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A nova cara do PFL

Congresso em Foco

13/7/2005 23:45

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Sônia Mossri


Fazer uma política econômica de direita e uma política social de esquerda é o receituário ideal defendido pelo deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ) que, aos 34 anos, pode se tornar o futuro líder do partido na Câmara.

Rodrigo, assim como seu colega Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), faz parte da nova geração de pefelistas que está em ascensão no cenário nacional e tem na ponta da língua uma bandeira pronta para ser defendida: a da diminuição da carga tributária.

Para o deputado, filho do prefeito do Rio de Janeiro César Maia, pré-candidato à sucessão de Lula em 2006, o governo do PT é conservador demais na política econômica e falha na política social, classificada por ele como "liberal".

"Esse governo não peca pela área econômica. O maior erro desse governo são as políticas sociais. Não são políticas de inclusão. Não são políticas que possam ser universalizadas", explicou.

Rodrigo não descarta se lançar candidato ao governo do Rio em 2006. E o casal Garotinho que se prepare porque o PFL começou uma incursão na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro para engordar seus quadros. Mas o deputado ressalva que o partido não quer saber de parlamentares envolvidos em escândalos e CPIs.

Fã de Caetano Veloso e J.Quest, o jovem deputado admite que o pai é muito mais de esquerda do que ele. "Eu tinha uma visão à esquerda dentro de casa e uma visão liberal no trabalho. Tanto que eu sempre fui mais PFL do que o prefeito", disse Rodrigo.

Segundo ele, César Maia "é um político que vocaliza para a direita e governa para a esquerda".

Tímido, o que muitas vezes é confundido uma excessiva seriedade, Rodrigo chegou a fazer cursos de empostação de voz para obter mais desenvoltura na tribuna. Parece que as aulas deram certo porque o deputado se tornou um dos mais ativos da Câmara.

Congresso em Foco - Como você foi parar na política? Foi influência do pai?

Rodrigo Maia
- Eu sempre fiz política com ele desde garoto. Sempre acompanhei meu pai, mesmo muito novo. Eu ia para todo lugar com ele. Quanto mais velho, maiores as possibilidades. Quando mais novo, fui com ele no dia da apuração, em 1982. A partir dos meus 18 anos, quando ele já era deputado, comecei a dirigir para ele. Levava no aeroporto, buscava no aeroporto e levava nas reuniões. Eu sempre gostei e acompanhei.


Congresso em Foco - Como foi essa passagem de motorista de seu pai para deputado federal?

Eu fui trabalhar em banco. Trabalhei oito anos em banco.

Em que banco você trabalhou?

Trabalhei no BMG, que é um banco mineiro, e depois trabalhei no Banco Icatu, da família Almeida Braga, que é forte na área de investimentos. Nesse processo do banco, eu fiquei um ano fora do Brasil porque eu e meu pai tivemos uma ameaça de morte. Meu pai ficou preocupado e o banco me mandou para fora. Quando eu voltei, fiquei meio sem espaço no banco. Eles me colocaram na área internacional e eu não gostava muito. Aí, começou a campanha do Conde. Eu ficava no Conde. No final da campanha, eu fiz uma amizade com ele e ele me convidou para ser secretário de governo. Eu acabei aceitando. Isso foi nas eleições de 1996. Eu tinha 26 anos. Fui o secretário mais jovem da cidade do Rio de Janeiro. No final de 1997, nós sentimos que o Conde iria trair. Resolvi ser candidato. Fui eleito. Ninguém acreditava que eu teria uma boa votação. Tive uma boa votação, com 96 mil votos.


Na sua idade, seria de se esperar que você fosse mais rebelde e tendesse para a esquerda.

Eu acho que essa questão já não é dividida dessa forma. Primeiro, eu era de esquerda, claro. Meu pai também era. Ele era do PDT, mas eu acho que a minha passagem pelo sistema financeiro, por uma vida profissional numa empresa, me gerou uma visão mais liberal. No sistema financeiro, os economistas que operam no mercado são liberais. Então, a minha formação toda de aprendizado, de leitura, de participação em seminários dentro do sistema financeiro, foi toda uma visão muito liberal. Eu tinha uma visão à esquerda dentro de casa e uma visão liberal no trabalho. Tanto que eu sempre fui mais PFL do que o prefeito.

"Eu tinha uma visão à esquerda dentro de casa e
uma visão liberal no trabalho. Tanto que eu sempre
fui mais PFL do que o prefeito (César Maia)"

Você quer dizer que foi mais PFL do que o seu pai?

