O senador Aloízio Mercadante (PT-SP) disse, nesta sexta-feira (12), que o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não tem mais condições de voltar ao cargo que deixou ontem. Em viagem, o paulista disse não ter participado das negociações para a saída de Renan.
De acordo com Mercadante, o futuro do colega vai depender do desenrolar dos processos a que responde no Conselho de Ética. “Seu mandato depende da consistência das acusações e da capacidade de defesa que ele venha a apresentar até o julgamento das representações”, afirmou o senador, em nota. O texto ainda diz: “O senador Renan Calheiros perdeu as condições de voltar a presidir o Senado”.
Para Mercadante, a saída do presidente não resolve a crise ética na Casa. Entretanto, evita a continuidade da interferência de Renan sobre o andamento dos quatro processos a que responde.
Incômoda
Desde o desfecho da primeira denúncia contra Renan, Mercadante vem lutando para descolar sua imagem de uma postura incômoda. É que, após a absolvição do alagoano em plenário, numa sessão secreta, o senador do PT admitiu que não votou nem pela cassação nem pela salvação do presidente da Casa. Mercadante apenas se absteve, o que lhe não soou bem aos ouvidos da opinião pública.
Preocupado, o petista passou a atacar fortemente Renan, para virar o jogo perante os eleitores e parlamentares. Engrossou as fileiras dos que já pediam a saída do presidente do Senado do cargo máximo da Casa. Mercadante chegou a falar em nome do PT, mesmo não sendo líder. “Ele adorar liderar”, ironizou um petista esta semana, sobre a linha adotada pelo correligionário.
Renan percebeu essa atitude de Mercadante. Na sessão de terça-feira passada, por exemplo, o petista dizia diretamente para o alagoano que ele deveria sair do cargo. Irritado, Renan, que estava na tribuna, virou as costas para Mercadante e voltou à cadeira de presidente. Antes, ironizou o petista e o seu voto na sessão secreta: “Eu vou me abster de ouvir isso”.
A nota de Mercadante
"Estou em viagem e não participei da negociação que levou ao afastamento do senador Renan Calheiros da presidência do Senado.
Este afastamento não resolve a grave crise do Senado e não altera o processo de julgamento das quatro denúncias referentes à quebra de decoro parlamentar que estão no Conselho de Ética, ainda que evite a interferência direta de senador Renan Calheiros, na condição de presidente da Casa, como vinha ocorrendo até então.
O senador Renan Calheiros perdeu as condições de voltar a presidir o Senado e o futuro de seu mandato depende da consistência das acusações e da capacidade de defesa que ele venha a apresentar até o julgamento das representações, o que deverá ocorrer até 2 de novembro."