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Congresso em Foco
4/3/2008 | Atualizado às 22:17
O reitor da Universidade de Brasília (UnB), Timothy Mulholland, foi sabatinado por senadores na última parte da audiência de hoje (4) da CPI das ONGs, encerrada agora há pouco. Com uma leitura técnica sobre a função e a “relevância” das fundações de apoio universitário, o reitor defendeu a atuação da Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), que é ligada à UnB. “As fundações criam um espaço de eficiência dentro da universidade”, defendeu Timothy. Hoje, a Finatec é epicentro da crise na Universidade.
Timothy Mulholland ganhou espaço no noticiário depois que o Ministério Público descobriu que a Finatec, que deveria investir em projetos de pesquisa, gastou R$ 470 mil na reforma de seu apartamento, localizado em área nobre de Brasília. Além disso, a fundação bancou a compra do carro oficial da reitoria no valor de R$ 75 mil. “Pessoalmente, lamento profundamente o abalo à imagem da UnB”, concluiu o reitor, dizendo acreditar porém que “esse incidente em nada diminui a importância da nossa universidade.”
Depois da apresentação, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) foi o primeiro a fazer perguntas. Acuando claramente o reitor, que respondia de forma sucinta e sem muitos detalhes, Alvaro quis saber o porquê de tantos contratos e atividades mantidas pela Finatec com empresas, órgãos, autarquias e até embaixadas do Brasil e do exterior – o que movimentaria grandes quantias em dinheiro.
“A UnB tem um papel extremamente amplo na sociedade, com desenvolvimento de pesquisa em ciência e tecnologia. O Brasil hoje é um país pesquisador, é o 10º produtor mundial de conhecimento”, explicou o reitor, sem elucidar por que a Finatec teria contratos com instituições (ONGs) sem ligação com a área de pesquisa. “As relações com terceiros eu não saberia informar à comissão.”
Alvaro Dias apresentou uma relação de ONGs que teriam recebido dinheiro da Finatec, entre elas a Cidadão do Futuro, a Cataventos e a Cidade Viva, que receberam os maiores valores. O senador quis saber por que a secretaria encarregada de fazer os pagamentos às organizações foi extinta. "Na minha avaliação, ela não estava prestando o serviço adequado à universidade", respondeu Mulholland. Alvaro informou então que dois professores da UnB seriam os responsáveis por duas das ONGs listadas. "Então quer dizer que a secretaria fazia pagamentos a professores da UnB?", perguntou. "Aparentemente", abreviou o reitor. Diante da concisa explicação, Alvaro solicitou a Mulholland um relatório especificando a razão dos pagamentos.
Livros de R$ 1 milhão
Alvaro questionou também o papel do diretor-executivo da Editora UnB, Alexandre Lima, no convênio de projeto social com a Fundação Nacional da Saúde (Funasa), órgão ligado ao Ministério da Saúde. De acordo com o senador, o projeto, destinado a atender à "saúde dos povos indígenas do Mato Grosso", consumiu, em 2007, R$ 50 milhões na produção de 50 livros. "Foi um milhão de reais por livro. O senhor autorizou esse desvio de função?", indagou o tucano. O reitor limitou-se a informar que a editora funcionou como "estrutura administrativa para projetos de cunho social" na região supracitada. "A malária explodiu entre os índios depois de estabelecidos esse convênio", fustigou o senador, que foi contestado pelo reitor. "Recebi relatórios alvissareiros."
Alexandre Lima será convocado para prestar depimento na comissão. Informações repassadas à CPI revelaram que ele teve, em 2007, um aumento patrimonial de sete vezes, sem explicação consistente.
O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), interrogou Mulholland em seguida. Quis saber se o reitor é amigo de Alexandre Lima. "Ele ocupa um cargo de minha confiança, e é meu colega de trabalho desde os anos 80", respondeu o reitor. Diante dos fatos, Agripino perguntou se a comissão não pediria a quebra de sigilo de Alexandre Lima, sob o risco de pesar sobre os membros do colegiado a responsabilidade pela não elucidação das denúncias.
O presidente da CPI, Raimundo Colombo (DEM-SC), disse quais serão as primeiras providências práticas do colegiado daqui em diante. "Vamos pedir a quebra de sigilo da Finatec, e de toda a sua diretoria, porque há fortes evidências de irregularidade", adiantou, mostrando-se insatisfeito com o depoimento do reitor. "Ele foi muito evasivo, superficial, e pouca contribuição deixou, apenas mostrando o medo que eles têm da investigação." (Fábio Góis)
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