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MUDANÇA NA CÂMARA
Congresso em Foco
19/12/2025 8:39
Com a cassação do mandato de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), confirmada nesta quinta-feira (18) pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, quem assume a cadeira deixada pelo filho do ex-presidente Jair Bolsonaro é o Missionário José Olímpio (PL-SP), de 69 anos. Suplente mais votado do Partido Liberal em São Paulo entre os não eleitos em 2022, Olímpio retorna à Câmara após seis anos fora do Congresso.
A perda do mandato de Eduardo foi declarada com base na Constituição, que proíbe parlamentares de faltar a mais de um terço das sessões deliberativas do ano. Morando nos Estados Unidos desde o início de 2025, Eduardo acumulou 63 ausências em 78 sessões, o equivalente a quase 81% do total. A Mesa Diretora concluiu que era "impossível o exercício do mandato parlamentar fora do território nacional".
Trajetória política
Nascido em Itu (SP), em 1956, José Olímpio se apresenta como comerciante e bacharel em Direito. Sua carreira política começou no Legislativo municipal: foi vereador por seis mandatos em São Paulo e presidiu a Câmara Municipal da capital. Também ocupou cargos no Executivo, como o de subprefeito de Guaianazes, na zona leste paulistana, durante a gestão de Celso Pitta.
No Congresso Nacional, exerceu dois mandatos como deputado federal, entre 2011 e 2019. Em 2022, tentou retornar à Câmara e obteve 61.938 votos, ficando na suplência pelo PL paulista. Na mesma eleição, declarou à Justiça Eleitoral R$ 331.596 em bens, incluindo um prédio em Itu e um apartamento na capital.
Ligação religiosa e perfil conservador
Integrante da Igreja Mundial do Poder de Deus, liderada pelo apóstolo Valdemiro Santiago, Olímpio integra a bancada evangélica e se define nas redes sociais como defensor dos "valores cristãos e familiares". É também um apoiador declarado de Jair Bolsonaro, com quem já apareceu em eventos e materiais de campanha.
Durante seu período anterior na Câmara, ficou conhecido por propostas de forte apelo religioso e conservador. Em 2014 o Congresso em Foco revelou que o deputado apresentou um projeto de lei que proibia o implante de chips e dispositivos eletrônicos em seres humanos, sob o argumento de combater uma suposta "nova ordem mundial satânica". O texto acabou arquivado sem tramitação.
O propósito, segundo ele, era evitar uma "satânica nova ordem mundial", tendo em vista que "o fim dos tempos se aproxima". "Há um grupo de pessoas que busca monitorar e rastrear cada passo de cada ser humano", justificou.
Proposta inusitada
Na época, ele rebateu as críticas recebidas pela apresentação do projeto, em entrevista ao Congresso em Foco. Segundo ele, se fosse aprovada, a proibição ajudaria a reduzir riscos para a segurança e a defesa nacional.
"Pode parecer [uma proposta] inusitada, mas queremos evitar que amanhã, que pode ser daqui a dez ou cem anos, soframos uma intervenção como a ocorrida no Kuwait, em 1990", afirmou ele, em entrevista exclusiva ao site na ocasião. O projeto acabou arquivado sem ser analisado.
"Não temo [críticas] porque vivemos num país laico e livre. Temos que respeitar todos", acrescentou o então deputado. Conforme explicado por ele, a "ordem satânica" chegaria a partir do rastreamento das pessoas via chips ou outros dispositivos. Pelo projeto, ficava proibido o implante, independentemente da idade, de meios para substituir RG, CPF ou código de barras.
Outro projeto de destaque propunha a transferência simbólica e temporária da capital federal para Itu, em referência à Convenção Republicana realizada na cidade em 1873, episódio considerado precursor da Proclamação da República.
Passagem por vários partidos
Embora hoje esteja no PL, José Olímpio passou por diversas legendas ao longo da carreira, como MDB, PP, PPB, DEM e União Brasil. Chegou a presidir nacionalmente o antigo Partido da República (PR), que mais tarde retomou o nome Partido Liberal.
Enquanto esteve no PP, chegou a ser citado em investigações da Operação Lava Jato, acusado de supostamente receber recursos de empreiteiras investigadas. O inquérito foi arquivado pelo Supremo Tribunal Federal em 2017, após não serem encontradas provas contra o parlamentar.
Diferentemente do período em que assumiu a vaga de Eduardo Bolsonaro durante licença do titular, agora José Olímpio retorna à Câmara de forma definitiva, em razão da cassação do mandato. A decisão foi publicada no Diário da Câmara dos Deputados e assinada pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).
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