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Congresso em Foco
10/9/2006 | Atualizado às 6:50
Reportagem publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que a proximidade do poder, o partido e o sobrenome ajudam um grupo de parlamentares a obter a liberação de recursos para suas emendas ao Orçamento da União. De acordo com levantamento feito pelo Estado com base nos relatórios da Comissão Mista de Orçamento do Congresso, a família Sarney e os irmãos Calheiros estão no topo da lista dos mais beneficiados durante todo o governo Lula. Eles aparecem à frente até de importantes lideranças petistas.
Entre 2003 e 2006 cada parlamentar apresentou R$ 13 milhões em emendas individuais ao orçamento, mas poucos conseguiram que o gasto fosse efetivamente autorizado pelos ministérios. Segundo a reportagem de Sérgio Gobetti, entre os privilegiados, o campeão é o senador José Sarney (PMDB-AP), um dos principais aliados do presidente Lula. Nos últimos três anos e meio, ele apresentou 43 emendas e conseguiu liberar R$ 10,49 milhões para cidades e projetos de sua escolha, como a instalação de bibliotecas públicas em municípios do Amapá.
O sexto na lista também é do clã. O deputado Sarney Filho (PV), apesar de ser da oposição, se beneficiou do sobrenome para obter R$ 9,39 milhões para propostas de sua preferência. A terceira integrante da família no Congresso é a senadora Roseana Sarney (PFL-MA), aliada do Planalto mesmo filiada a uma das principais siglas da oposição. Ela está em 71ª lugar na lista, com R$ 5,69 milhões.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e os seus irmãos Olavo (PMDB-AL) e Renildo (PCdoB-PE), ambos deputados, estão entre os 14 mais beneficiados. Cabeça do clã, Renan já amealhou R$ 9,14 milhões dos R$ 13 milhões que pediu entre 2003 e 2006. Os deputados Olavo e Renildo obtiveram, respectivamente, R$ 8,75 milhões e R$ 7,51 milhões.
Um dos principais destinos das emendas de Renan e Olavo é sua cidade natal, Murici (AL). O prefeito é José Renan Vasconcelos Calheiros Filho, herdeiro do presidente do Senado. Com seus 22.132 habitantes, Murici foi beneficiada com a liberação de pelo menos R$ 2 milhões de emendas.
Aliado dos Calheiros e parte de uma das famílias mais tradicionais de Alagoas, o senador Teotônio Vilela Filho, é um dos poucos tucanos que se destacam na lista dos beneficiados. Em média, parlamentares tucanos liberaram R$ 2,83 milhões por cabeça entre 2003 e 2006, mas Teotônio obteve três vezes mais: R$ 7,89 milhões.
As verbas destinadas pelo governo a pedido de Teotônio levaram Barra de Santo Antônio, um paraíso no litoral norte de Alagoas, famoso por seus coqueiros (um dos negócios da família do senador), para o primeiro lugar no ranking das prefeituras beneficiadas por emendas. Em três anos e meio, Barra recebeu o equivalente a R$ 506,81 por habitante, enquanto a capital paulista obteve R$ 4,03, diz o Estadão.
Outro tucano de sobrenome importante na lista é o deputado mineiro Bonifácio de Andrada, descendente do Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrada e Silva. O governo empenhou R$ 10,3 milhões para emendas do deputado, mas apenas R$ 645 mil foram pagos. "O governo não paga porque sou de oposição. Isso está me prejudicando eleitoralmente, porque meus prefeitos dizem que consegui pouco dinheiro para eles", diz Bonifácio.
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