Muito mais. Meu pai é um político que vocaliza para a direita e governa para a esquerda.

Como assim? Você poderia dar um exemplo disso?

As políticas sociais da prefeitura do Rio são todas políticas sociais de esquerda. A não cobrança da taxação dos inativos é uma política de esquerda.

"As políticas sociais da prefeitura do Rio são todas
políticas sociais de esquerda. A não cobrança da
taxação dos inativos é uma política de esquerda"

Você acha que isso é uma estratégia política do seu pai?

O prefeito é um político de formação de esquerda. Ele vai governar sempre com essa política. Por exemplo, o governo Lula é um governo liberal na área social, o que é um erro. Nós consideramos um erro. Na realidade, as políticas sociais têm que ser políticas para universalizar os serviços. As políticas sociais do Lula são liberais. Elas são pontuais. Elas atendem o indivíduo. O prefeito sempre teve uma formação de esquerda e governa assim, valorizando o servidor, valorizando a área de educação. A educação foi a grande área motor da reeleição dele (César Maia).

"O prefeito sempre teve uma formação de esquerda
e governa assim, valorizando o servidor, valorizando
a área de educação. A educação foi a grande área
motor da reeleição dele (César Maia)"

Você fala de esquerda em casa e liberalismo no trabalho. Como se aplicaria isso em uma análise do governo Lula? Juros altos e superávit elevado são receituários liberais.

Bem conservador o dele. Acho que a política econômica do Lula é conservadora.

Não é a que você faria?

Não é a que o PFL certamente faria.

O que vocês fariam de diferente?

Nós sairíamos da base da estabilização, mas eles são muito conservadores. Eles são mais conservadores do que o governo anterior. Na política econômica, há um excesso de conservadorismo, mas as linhas são linhas que, boa parte, nós manteríamos. Agora, a área social é o problema deles. Esse governo não peca pela área econômica. O maior erro desse governo são as políticas sociais. Não são políticas de inclusão. Não são políticas que possam ser universalizadas. A diferença nossa para eles seria isso.

"Esse governo não peca pela área econômica. O maior erro desse governo são as políticas sociais. Não são políticas de inclusão. Não são políticas que possam ser universalizadas"

Mas o governo Lula não tem como objetivo atingir a população carente?

Os projetos sociais não têm foco, não têm objetivo de inclusão das pessoas na sociedade, não têm gerência. É dar dinheiro. Eles transformaram o Bolsa (programa Bolsa Família) em um grande bolsão de transferência de renda.

"Os projetos sociais não têm foco, não têm
objetivo de inclusão das pessoas na sociedade,
não têm gerência. É dar dinheiro"

O número grande de miseráveis no país não justificaria esse tipo de programa?

Você tinha que ter outros focos, como o investimento na educação infantil, na pré-escola, tentando universalizar isso. No México, por exemplo, no Bolsa Família, você tem várias formas de inclusão. A família da criança que chega ao segundo grau tem direito a um financiamento para a casa própria. Nós temos que adotar um sistema que, no médio e longo prazo, introduza essas famílias na sociedade e elas deixem de depender do governo. Esse projeto do governo Lula não tem foco. Claro que é melhor a transferência de renda do que nada. Essa é um bomba relógio que vai ter que ser desmontada em algum momento.

"Você tinha que ter outros focos, como
o investimento na educação infantil, na
pré-escola, tentando universalizar isso"

Você mantém a crítica à manutenção de um superávit fiscal elevado ao lado de uma taxa de juros alta pelo governo Lula?

Eu acho que é conservador. Tem um superávit exagerado. É conservador porque não propõe nenhum tipo de mudança em relação ao modelo anterior. Esse governo é a continuação de que tipo de política? Uma política que foi pensada pelo Collor e implementada pelo Itamar e pelo Fernando Henrique. Não há nenhuma mudança na política econômica. O que eu acho que tem que se pensar e se colocar como foco principal é que o país não resiste a essa carga tributária. Quem quiser assumir o país e traçar uma política econômica séria tem que ver que condições o país tem que criar para se reduzir, no próximo governo, a carga tributária. O Estado tem que cortar nos excessos. A carga tributária tem que cair. Para ela cair, é preciso fazer ajustes no tamanho do Estado.

"Quem quiser assumir o país e traçar uma política econômica séria tem que ver que condições o país
tem que criar para se reduzir, no próximo governo,
a carga tributária"

Isso é difícil. Vários governos tentaram fazer uma "operação desmonte" no Estado e fracassaram por dificuldades políticas.

Não é difícil. Quantos ministérios o Lula criou? É claro que é muito maior do que isso, mas há caminho para cortar. Tem caminho para você ir na linha dos avanços tecnológicos para aumentar a produtividade. O Brasil não está focado nisso. O Brasil está focado numa equação que, já se provou, não é a principal, que é se preocupar com a taxa de investimento porque ela vai gerar o crescimento e vai resolver os problemas da economia do Brasil. Está provado que não é assim. Não temos que trabalhar muito no incremento da produtividade. O Brasil não pode ter uma carga tributária de primeiro mundo e investir na sociedade como um país de quarto mundo.

Geralmente, o jovem de hoje não gosta de política. Isso o preocupa? Você pode ajudar a mudar isso?

Acho que sim. O jovem olha a política e vê a idade média (dos políticos)... Então, fica tudo muito distante. Eu acho que a possibilidade de renovação é grande. Tem que ter uma cara nova, mas com políticas de renovação. Tem muito jovem com métodos velhos. Qual a idade média dos parlamentares no Congresso? 55 anos. Eu tenho 34. É claro que, quando um parlamentar de 34 anos tem algum tipo de destaque, e eu acho que eu tenho, começa a gerar interesse nas pessoas. Tem o Neto também, que é mais jovem ainda e é um grande deputado (referência a deputado Antônio Carlos Magalhães Neto, do PFL baiano). A gente tenta agregar novos quadros. Nós temos um trabalho forte de renovação de quadros na prefeitura do Rio de Janeiro. Estamos tendo uma renovação grande dos quadros de comando dos diretórios do PFL.

'Quando um parlamentar de 34 anos tem algum
tipo de destaque, e eu acho que eu tenho, começa
a gerar interesse nas pessoas"

Você vai ser candidato ao governo do Rio de Janeiro?

Acho que com a pré-candidatura do prefeito (César Maia à Presidência da República), isso fica muito difícil. Como você monta duas campanhas majoritárias? É difícil porque gera uma necessidade da parte dele de ter uma preocupação muito grande comigo. Isso é impossível não ter. Até para não atrapalhar o projeto dele, eu nesse momento acho difícil. Não descarto não. Nesse momento, eu estou trabalhando o interior, a nossa base parlamentar na Assembléia Legislativa. Acho que vamos conseguir trazer bons deputados para o partido.

Você vai tirar deputados de outros partidos para engordar o PFL no Rio?

Sim. Políticos da Assembléia que não representam essa maioria que está aí representada por esses escândalos.

Seria uma espécie de "frente antigarotinho"?

Não. O PFL tem uma marca boa no Rio de Janeiro. A gente vai conseguir trazer os políticos sérios. Políticos que não estão envolvidos nessas CPIs e nesses escândalos. Vamos conseguir montar um base de sustentação.

Como você vê a polêmica gerada pela pré-candidatura do seu pai a presidente?

Ele é prefeito desde 1992. Não vejo nenhum tipo de problema. A população do Rio não está preocupada se ele vai deixar a prefeitura em 2006. A população tinha uma expectativa, num primeiro momento, de que ele fosse candidato a governador. A gente fez pesquisa. Deu 70% favorável para que ele saísse ( para disputar o governo do Rio de Janeiro). O problema não é a questão dele sair. Ele tem que conseguir vocalizar para o eleitor dele que, na verdade, a Presidência da República pode ser um passo que atenda aos interesses do Estado do Rio de Janeiro.

"A gente fez pesquisa. Deu 70% favorável para que ele (César Maia) saísse ( para disputar o governo do Rio de Janeiro em 2006)"

Você acha que o lançamento da sua candidatura ao governo do estado atrapalharia o seu pai?

Eu acho que a candidatura presidencial precisa ser antecipada porque o partido precisa construí-la. Há um candidato à reeleição ( presidente Lula). No estado do Rio, não há candidato à reeleição ao governo. Nesse momento, o PFL tem que construir o partido fora da capital. Mais importante do que uma candidatura a governador é eu conseguir trazer os deputados de outras regiões do estado, montar chapas de candidatos e discutir com outros partidos os caminhos do estado. Não há pressa para ter um candidato a governador hoje. Você pode perfeitamente começar no segundo semestre de 2005 a candidatura a governador. A de presidente, ou se começa agora ou o presidente Lula vai ocupar todos os espaços.

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