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O preconceito com o próprio sustento

Congresso em Foco

11/3/2007 0:00

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Inez Murad *

Algumas pessoas costumam dizer que todo artista é um exibicionista por opção. Afinal de contas, que outro sentimento explicaria essa necessidade constante de colocar pra fora suas angústias, crises e opiniões?

Diante dessa constatação, surge um outro questionamento importante: para quem queremos nos exibir? Como uma criança manhosa, fazemos graça para tudo e todos. Se colar, colou!  Apesar disso, se pudéssemos escolher o perfil dos nossos fãs, confesso que seria bem mais interessante!  Afinal, vários artistas já se sentiram profundamente irritados e até mesmo injustiçados quando, após enorme esforço para fazer o papel de galã, descobrem que seu fã-clube é formado de donas-de-casa tradicionais, sem grandes ambições na vida e que, invariavelmente, estão bastante acima do peso e em guerra com o espelho. Até mesmo aquele ídolo pop que faz com que enorme contingente de adolescentes faça plantão dia e noite na porta do hotel toma um susto quando descobre que não sairia nem para tomar um sorvete com nenhuma delas.

Será que isso afeta a obra? Será que depois de olharmos frente a frente às pessoas que compram seus discos, lêem seus livros e assistem aos seus filmes, o artista continua tendo inspiração para criar? Não sei não... Acho que tamanha decepção pode influenciar definitivamente no conteúdo futuro da obra de um artista.

Afinal, precisa ser muito mercenário para continuar produzindo, mesmo sabendo que estamos falando com quem não nos interessa, com quem não nos identificamos nem um pouquinho e com quem muitas vezes não entende exatamente o que estamos querendo dizer.

Parece maluquice ou preconceito, mas a necessidade de diálogo é uma via de mão dupla.  Será que a idolatria e a admiração cega são suficientes para alimentar o ego do artista a ponto dele continuar produzindo, não importando para quem?

É engraçado pensarmos que as imagens do videoclipe não refletem nem de longe a imagem da realidade nem da vida do artista nem da vida das suas fãs. E o que é pior: dificilmente, um artista teria orgulho do perfil das pessoas com as quais ele se comunica. Assim como na propaganda de cigarro as pessoas são jovens e saudáveis, nas de cerveja ninguém é barrigudo e nas de sabão em pó nenhuma mulher aparece descabelada, o mundo do espetáculo também costuma idealizar os grupos de fãs.

Alguns exemplos são fáceis de visualizar. Veja só: o cantor que faz o gênero surfista é ouvido por pré-adolescentes do interior, onde em geral a vida de sol e mar não está presente. Já o cantor sertanejo é bastante admirado por moradores de cidades congestionadas, em que o cheiro do campo está a quilômetros de distância. A novela sobre o Marrocos fez parte do ideal de pessoas que não têm coragem de visitar a tia, a duas horas de casa, e o cinema sobre a favela só interessa a classe média alta para reforçar o seu caráter de intelectual e o seu distanciamento de uma realidade tão sofrida.

Essa parte já é conhecida. O que me interessa saber é como se sentem os protagonistas desses mundos fantasiosos e distantes quando conhecem a fisionomia desses espectadores e consumidores tão diferentes deles mesmos e daqueles que o cercam. Será que existe uma vontade de ensinar o novo, o diferente, o imaginário a essas pessoas? Ou a sensação que permanece é que um dia, quem sabe, eles vão entender o que estou querendo dizer...
 
* Inez Murad é jornalista, bailarina e publicitária. Filha caçula, curiosa e teimosa, é carioca de coração e paulista por intenção. Trabalhou em marketing com os mais variados produtos: desde sabão em pó e papel higïênico até refrigerante e absorvente. Hoje, trabalha na produção de conteúdo para celulares e, entre uma ponte aérea e outra, escreve crônicas sobre os mais variados assuntos.

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