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REGULAMENTAÇÃO PROFISSIONAL
Congresso em Foco
2/12/2025 12:17
A criação de um exame obrigatório para que recém-formados em medicina possam exercer a profissão, apelidado por parlamentares e entidades como "a OAB da medicina", acendeu uma discussão acalorada no Senado. O projeto de lei 2.294/2024, que cria o Exame Nacional de Proficiência em Medicina (Profimed), está na pauta desta quarta-feira (3) da Comissão de Assuntos Sociais (CAS). A proposta divide parlamentares, instituições de ensino e entidades médicas e contraria o governo.
A principal controvérsia gira em torno de um ponto: o Brasil deve ter um exame profissional para liberar o registro do Conselho Regional de Medicina (CRM) ou apenas uma avaliação educacional, como o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed), criado este ano pelo governo?
Veja a versão apresentada pelo relator
O que está em jogo
Proposto pelo senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), o texto altera a Lei dos Conselhos de Medicina para instituir o Profimed, prova obrigatória para a inscrição nos CRMs. A ideia é semelhante ao Exame da Ordem dos Advogados do Brasil, que habilita advogados a exercer a profissão. Daí o apelido "OAB da medicina".
O exame avaliaria conhecimento teórico, habilidades clínicas e conduta ética dos médicos recém-formados. Para apoiadores da proposta, trata-se de uma forma de garantir padrão mínimo de qualidade e proteger pacientes de profissionais mal preparados. De acordo com o texto, a prova ficaria sob a regulamentação e a coordenação do Conselho Federal de Medicina (CFM), cabendo aos conselhos regionais a aplicação em suas respectivas. Os resultados individuais serão sigilosos e encaminhados aos ministérios da Educação e da Saúde, sem divulgação nominal.
A iniciativa, porém, encontra resistência desde que foi apresentada. O Ministério da Educação resiste à ideia de dividir suas atribuições e quer manter a prerrogativa de avaliar sozinho os alunos e os cursos de medicina.
Universidades e entidades rejeitam o Profimed e defendem o Enamed
Um manifesto assinado por associações de instituições de ensino superior — como a Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior do RJ (Semerj) e a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen) — critica duramente o Profimed e defende o Enamed como única avaliação nacional adequada. O documento enviado aos senadores apresenta um comparativo entre os dois modelos.
As entidades argumentam que:
As entidades afirmam que fortalecer apenas o Enamed "protegeria mais o paciente e elevaria de fato a qualidade da formação".
Relator propõe combinação dos dois modelos
Mesmo com as críticas, o relator do projeto na CAS, senador Dr. Hiran (PP-RR), que é médico oftalmologista, apresentou um substitutivo que não só mantém o Profimed como cria um modelo integrado, ampliando o alcance da proposta inicial.
Pelo parecer:
Senadores criticam duplicidade e veem risco de inconstitucionalidade
Para parte dos parlamentares, o modelo híbrido proposto pelo relator cria novos problemas em vez de resolvê-los.
Médico, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) argumenta que manter Profimed e Enamed simultaneamente "é duplicar a burocracia e deslocar do MEC uma responsabilidade constitucional". "Não é plausível que o MEC seja consultivo naquilo que é sua responsabilidade. A avaliação tem que ser do MEC, com participação do CFM", afirmou.
Também médica, a senadora Zenaide Maia (PSD-RN) defende uma única prova nacional. "A responsabilidade de avaliar é do Enamed. A prova de proficiência médica tem que ser feita pelo MEC."
Há quem tema ainda que o Profimed possa ser contestado judicialmente, justamente por atribuir a um conselho profissional o poder de definir o exercício da medicina, prerrogativa que, para críticos, deveria ser estatal.
Cenário das escolas médicas aumenta tensão
O pano de fundo da polêmica é o crescimento acelerado dos cursos de medicina no país:
Se aprovado na CAS, que analisa o projeto em caráter terminativo, o texto seguirá à Câmara, salvo recurso para votação no Plenário do Senado. O recurso precisa do apoio de ao menos nove senadores.
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