Velhos caciques dominam corrida ao Senado no Norte em 2026

A disputa pelas vagas ao Senado na região Norte promete ser uma das mais marcadas pela força de nomes tradicionais. Governadores, ex-governadores e parlamentares experientes dominam as articulações, transformando a corrida eleitoral em um embate de lideranças consolidadas que buscam preservar espaço e influência no Congresso. O cenário revela pouco espaço para renovação e reforça o Senado como destino natural de políticos com longa trajetória no poder.

Em estados como Pará, Amazonas e Acre, os principais protagonistas são figuras conhecidas do eleitorado, como Helder Barbalho (MDB), Eduardo Braga (MDB), Gladson Cameli (PP) e Randolfe Rodrigues (PT). A disputa tende a reunir aliados do presidente Lula e do ex-presidente Jair Bolsonaro, em um mosaico político no qual as alianças são menos ideológicas e mais pragmáticas, moldadas pela força local de cada grupo.

Outro traço marcante nas disputas da região é o peso das relações familiares e pessoais na composição das candidaturas. No Pará, por exemplo, Helder Barbalho tenta suceder o pai, Jader Barbalho, consolidando a influência de uma das famílias mais tradicionais da política amazônica. Em Roraima, o ex-senador Romero Jucá (MDB) e a ex-prefeita Teresa Surita (MDB) - que já foram casados - também articulam em campos próximos.

A região Norte chega a 2026 com um retrato político de continuidade: a renovação se desenha tímida, e o poder segue nas mãos de quem já conhece bem os bastidores do Planalto e de Brasília.

Veja a situação de momento em cada estado da região:

Acre

Os senadores Márcio Bittar (PL) e Sérgio Petecão (PSD) são pré-candidatos à reeleição. Outro nome forte na disputa é o do governador Gladson Cameli (PP). Atual presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), o ex-governador e ex-senador Jorge Viana (PT) é o principal nome no campo do presidente Lula. Também são cotados os deputados federais Eduardo Veloso (União), Coronel Ulysses (União) e Jessica Sales (MDB). Já a ex-deputada Mara Rocha, recém-filiada ao Republicanos, deve disputar a eleição ao Senado em uma chapa liderada pelo senador Alan Rick (Republicanos), pré-candidato ao governo.

Amazonas

Os senadores Eduardo Braga (MDB) e Plínio Valério (PSDB) pretendem disputar um novo mandato. O governador Wilson Lima (União) também é dado como certo na corrida. Homem de confiança do governador, o secretário da Casa Civil, Marcos Rotta (Avante) - ex-deputado e ex-vice-prefeito de Manaus -, pode entrar na disputa. Próximo ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado Capitão Alberto Neto (PL) trabalha para ser o nome do partido ao Senado. No campo petista, o principal nome é o do ex-deputado Marcelo Ramos (PT). No meio do mandato, o senador Omar Aziz (PSD) articula sua candidatura ao governo estadual.

Amapá

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT), e o senador Lucas Barreto (PSD) devem disputar a reeleição. Entre os possíveis adversários está a primeira-dama de Macapá, Rayssa Furlan (Podemos), esposa do prefeito Antônio Furlan (MDB), que aparece bem nas pesquisas para o governo do estado. Também são cotados o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes (PDT), e o deputado Acácio Favacho (MDB).

Pará

O governador Helder Barbalho (MDB) lidera as pesquisas para o Senado. No campo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado Delegado Éder Mauro (PL) desponta como principal nome. Também filiado ao PL, o ex-senador Mário Couto tenta retornar à Casa. O mesmo ocorre com o ex-senador Paulo Rocha (PT) e a ex-senadora Marinor Brito (Psol). O senador Zequinha Marinho (Podemos) deve ser o único a buscar a reeleição, já que Jader Barbalho (MDB), pai de Helder, não pretende concorrer em 2026. O ex-governador Simão Jatene, atualmente sem partido, também é cogitado para a disputa.

Rondônia

A disputa em Rondônia tem três pré-candidatos do PL: o senador Marcos Rogério, que tentará a reeleição; a deputada federal Silvia Cristina; e o produtor rural Bruno Scheid, o mais próximo da família Bolsonaro - mesmo sem mandato, ele obteve autorização do STF para visitar o ex-presidente em prisão domiciliar. O senador Confúcio Moura (MDB) também é cotado para tentar novo mandato, sendo o único com algum alinhamento ao governo Lula. Já os deputados Fernando Máximo (União) e Delegado Rodrigo Camargo (PSD), além do governador Marcos Rocha (União), são ligados ao bolsonarismo. Confúcio, Marcos Rogério e Máximo também aparecem entre os possíveis candidatos ao governo estadual.

Roraima

A disputa por uma vaga no Senado em Roraima promete ser acirrada. Entre os nomes tradicionais estão a ex-prefeita de Boa Vista Teresa Surita (MDB), o governador Antonio Denarium (PP) e o ex-senador Romero Jucá (MDB). Também devem entrar na corrida os senadores Chico Rodrigues (PSB) e Mecias de Jesus (Republicanos), ambos em busca da reeleição. Uma possível novidade é a candidatura do deputado Hélio Lopes (PL), do Rio de Janeiro, que pode concorrer por Roraima. Os deputados Nicoletti (União) e Helena da Asatur (MDB) também são cotados, assim como o empresário Rodrigo Cataratas (PRD), um novato na política local.

Tocantins

Afastado do cargo por denúncia de corrupção, o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) é pré-candidato ao Senado. Entre seus principais adversários estão os senadores Eduardo Gomes (PL) e Irajá Abreu (PSD), que tentarão a reeleição. Uma novidade é a provável entrada do técnico e empresário Vanderlei Luxemburgo na disputa - em 2022, ele ensaiou candidatura ao Senado pelo PSB, mas foi preterido. Desta vez, articula o lançamento pelo Podemos. Ele é dono da retransmissora da TV Record em Palmas. Também são cotados os deputados federais Carlos Gaguim (União), Vicentinho Jr. (PP) e Alexandre Guimarães (MDB). A única mulher na corrida até o momento é a deputada estadual Janad Valcari (PL).