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Congresso em Foco
23/9/2009 19:06
Fábio Góis
Um dos principais personagens dos escândalos que abalaram o Senado no primeiro semestre, o ex-diretor geral da Casa Agaciel Maia voltou nesta quarta-feira (23) ao trabalho, depois de pedir licença-prêmio (remunerada) de três meses. Em entrevista há pouco, afirmou que vai se dedicar a pesquisas no Instituto do Legislativo Brasileiro (ILB), órgão do Senado que ministra cursos para capacitar funcionários públicos e parlamentares de instituições legislativas de todo o país.
"Vou fazer um trabalho de pesquisa. Vou atuar na atividade acadêmica", disse Agaciel, no início da noite de hoje. Analista legislativo lotado no gabinete da diretoria executiva do ILB, ele diz que será remanejado para outro setor do instituto - mas não precisa cumprir horário ou comparecer ao local de trabalho. "Tenho 33 anos de Senado e nunca peguei atestado médico."
Agaciel responde a processo administrativo no Senado em que é acusado de ser um dos mentores dos mais de 500 atos secretos baixados pela Casa. Na Justiça, o Ministério Público tentou, sem sucesso, bloquear uma mansão do ex-diretor localizada em bairro nobre de Brasília e avaliada em R$ 5 milhões.
Diretor geral do Senado oculta imóvel de R$ 5 milhões
"A cada denúncia que sai, cabe a mim ir explicando uma por uma, por mais que seja dolorido", resignou-se, dizendo ter se sentido "indignado" uma vez que as denúncias teriam ignorado que "13 anos de Imposto de Renda" e a venda de propriedades poderiam custear a mansão. "Aliás, foi por causa daquela casa que eu caí."
Segundo Agaciel, que coordenou a publicação da biografia de todos os senadores da atual legislatura, seu novo projeto "acadêmico" será o "Dicionário Biográfico do Senado". Nos moldes do primeiro trabalho, o livro reunirá biografias de todos os senadores da Casa desde 1826. Uma repórter quis saber o que ele escreveria na biografia do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), ex-presidente da instituição que renunciou ao posto para não ser cassado, no final de 2007.
"É um grande articulador", abreviou Agaciel, calando-se em seguida.
Durante a entrevista, Agaciel se defendeu de acusações como ter sido o principal responsável pela emissão de atos administrativos secretos; de que estaria preparando dossiês para chantagear senadores; de aparelhar a estrutura do Senado em favor de aliados; e de uma sala especial em que teria reuniões pessoais e veria filmes pornô, segundo reportagem da revista IstoÉ intituada "As tardes molhadas de Agaciel".
"Tem tanto lugar para ver isso...", disse, referindo-se aos supostos filmes. "Aquilo [a reportagem] foi tão nojento, desproposital. Pra sacanear vale qualquer coisa, inclusive uma estória fantasiosa."
Agaciel negou também a denúncia de que teria participado da nomeação do ex-namorado da filha de Sarney no serviço médico do Senado, como teria demonstrado transcrição de ligação telefônica registrada em reportagem do jornal O Estado de S.Paulo (ouça os audios aqui). Segundo Agaciel, não houve interferência de Sarney na contratação. "Ele nunca pediu isso. Não lembro de ele ter falado comigo."
Boas vindas
Ao final da entrevista coletiva, Agaciel foi recebido com entusiasmo por um servidor do ILB. "Doutor Agaciel, seja bem-vindo", disse o analista legislativo Raimundo Rogério de Souza Duarte, para quem Agaciel é um "excelente funcionário e [ex] diretor-geral". "Uma maravilha!", disse Raimundo à reportagem.
As declarações do analista demonstram como o ex-diretor continua admirado na instituição. No dia 3 de março, quando foi afastado da Diretoria Geral pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), Agaciel chegou ao fim daquele dia de trabalho aclamado por servidores da Casa. Com palavras de apoio e até faixas com inscrições de agradecimento a Agaciel, cerca de 20 subordinados o "escoltaram" até seu carrro, em um gesto que encerraria 14 anos à frente da Diretoria e de uma estrutura de cerca de 10 mil servidores.
Depois da entrevista, o Congresso em Foco quis saber se o apoio de servidores e parlamentares o deixaria à vontade em seu retorno. Agaciel disse que o passado tem de ser "deixado para trás". Perguntado se teria "clima" para trabalhar, depois de ter sido considerado um dos principais responsáveis pela crise de meses no Senado, Agaciel foi enfático.
"Tenho certeza de que minha atividade no Senado foi de um bom servidor. Sempre fui assíduo, dedicado, profissional. Não tenho como pensar diferente", destacou o ex-diretor, dizendo estranhar o interesse da imprensa por um "servidor comum", em uma coletiva que reuniu todos os setoristas do Senado. "Qual a importância que Agaciel tem?"
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