Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
terça-feira, 3 de junho de 2025
Informativo no ar!
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Notícias >
  3. A violência política e o crescimento do discurso de ódio nas eleições
[Erro-Front-CONG-API]: Erro ao chamar a api CMS_NOVO.

{ "datacode": "BANNER", "exhibitionresource": "NOTICIA_LEITURA", "assettype": "NO", "articlekey": 22701, "showDelay": true, "context": "{\"positioncode\":\"Leitura_Noticias_cima\",\"assettype\":\"NO\",\"articlekey\":22701}" }

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

A violência política e o crescimento do discurso de ódio nas eleições

Congresso em Foco

12/11/2020 | Atualizado 10/10/2021 às 17:30

A-A+
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

[fotografo] Unsplash/ Markus Spiske [/fotografo]

[fotografo] Unsplash/ Markus Spiske [/fotografo]
Mapeamentos realizados nos últimos meses mostram aumento dos ataques virtuais. Um deles revela que 78% das mulheres negras candidatas sofreram violência nas redes Nos últimos anos, temos observado algumas transformações em direção a uma maior diversidade de pessoas e projetos na disputa política institucional. O país, entretanto, ainda enfrenta uma grave debilidade democrática: a violência política. De acordo com o estudo "Violência política e eleitoral no Brasil", de 2019, pelo menos um episódio desta natureza foi registrado a cada três dias no país. Dos casos mapeados, a grande maioria foi direcionada a prefeitas/os e vereadoras/es. Tal estratégia vem sendo utilizada a cada ciclo eleitoral, por grupos hegemônicos, como um ativo político para manutenção e concentração do poder em espaços de tomada de decisão. As táticas buscam minar a participação política, principalmente de mulheres, da população LGBTQIA+, de pessoas negras e indígenas, grupos estruturalmente excluídos do processo democrático. Em grande parte, esse fenômeno é manifestado por discursos de ódio através de ameaças, assédios, intimidações e uso de desinformação. No seu ápice, chega a atos explícitos de violência, como o cometimento de homicídios políticos e agressões físicas. Se a exteriorização das ações violentas vinha tomando rumo preocupante nos últimos anos, desde 2018 há um aumento exponencial de casos de violência política online nas redes sociais e plataformas digitais. Especialmente no ano de 2020, os ataques online se intensificam. A expressão dos crimes, antes denunciados no cotidiano eleitoral de candidaturas, toma nova dimensão e cria novos precedentes com o uso massivo de ambientes digitais para campanhas, promoção de debates políticos e formação de opinião pública. > Orlando Silva sofre ataques racistas e registra denúncia: "Inaceitável" Diante desse contexto, algumas iniciativas vêm buscando qualificar o debate sobre o fenômeno, produzindo dados quantitativos e qualitativos sobre o perfil de agentes públicos e políticos mais afetados e necessidades de avanço e resguardo de direitos que garantam a ampla e diversa participação e representação políticas. O Tretaqui.org é uma delas. Trata-se de uma plataforma de denúncias anônimas de violência política criada em 2018, a partir de uma articulação que hoje conta com 11 organizações comprometidas individualmente e coletivamente com a denúncia de práticas violentas de discurso de ódio e desinformação, especialmente no período eleitoral. Em 2018, a plataforma recebeu 564 denúncias, alertando principalmente sobre candidaturas sendo atacadas com atos violentos e discriminatórios. A maior preponderância dos crimes inclui a apologia e incitação de crimes contra a vida (164 casos), discriminação contra mulher (147 casos), LGBTfobia (96 casos) e o racismo (66 casos). A partir disso, foi gerado um relatório que foi encaminhado à Missão Eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA), que acompanhou as eleições brasileiras naquele ano. > Hackers invadem seminário LGBTI+ sobre eleições e divulgam imagens nazistas Os números de 2020 ainda estão sendo coletados, mas já é possível dizer que o leque de categorização subjetiva das vítimas dessas ações violentas e espaços digitais de concretização desse fenômeno se ampliou. Até o presente momento, o que se tem mapeado é que a maioria de denúncias de candidaturas atacadas (73%) é de mulheres cisgêneras e que a maioria das candidaturas que atacam (66%) é de homens cisgêneros. Sobre os discursos odiosos manifestados nas ações violentas, o conteúdo de maior incidência dos ataques são insultos de cunho misógino, seguidos de ataques pela ideologia política da candidatura e, em terceiro lugar, a discriminação étnico-racial seguida de LGBTfobia. Em relação às redes de maior ocorrência, o Facebook é listado como a plataforma de maior disseminação dos discursos odiosos, seguido pelo Instagram. O ódio contra mulheres negras Outra iniciativa de mapeamento está sendo conduzida pelo Instituto Marielle Franco, com foco em casos de violência política exercida contra candidaturas de mulheres negras e a participação de 142 mulheres negras, de 21 estados e 16 diferentes partidos. Os resultados preliminares demonstram que, em 2020, a violência virtual, aquela que se dá no ambiente da Internet, foi a principal forma de ataque relatada pela maioria das mulheres negras candidatas, totalizando 78% dos casos. Dos ataques sofridos nas suas redes, mais de 20% continham conteúdo misógino e 18% continham conteúdo racista. A violência moral e psicológica é o segundo tipo de agressão mais relatado, num total de 62% dos