecho que dizia que ele teria "vida pregressa" comprometida e que minsitros do STF receberiam propinas milionárias. Reproduzindo em tom de deboche as falas de Bolsonaro, Moraes disse:
"O réu Jair Messias Bolsonaro pratica outros ilícitos, além dos denunciados pela Procuradoria-Geral da República, ao acusar os ministros do Supremo de corrupção, dizendo: 'Eu não vou falar que o Fachin está levando 30 milhões de dólares, não vou falar isso aí, que o Barroso está levando 30 milhões de dólares, não vou falar isso aí, que o Alexandre de Moraes está levando 50 milhões de dólares, não vou falar isso aí."
Moraes lembrou que, ao ser questionado em interrogatório sobre as declarações, Bolsonaro admitiu não ter provas e disse que era apenas "o jeito dele de falar". Para o relator, esse tipo de atitude faz parte de uma estratégia para tentar descredibilizar o Supremo e seus integrantes.
"Ao falar isso, mais do que ofender pessoalmente cada um dos ministros, na verdade quer descredibilizar o Poder Judiciário como um todo", afirmou.
O julgamento prossegue na 1ª Turma do STF, que além de Moraes e Dino é composta por Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. As sessões devem se estender até o fim da semana.
