Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Congresso em Foco
5/12/2007 | Atualizado às 8:53
Erich Decat
Os parlamentares de Minas Gerais, do PMDB e do PT foram os mais prestigiados pelo governo federal na liberação de emendas orçamentárias nos primeiros 11 meses deste ano. Do total de R$ 1,03 bilhão empenhado para as 27 bancadas estaduais e as cinco regionais, cerca de R$ 288 milhões, ou seja, 22% do montante, foram assegurados para atender a reivindicações dos 53 deputados e três senadores mineiros.
O valor destinado a obras no estado governado pelo tucano Aécio Neves é mais que o dobro do previsto para a execução das emendas da bancada do Pará, administrado pela petista Ana Júlia Carepa. Até agora, os paraenses têm a promessa de liberação de R$ 111 milhões. A comparação inclui apenas o chamado empenho, recursos prometidos mas não necessariamente pagos.
Veja a relação completa, por bancada, por comissão e por parlamentar
Segundo levantamento realizado pela Liderança do Democratas no Senado, a soma das emendas empenhadas para os mineiros somente no mês passado, R$ 88 milhões, é maior do que o total prometido, de janeiro a novembro, para o Rio Grande do Sul (R$ 87 milhões) e São Paulo (R$ 82 milhões), quarta e quinta bancadas com maior número de empenhos.
À frente de gaúchos e paulistas desponta o Acre, governado por Binho Marques (PT), com R$ 88 milhões. Por outro lado, o Piauí, do também petista governador Wellington Dias, foi o único a não ter uma emenda de bancada sequer empenhada nesse período.
O número de emendas de bancada varia conforme o tamanho da representação no Congresso Nacional. Sem limites de valores, o recurso é usado por parlamentares de um mesmo estado, mesmo de partidos diferentes, para obras de interesses estaduais.
Apoio aos aliados
O levantamento feito no Siafi (sistema que registra os gastos do governo) também revela que o governo empenhou, desde o início do ano, R$ 471,57 milhões para emendas individuais de parlamentares. Não raras vezes, a liberação desses recursos costuma ser usada como moeda de troca em votações, já que atende a obras de interesse das bases eleitorais dos congressistas.
Por causa disso, os aliados costumam ser os mais agraciados pelo governo. Foi assim na era FHC, e tem sido assim na era Lula. Pra se ter uma idéia, o valor das emendas individuais empenhadas pelo governo para parlamentares do PMDB é maior do que o prometido, ao longo de todo o ano, para obras e convênios apontados por deputados e senadores do DEM e do PSDB juntos.
De janeiro até o final do mês passado foram empenhados R$ 73,09 milhões para emendas de peemedebistas. Os petistas, por sua vez, não ficaram muito atrás. Aparecem na segunda colocação, com R$ 67,27 milhões. Enquanto isso, parlamentares dos dois principais partidos da oposição foram contemplados com R$ 72,57 milhões.
Grupo 100%
Dono da maior bancada no Congresso e fiel da balança nas principais votações para o Palácio do Planalto, o PMDB também se destaca como o partido que tem o maior número de congressistas com 100% das emendas individuais empenhadas. São eles os senadores Romero Jucá (RR), com R$ 1,8 milhão, e Roseana Sarney (MA), líder do governo no Congresso, com R$ 900 mil, e o deputado Olavo Calheiros (AL), irmão do ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), com R$ 5,6 milhões.
Até 2006, quando foi aprovado o orçamento em exercício, cada deputado ou senador tinha direito a apresentar até 20 emendas, no valor total de R$ 6 milhões. De acordo com a proposta orçamentária em discussão no Congresso esse valor deve passar para, pelo menos, R$ 7 milhões.
Caminho das pedras
Romero Jucá não esconde que o fato de ser o líder do governo no Senado contribui para a liberação de suas emendas. “Trabalho muito para que os projetos sejam aprovados. Estou mais perto do governo e, se corro atrás, claro que isso [a sua posição dentro do Congresso] ajuda”, disse ao Congresso em Foco.
Embora com valores menores, outros quatros deputados também estão no seleto grupo dos que tiveram o valor total das emendas empenhadas: Vicente Arruda (PR-CE), com R$ 500 mil; Rubens Otoni (PT-GO), com R$ 450 mil; Átila Lira (PSB-PI), com R$ 250 mil; e Ricardo Izar (PTB-SP), com R$ 100 mil.
De acordo com o levantamento, do início de janeiro a 30 de novembro, o governo garantiu a liberação total de R$ 2,7 bilhões. Além das emendas individuais e de bancada, acima citadas, também foram empenhadas emendas das comissões temáticas (R$ 22,73 milhões) e dos relatores do orçamento (R$ 1 bilhão).
Veja resumo dos valores das emendas empenhadas
Mineiros empenhados
Para o deputado mineiro Virgílio Guimarães (PT), ex-coordenador da bancada de Minas no Congresso se deve mais à dedicação dos parlamentares durante a realização da proposta orçamentária do que a fatores políticos.
“Nós trabalhamos sempre no sentido de buscar a aprovação das emendas desde a sua criação, com temas que têm boa chance de serem empenhados”, afirma o petista, ao justificar a liderança de seu estado, terra natal do ex-ministro das Relações Institucionais Walfrido dos Mares Guia, na garantia de recursos orçamentários deste ano.
Apesar de destacar a atuação dos deputados e senadores de sua bancada, Guimarães admite que a proximidade com o governo federal contribui para a liberação dos recursos propostos pelos parlamentares nas emendas. “Ajuda, mas não é só isso. Contamos com parlamentares empenhados”, disse à reportagem.
Critérios técnicos
Coincidência ou não, o governo intensificou no mês passado, em meio às negociações para a prorrogação da CPMF no Senado, o empenho das emendas orçamentárias. Apenas em novembro, foram autorizados gastos de R$ 644,81 milhões. A maior liberação, até então, havia sido em setembro, quando os deputados aprovaram a prorrogação do chamado imposto do cheque. Naquele mês, foram R$ 265,03 milhões.
Procurado pela reportagem, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio, disse, por meio de sua assessoria, que o empenho das emendas obedece a critérios estritamente técnicos e não está sujeito a pressões políticas. Já o aumento da garantia de emendas no final do ano, ressaltou a assessoria, nada tem a ver com a votação da CPMF, mas com o atraso no calendário da liberação do dinheiro.
Temas
CRISE ENTRE PODERES
Constitucionalistas apontam validade da derrubada do IOF por Congresso
LIBERDADE RELIGIOSA
Projeto na Câmara busca regulamentar gravação de cultos religiosos
JORNADA DE TRABALHO
Deputados do PT propõem jornada semanal de 36h sem corte de salário