casos. Destes, 60% são atos em que a candidata foi ofendida e humilhada em decorrência da sua atividade política nas eleições. Por fim, a violência institucional, aquela promovida por agentes públicos e/ou privados, foi a terceira violência mais relatada (55%) pelas mulheres negras candidatas. Dentre as práticas deste tipo violento, 33% dos relatos têm relação com recebimento de recursos e 29% com assédios para aceite de determinadas decisões partidárias, de campanha ou para desistir da sua candidatura. A revista Az Mina, em parceria com o Internetlab, também está pesquisando o fenômeno nessas eleições. Para isso, lançou o MonitorA, um observatório de violência política contra candidatas nas redes sociais, que analisou 3,1 mil tweets com termos ofensivos que tinham algum tipo de engajamento. Destes, 40% continham algum xingamento direcionado a candidatas. > 90 mil mulheres negras disputam as eleições municipais, 23% a mais que em 2016 Os números preocupam, sobretudo porque a violência política através do discurso de ódio e da desinformação tem uma grande capacidade de formar opinião pública, criando verdadeiras redes de ataque a candidaturas que estejam sob o foco desse tipo de ação pouco republicana. Daí o esforço, feito por organizações da sociedade civil - como as que integram a Coalizão Direitos na Rede - e autoridades eleitorais para que haja um compromisso das plataformas digitais em rever protocolos de privacidade e gestão de suas redes. Consequências da violência No que pese reconhecer os problemas históricos de participação política, como distribuição de recursos, ausência de apoio partidário e questões estruturais de campanha, fica cada vez mais explícito que um dos maiores riscos enfrentados na esfera pública por mulheres, população LGBTQIA+, pessoas negras e indígenas é a violência política online e offline. Uma violência física e psicológica, que mina sua capacidade de disputa e exercício de mandatos. Tal cenário gera uma baixa representatividade na política quando comparada à de homens brancos. Dos 5.570 municípios brasileiros, somente 12%, por exemplo, são liderados por mulheres. Mulheres negras são 3,2% das prefeitas. Nas eleições de 2020, mais de um terço dos municípios conta com apenas candidaturas brancas à prefeitura. Nas casas legislativas, as mulheres ocupam 15% dos assentos da Câmara e 14,8% no Senado. Parlamentares negras são apenas 2,36% do Congresso Nacional. No universo de 57.814 vereadores eleitos em 2015, apenas 13% são mulheres, segundo o TSE. Vereadoras negras não chegam a 5%. Trata-se de um fenômeno sistemático, não se restringindo a ações isoladas, que perdura no tempo para antes, durante e depois das eleições, afetando a possibilidade de acesso e permanência nos cargos eleitos. Apesar de afetar majoritariamente agentes políticos, seu uso busca também atacar e deslegitimar instituições e impedir a participação social ativa na democracia. O uso da violência política, de forma instrumentalizada como ativo político impede na prática a possibilidade de participação ampla e diversa dos grupos que compõem a sociedade brasileira, ferindo valores democráticos fundamentais. Esse processo gera concentração de poder e fragiliza a democracia ao excluir, invisibilizar e silenciar diferentes vozes e perspectivas nos espaços de poder e tomada de decisão. Se entendemos que a garantia do espaço de debate republicano é responsabilidade compartilhada de diversos agentes, acreditamos que as respostas a este desafio também devem ser multidimensionais, envolvendo cidadania, partidos, sociedade civil e autoridades públicas. Contudo, é fundamental que as autoridades enfrentem o fenômeno da violência política como algo da competência do sistema de Justiça Eleitoral, pois não se tratam de casos de liberdade de expressão ou de violências individuais. Esse é um fenômeno que vem se dando dentro do campo da disputa política, e os entes que devem resguardar e promover o ambiente mais republicano de disputa são os grandes detentores do poder para fazer essa mudança acontecer. É preciso levar o discurso de ódio nas eleições a sério, com respostas rápidas, que garantam a integridade democrática. E a capacidade de disputa integral deve ser garantida no pré, durante e pós-eleições, para que essas vozes e a população em geral possam circular livremente pela cidade e pautar a política. Enquanto os espaços de poder e tomada de decisão estiverem ocupados por quem se alimenta politicamente de práticas criminosas, a democracia estará ameaçada. > Leia mais textos do Eleições nas Redes.
Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Tags

justiça eleitoral indígenas eleições 2020 LGBTQIA+ pessoas negras Eleições nas Redes discurso de ódio nas eleições

Temas

País Colunistas

LEIA MAIS

Combustível

Petrobras diminui em 5,6% o preço da gasolina para distribuidoras

BEBÊ REBORN

Eduardo Paes veta criação do Dia da Cegonha Reborn: "não dá"

PSB

João Campos é eleito presidente do PSB; veja reações nas redes

NOTÍCIAS MAIS LIDAS
1

SUGESTÃO AO CONGRESSO

Reforma administrativa deve começar pelos supersalários, diz Haddad

2

DEPUTADA BOLSONARISTA

Condenada a 10 anos de prisão, Carla Zambelli deixa o Brasil

3

INQUÉRITO

Lindbergh pede abertura de investigação na PF contra Filipe Barros

4

SERVIDORES PÚBLICOS

Lula sanciona reajuste e reestruturação de carreiras do funcionalismo

5

Deputada Condenada

Defesa de Carla Zambelli abandona caso após deputada sair do país

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES