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O agronegócio saiu do século 16, mas o passado não saiu do agronegócio

Congresso em Foco

3/7/2020 | Atualizado 10/10/2021 às 17:03

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Sindicato teme que, com aprovação do PL dos agrotóxicos, a Anvisa perca a participação na análise de substâncias nocivas. Foto: Agência Brasil

Sindicato teme que, com aprovação do PL dos agrotóxicos, a Anvisa perca a participação na análise de substâncias nocivas. Foto: Agência Brasil
Desde a extração do pau-brasil e dos engenhos de cana mantidos pelo trabalho escravo, no Século 16, o agronegócio brasileiro caminhou uma longa estrada. O setor moderno, mecanizado, amparado na tecnologia e na pesquisa científica que hoje floresce foi responsável, em 2019, por 21,4% do Produto Interno Bruto do País gerando R$ 1,55 trilhão em bens e serviços. Mas a essência dessa atividade que se quer tão contemporânea - "O agro é tech, o agro é pop, o agro é tudo", dizia a campanha publicitária - segue marcada por uma profunda contradição. Se é inegável que o agronegócio saiu do século 16, não é tão verdade que o século 16 tenha saído do agronegócio. Apoiado na tecnologia de ponta, na pesquisa e em estratégias de negócios de última geração, largos segmentos desse setor econômico ainda cultivam noções como "propriedade acima de tudo", minimizam as preocupações contemporâneas com o meio ambiente e tratam conquistas civilizatórias, como os direitos trabalhistas, como "entraves ao desenvolvimento". São bem conhecidos os efeitos dessas contradições para as populações indígenas, para os trabalhadores rurais e agricultores familiares e para a saúde do nosso meio ambiente. Mas elas também têm impactos graves sobre o agronegócio do século 21. Basta ver o resultado das hostilidades dirigidas à China, o maior mercado para nossa produção agrícola e pecuária - e é importante destacar que essas provocações não são apenas emanadas pelo governo maciçamente votado pelos empresários do setor, mas são amplamente ecoadas em canais de comunicação do mundo agro. > Cadastre-se e acesse de graça, por 30 dias, o melhor conteúdo político premium do país Por mais que se sinta - e, efetivamente, seja -uma força motriz da nossa economia, o pujante agronegócio brasileiro do Século 21 não existe em um tempo paralelo, onde caberiam a contemporaneidade e o século 16. O agronegócio não desenvolve suas atividades em um país à parte. Ele depende da logística brasileira, dos mercados conquistados e mantidos por políticas públicas - onde a diplomacia ocupa papel fundamental -, de regras de certificação que exigem a fiscalização para ter credibilidade. Resumindo: depende do Estado, que descreve como "estorvo". Imerso neste País real, o agro não pode reivindicar a contemporaneidade técnica, amparada na "mais avançada das mais avançadas das tecnologias", como já cantou Caetano, se não enfrentar sua história e contribuir para a superação das sequelas de 388 anos de escravidão e de 520 anos de franca hostilidade aos primeiros donos do território, os indígenas. Também não pode se reivindicar como mecanismo que opera em um planeta a parte, esquecendo da necessidade de cuidar da terra onde deita suas sementes e do ambiente que as faz germinar e dar frutos. O agronegócio do Século 21, que responde por 21,4% do PIB, precisa expulsar de vez o Século 16 e enfrentar seus bolsões internos que teimam na mentalidade endurecida, isolada dentro de uma cerca, aferrada a convicções inamovíveis. Precisa lembrar, todos os dias, que o pé na contemporaneidade sempre terá seu avanço empatado, enquanto seu corpo ainda tiver um pé calçando a bota do senhor de engenho. Para os que clamam pelo liberou geral para os agrotóxicos, que desdenham da segurança e da dignidade no trabalho - em um país que ainda resgata gente submetida a condições análogas à escravidão - e consideram a fiscalização ambiental uma afronta à produção, é bom lembrar que não é o Estado que atrapalha. É o Século 16. Produzir a qualquer preço era essência da rapina colonial. Era o cerne de um modelo econômico baseado em arrebatar o máximo de riquezas, embarcá-las na próxima caravela e levar os lucros para a metrópole - e nunca é demais lembrar que os chamados armadores das empresas coloniais eram sócios da Coroa e não prosperariam sem ela. A renitência do Século 16 sonhou com um governo sem Ibama, sem fiscalização do trabalho, sem demarcações de terras indígenas, sem MST, sem CLT. Conseguiu. E, desde então, o Brasil vem colecionando manchetes internacionais, cada uma delas uma pá de terra sobre o agronegócio do Século 21. Queimadas na Amazônia, veneno nas lavouras, desmatamento e perseguição aos povos indígenas estimulam boicotes a produtos brasileiros. Uma diplomacia desastrada acha natural abandonar as regras do respeito e diálogo exigidos pelas relações entre Nações para provocar a China, os Países Árabes e vizinhos do Mercosul, fechando portas à nossa produção. A porção Século 16 quis um governo que lhe permitisse "passar com a boiada". Conseguiu, e as consequências serão arcadas pela face Século 21 do agronegócio. "Cuidado com o que você deseja, pois pode se tornar realidade". Essa máxima - ironicamente, um provérbio chinês - descreve bem os dilemas do agronegócio brasileiro. Leia mais artigos de Jean Paul Prates.
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