Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Notícias >
  3. Debate energético enviesado - Mitos e conceitos deturpados sobre ...

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

Debate energético enviesado - Mitos e conceitos deturpados sobre "energia limpa"

Congresso em Foco

12/8/2016 7:50

A-A+
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA
Heitor Scalambrini Costa * A matéria publicada na revista Caros Amigos (no 232/2016) intitulada "Sob o mito da energia limpa", da jornalista Lillian Primi, foi a motivação dos comentários que faço a seguir. Falar em energia nos aproxima de temas correlatos como economia, meio ambiente, tecnologia, modelo de sociedade. Logo, difícil, ou quase impossível encontrar consensos nessa discussão. Todavia alguns pontos são inquestionáveis, e mesmo assim conceitos são deturpados junto à população. É o caso do uso frequente do termo "energia limpa". Toda fonte energética ao ser convertida em outra forma produz algum tipo de resíduo, emissão, contaminação, poluição, que afeta o meio ambiente e as pessoas. Além de que obras e instalações realizadas para o processo de geração, dentro do modelo de expansão vigente, e mesmo a transmissão da energia, provocam danos, expulsões, privações, prejuízos, destruições de vidas e de bens muitas vezes permanentes e irreversíveis. Portanto, é falso e desaconselhável o uso desse termo. Meros interesses econômicos da mídia corporativa, aliada das empresas, tentam confundir quando antepõem energia limpa versus energia suja. Fato é que as chamadas fontes não renováveis - petróleo, gás natural, carvão e minérios radioativos são as principais responsáveis pelo aquecimento global, pelas emissões que provocam, e consequentemente, com as mudanças climáticas que ocorrem no planeta. Evidentemente, esse efeito é agravado de maneira substancial pelo modo de produção e consumo da atual civilização. E aqui é ressaltado o papel nefasto do petróleo e seus derivados como o inimigo número um do aquecimento global. Por outro lado, as fontes renováveis de energia - sol, vento, água, biomassa - são as que menos contribuem para as emissões de gases de efeito estufa e, consequentemente, para as mudanças climáticas. Mas aí tem um porém, e que foi muito bem registrado na referida matéria sobre os problemas socioambientais causados pela geração centralizada da energia eólica - e, ao que tudo indica, também da energia solar fotovoltaica. O atual modelo de implantação e expansão dessas tecnologias é tão catastrófico, do ponto de vista socioambiental, como o do uso das fontes não renováveis. Nesse caso a vantagem comparativa inexiste. É o que ocorre, atualmente, no Nordeste brasileiro, com a devastação do bioma Caatinga, e com as mudanças dos modos de vida infligidas às populações que se dedicavam a pesca, coleta de mariscos e agricultura familiar. Há uma discussão sobre a questão das mega-hidroelétricas com a construção das barragens. Alguns gestores públicos, membros da academia, técnicos e grupos empresariais, ainda insistem na defesa de grandes e destruidores empreendimentos, em que as desvantagens superam em muito as vantagens. Os deslocamentos de milhares de pessoas acarretam danos irreversíveis a essas populações, conforme constatações históricas. Por outro lado, é consenso que as hidroelétricas também emitem uma considerável quantidade de gases de efeito estufa - principalmente o metano resultante da degradação microbiológica da matéria orgânica existente nos reservatórios. Todavia, os defensores dessa tecnologia, após terem que aceitar essa constatação científica, ainda tentam desqualificar aqueles que são contrários a construção de mega-hidroelétricas na Região Amazônica, insistindo erroneamente em afirmar que são imprescindíveis. Nesse contexto não se pode esquecer que vivemos em um sistema capitalista, em que o lucro é o objetivo principal. E aí o vale tudo tem imperado. Desde o afrouxamento da legislação ambiental para atender aos interesses econômicos imediatos, à falta de fiscalização sobre tais empreendimentos e os contratos draconiamos de arrendamento da terra. Em nome da maximização do lucro, o meio ambiente e as pessoas acabam sendo prejudicadas, com o Estado se omitindo e, muitas vezes, incentivando práticas não condizentes com os discursos de proteção ambiental e de sustentabilidade. Logo, os investimentos em fontes renováveis estão orientados pela lógica capitalista, e são tratados como um negócio como outro qualquer - e muito rentável - em que o lucro e a justiça são incompatíveis. É o que tem atraído fundos de pensão de outros países, empresas multinacionais e nacionais, grandes investidores particulares que encontraram no Brasil um filão para os "negócios do vento e do sol", aliados a uma legislação que muda conforme seus interesses. Como bem constatamos na história recente do país, o "capitalismo brasileiro" não convive com a democracia, com a justiça ambiental, com os direitos sociais. E é nessa lógica, em um país onde a informação é controlada e manipulada, que prosperam os interesses dos grupos empresariais, que se dedicam aos negócios da energia - e com altas taxas de exploração. Com a inexistência plena da liberdade de imprensa, discussão junto à sociedade sobre energia para quê? Energia para quem? E como produzi-la? Acabam restritas a setores acadêmicos e a poucos grupos sociais. Verifica-se que, na questão energética, em particular, na expansão das fontes renováveis de energia solar-eólica, o Estado é o maior gerador de conflitos socioambientais. Contraditoriamente, diante da função que seria de mediar os conflitos de classe, o Estado brasileiro tem lado, e favorece os grupos empresariais. Nessa discussão, a segurança energética de um pais é assegurada pela diversidade e complementariedade. Ambas não repousam somente no duo eólico-solar, e sim em um mix de tecnologias disponíveis localmente e escolhidas dentro de critérios técnicos e socioambientais para satisfazer as necessidades dos diferentes setores da sociedade. Parabenizo a jornalista Lillian Primi pela provocação. Lamento que, na sua matéria, somente alguns interesses foram representados e tiveram voz - em particular, técnicos cujas posições são bem conhecidas em prol das mega-hidroelétricas. *  Professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (http://heitorscalambrini.blogspot.com.br/). Outros textos de Heitor Scalambrini Costa   Mais sobre setor energético Mais sobre meio ambiente
Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Tags

Meio Ambiente setor elétrico Heitor Scalambrini Costa energia limpa efeito estufa gestão pública UFPE Fórum clima fontes renováveis gás carbônico aquecimento global energia suja emissão de carbono Lillian Primi Universidade Federal de Pernambuco camada de ozônio Caros Amigos fontes não renováveis

Temas

Meio Ambiente Governo

LEIA MAIS

ECONOMIA

Frentes parlamentares pedem devolução da MP do IOF ao governo

PERFIL

Entenda quem é Gilson Machado, quarto ex-ministro preso de Bolsonaro

APROVAÇÃO DO GOVERNO

Pesquisas mostram imagem do governo Lula em seu pior momento até agora

NOTÍCIAS MAIS LIDAS
1

ECONOMIA

Governo troca alta do IOF por novas fontes de receita; entenda

2

POLÍCIA FEDERAL

Ex-ministro Gilson Machado é preso pela PF

3

ENTREVISTA EXCLUSIVA

MDB considera apoiar Tarcísio ao Planalto em 2026

4

TENTATIVA DE GOLPE

Mauro Cid é alvo de ação da PF

5

Prisão à vista

PF descobre localização de Carla Zambelli na Itália

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES