Renata Camargo
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, disse nesta segunda-feira (12) que as obras de instalação de "barreiras acústicas" entre favelas e as duas principais vias expressas da cidade (linhas Vermelha e Amarela) serão iniciadas ainda este ano. Polêmica, a proposta tem sido vista como uma forma de segregação social. O prefeito, no entanto, nega que o intenção seja isolar as favelas.
"É uma polêmica boba. Quem quiser ficar com essa besteira, basta ir lá na Linha Amarela, onde tem proteção de barreira acústica nas áreas ricas. Exclusão é quando você deixa uma criança de comunidade pobre, que mora no entorno de uma via expressa, pular para pegar uma bola de futebol e morrer atropelada", disse Paes, durante o lançamento do projeto Rio em Forma Olímpica, que visa incentivar a prática esportiva nas comunidades pobres.
Em 2004, uma proposta semelhante vinda da Assembleia Legislativa do Rio foi batizada de "muro de Berlim", como analogia à segregação imposta à cidade de Berlim, na Alemanha, separada por um muro após 2ª Guerra Mundial. Por causa da polêmica e da falta de apoio da população, a proposta da Assembleia não pode ser executada.
"Não são muros altos, de um metro de espessura. Você tem as pessoas com uma autoestrada passando em frente, com um barulho infernal. E a Linha Amarela é o auge do elitismo. Só tem barreiras nas áreas ricas. Quer dizer que pobre pode ouvir barulho e rico não? Vamos fazer isso para todos", disse Paes, justificando que o objetivo da proposta é proteger as comunidades do barulho, e não aumentar a segurança de motoristas.
O projeto não tem apoio de líderes comunitários. Segundo o coordenador da ONG Instituto Vida Real, Sebastião Antônio de Araújo, a intenção do governo local é "esconder as comunidades carentes". "O que eles têm de fazer, não é pavimentação, creches, escolas e áreas de lazer. (...) Se nos chamarem, certamente estaremos dispostos a ouvir", disse Sebastião, sugerindo que a prefeitura faça audiências com representantes das comunidades para tratar sobre o projeto.
Com informações da Agência Brasil