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Congresso em Foco
3/5/2018 10:00
A recuperação do emprego, bem como a melhoria das contas públicas, passa por políticas governamentais ativas de crescimento econômico, e não apenas em favor da "confiança" e do lucro dos bancos. Regras fiscais, por exemplo, devem combinar previsibilidade e flexibilidade em momentos de crise, do contrário constrangem a sustentação da atividade econômica, tal qual nossa regra de primário desajustada ao ciclo e agora o teto de gastos federais.
A política creditícia, por sua vez, precisa atuar na contramão da recessão, isto é, ao invés de racionamento (como hoje na habitação e no BNDES às voltas com devoluções de recursos ao Tesouro) e de spreads e taxas de juros mais altas, renegociação favorável das dívidas privadas, que deve abarcar famílias e não apenas empresas, e redução do custo do crédito para facilitar a desalavancagem na crise.
Outra macro linha de ação em favor do emprego diz respeito ao investimento público, que em 2017, infelizmente, alcançou o menor patamar em 50 anos. O problema, dentre outros, repousa na complementaridade entre investimento público e privado: ao recorde negativo do investimento público em 2017 correspondeu a mais baixa taxa de investimento do conjunto da economia desde o início da série de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, apenas 15,6% do PIB (IBGE, 2018).
A reversão disso passa, novamente, por regras fiscais mais adaptadas tanto ao ciclo como às especificidades das despesas plurianuais de capital, mas também pelo reconhecimento, no momento de crise institucional porque passamos, de que o combate à corrupção não pode se confundir com a criminalização de todo planejamento e do investimento, seja em infraestrutura, indústria, ou científico-tecnológico.
Antes da Grande Depressão dos anos 1930, da ascensão do fascismo e da II Guerra Mundial, Keynes, por meio de uma paródia da teoria neoclássica do bem-estar, chamou atenção para os riscos da desconsideração dos dissabores da "multidão" derrotada no dia a dia dos mercados livres e desregulados:
"Se levarmos a sério o bem-estar das girafas, não devemos menosprezar o sofrimento das de pescoço mais curtos, que morrem de fome, ou das folhas doces que caem no chão e são pisadas na luta, ou a superalimentação das de pescoços compridos, ou o mau-olhado de angústia ou cobiça agressiva que anuvia os semblantes suaves da multidão." (Keynes, 1926, p. 118).
Antes que seja tarde, é hora de parar de menosprezar os sofrimentos de nossa população e atuar decidida e realmente no sentido de eliminá-los.
*Bráulio Santiago Cerqueira é mestre em Economia, auditor federal de Finanças e Controle e secretário executivo do Unacon Sindical.
Referências
GOBETTI, S.W. & ORAIR, R.O. "Tributação e distribuição de renda no Brasil: novas evidências a partir das declarações tributárias das pessoas físicas." International Policy Centre for Inclusive Growth, Working Paper n. 136. Brasília: IPC, fev. 2016.
KEYNES, J.M. (1926) "O fim do laissez-faire". In: SMERECSÁNYI, T. (org.) John Maynard Keynes, economia. 2a edição. São Paulo: Ática, 1984.
____. (1936) A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. 2ª edição. São Paulo: Nova Cultural, 1985. (Os Economistas)
PIKETTY, T. O capital no s[éculo XXI. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2014.Tags
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