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Vou de táxi?

Congresso em Foco

24/7/2007 0:00

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Lucas Ferraz *


O comerciante Cleomar Barcelos Pinto, 46 anos, desistiu do avião. Já ficou com a família preso em aeroporto, por causa da crise aérea. Vai viajar com a mulher e os dois filhos, no próximo domingo, mas pela estrada. Vai encarar 1.250 km de Luziânia, no interior de Goiás, até Canavieiras, cidade próxima de Ilhéus, na Bahia.

“É um passeio diferente”, diz Cleomar, estimando o tempo de viagem em mais ou menos 18 horas. Melhor, pensa ele, do que perder um ou dois dias preso em aeroporto, o que seria muito para um passeio programado para durar sete dias.

A exemplo de Cleomar, muitos também optaram por viajar em carro próprio ou de ônibus. Assim como aconteceu no ano passado, quando um avião da Gol caiu ao se chocar com um jato, matando 154 pessoas, a previsão é que o movimento nas estradas aumente agora, depois do acidente com o Airbus da TAM, em São Paulo – tragédia que vitimou aproximadamente 200 pessoas.

Além do temor de um acidente aéreo, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) lembra quatro fatores que contribuem para o maior movimento nas estradas: o fato de julho ser mês de férias; as vendas recordes da indústria automobilística; a realização dos Jogos Pan-Americanos; e a recuperação de parte da malha rodoviária.

Mas, afinal, é mais seguro optar pela rodovia? Alguns números sugerem que não. Segundo o último levantamento divulgado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT), ainda em 2006, 75% das rodovias brasileiras têm algum tipo de deficiência. Pistas melhores, porém, não são garantia de maior segurança. Conforme a PRF, com freqüência, elas levam alguns motoristas a abusarem da velocidade e das ultrapassagens indevidas.

E, o pior: desde o início da crise aérea, os acidentes rodoviários só fazem aumentar. De 1º de janeiro a 25 de junho deste ano, de acordo com a PRF, houve 56.671 acidentes nos 61 mil km de rodovias federais. O número é 10,56% maior que o de igual período de 2006. O impressionante total de mortes, 3.111, também supera o de 2006 (em 8,17%).

O que fazer?

Para o professor da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Marques, especialista em engenharia de tráfego, não há nada que as pessoas possam fazer para evitar a crise, seja na terra ou seja no ar: “É um acúmulo de problemas. É a chamada falta de infra-estrutura crítica; sem ela, o país não anda”.

O que fazer? Um bom começo talvez seja entender o que se passa com a infra-estrutura de transportes brasileira. Paulo César diz que a atual crise tem várias faces. E a origem, há mais de 15 anos. “Desde o governo Collor há um desmantelamento deliberado do Estado, que não tem capacidade de planejamento. As forças de mercado é que são os agentes essenciais”, analisa.

Ele destaca a entrega da gestão da coisa pública ao mercado como um das causas do colapso atual. “Essa crise na malha aérea já ocorreu em anos anteriores na rodoviária. O governo realizou recentemente operações tapa-buracos nas estradas federais, obras de emergência, mas que deram um retorno muito pequeno”, afirma.

Para o professor, só o reaparelhamento do Estado e a profissionalização da gestão podem mudar a atual situação. Nem o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), acrescenta, será capaz de suprimir os gargalos na área de transportes. “O PAC é insuficiente, pois não tem dinheiro novo. Os recursos já existiam. Falta ao Brasil um plano estratégico viário”, completa.

“Infelizmente, não é uma solução de curto de prazo que vai acabar com um prejuízo de mais de 15 anos. É uma crise profunda que não se resolve da noite para o dia”, lamenta ele.

O temor está no ar

Piloto por 24 anos, o comandante aposentado Paulo Jorge Pinto Ribeiro, 61 anos, diz que voar ainda é seguro. “Vai de avião. Tenho muita confiança na aviação”, sentencia. Mas admite que o atraso sistemático nos aeroportos e a insegurança de certos aeroportos pode mesmo justificar, em alguns casos, a troca do transporte aéreo pelo rodoviário.

Ele vê problemas de segurança especialmente em cinco aeroportos: Congonhas (SP), Vitória (ES), Santos Dumont (RJ), Campina Grande (PB) e Ilhéus (BA). “Em 1977, eu derrapei em Congonhas. Já naquela época tinha uma garoa fina da manhã que atrapalhava”, recorda.

Receosa, a jornalista gaúcha Gisele Barbieri decidiu viajar de Brasília a Porto Alegre de ônibus. O temor dos pais dela com o acidente com o avião da TAM – que partiu de Porto Alegre –, na semana passada, também reforçou a decisão de enfrentar 2.027 km de estrada.

“Nesse momento, todo mundo fica um pouco assustado, com aquele clima de terror”, conta José Ernesto Barbieri, 59 anos, pai de Gisele. Ele, contudo, acha que “se tiver que acontecer, vai acontecer”. Gisele embarcou em Brasília domingo (22) à noite. A previsão é que ela chegue na capital gaúcha hoje pela manhã.    

O assessor parlamentar Vinícius Tavares, 30, pensou em cancelar a viagem para Porto Alegre, no último sábado, quando viu, na terça-feira (17), as imagens do avião da TAM atropelando o prédio da mesma empresa, em São Paulo. Ficou ainda mais assustado quando soube que a aeronave vinha de sua cidade natal.

“É claro que dois aviões não vão cair assim tão fácil, mas mesmo assim fica o temor”, disse. Para embarcar no aeroporto de Brasília, com a mulher e o filho pequeno, que ainda não completou um ano de vida, Vinícius enfrentou intermináveis filas e muito atraso – mais de 18 horas. Seu vôo estava previsto para as 19h50. Eles só conseguiram embarcar na tarde do dia seguinte, depois de ter o vôo remarcado, que mesmo assim saiu após mais três horas e meia de atraso.

Em meios aos transtornos e temores atuais, é provável, por fim, que os brasileiros simplesmente passem a viajar menos (leia mais).

* Colaborou Eduardo Militão

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