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Sem memória e sem cultura, resta a morte em vida de gerações inteiras

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5/9/2018 | Atualizado 10/10/2021 às 17:41

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Bombeiros e Defesa Civil trabalham após incêndio no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, na zona norte do Rio[fotografo]Tomaz Silva/Agência Brasil[/fotografo]

Bombeiros e Defesa Civil trabalham após incêndio no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, na zona norte do Rio[fotografo]Tomaz Silva/Agência Brasil[/fotografo]
Ana Paula Barreto* Cezar Britto** Nas imagens desoladoras amplamente noticiadas nos veículos de comunicação brasileiros e até internacionais, onde se viu o fogo tomando conta do Museu Nacional no Rio, ficou fácil perceber escondido entre o pouco que não foi queimado, o descaso e o desprezo pela memória, a história e a cultura do Brasil. Ali, no acervo de 200 anos, estavam expostos para quem quisesse ver a nossa ancestralidade e originalidade como povo miscigenado que somos, nossa identidade secular e nosso deslumbramento por coleções inteiras de espécies e pesquisas inéditas. Triste concluir que a falta de memória, de história e de cultura podem ser determinantes para que uma população não se enxergue, não se orgulhe ou até desconsidere fatos e períodos que um dia envergonharam a sua nação. Assim nos encontramos, onde a cegueira desmemoriada dos que neste país vivem traz a possibilidade iminente de elegermos um presidente da República que exalta agentes de Estado que assassinaram e torturaram brasileiros em um dos períodos mais sombrios da nossa história recente. O eleitorado jovem deste candidato sequer conhece o que foram os mais de 20 anos de cerceamento da liberdade e as formas antidemocráticas e cruéis de gestão instaladas neste país durante a ditadura civil/militar. Como nunca tivemos um museu para "chamar de nosso" que pudesse escancarar a barbárie que foram estes anos, muitos estão nas ruas clamando por uma suposta intervenção militar, onde ordem e progresso ressurgiriam como solução para as mazelas do país e a corrupção deixaria de existir como num passe de mágica. A indiferença em relação ao passado de uma nação é algo tão grotesco que faz emergir chamas dentro dos que entendem que é condição fundamental para a evolução, os rastros da nossa trajetória. Os recursos não investidos em nossa história tem transformado este país em um país doente, carente de uma democracia verdadeira e alheio às suas agruras. Não há justificativa que explique as cinzas que restam de um acervo tão espetacular e identitário quanto o do Museu Nacional. Não se pode tolerar que o Ministro da Cultura do Brasil se "explique" dizendo que a culpa da tragédia anunciada se deu pela falta de gestão de governos anteriores. É preciso dizer ao ministro que responsabilidade é uma condição intrínseca ao cargo que ele ocupa. Pois em nenhum país do mundo se queima história como quem se livra de um chapéu velho. Sem memória, história e cultura o que sobra é a morte em vida de gerações inteiras. Deixa-se de ter passado, o presente se torna nebuloso e o futuro inexiste. É a condenação de todos os brasileiros ao esquecimento. Dentro de um museu, estão os mistérios mais insólitos, as narrativas mais perturbadoras, as descobertas mais fantásticas, a diversidade da nossa espécie como forma de concluir que somos diferentes e, por isso, devemos respeitar essas diferenças. Dentro de um museu, uma criança brinca e aprende ao mesmo tempo, um adolescente é apresentado a um mundo de exploração e possibilidades, um adulto nostalgicamente sente saudade do que já se foi e resgata sua esperança em tempos vindouros. Não há por agora quase nada que lembre o que era o Museu Nacional na Cidade Maravilhosa. Ele pode ser reconstruído? Sim! Pode e deve, até para que ainda nos reste memória para mudarmos a nossa história, para entendermos que não há avanço possível sem estudar o que aconteceu no passado. No caminho de retrocesso que estamos, onde recursos para educação e cultura podem esperar enquanto a rapinagem passeia faceira pelos gabinetes decisórios, ou resgatamos o pouco que nos sobra de história, ou a retomada de um passado do qual preferiríamos não lembrar pode se concretizar não apenas como lembrança, mas como um presente real, triste e paralisante que desejaremos, no futuro, esquecer. *Ana Paula Barreto é jornalista formada pela Universidade Federal de Santa Catarina e pós-graduada em Comunicação Legislativa pela Universidade Federal de Mato Grosso. Foi chefe da Assessoria de Comunicação do Ministério da Cultura e da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. **Cezar Britto é advogado e escritor, autor de livros jurídicos, romances e crônicas. Foi presidente da Ordem dos Advogados do Brasil e da União dos Advogados da Língua Portuguesa. É membro vitalício do Conselho Federal da OAB e da Academia Sergipana de Letras Jurídicas.
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