Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Notícias >
  3. Leia mais

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

Leia mais

Congresso em Foco

28/7/2006 | Atualizado às 8:40

A-A+
COMPARTILHE ESTA NOTÍCIA

Sylvio Costa e Renaro Cardozo

Candidata ao governo do Maranhão, a senadora Roseana Sarney (PFL), 53 anos, apresentou à Justiça eleitoral uma declaração de bens com 15 itens. A 14, atribuiu valor zero. Entre eles, participação societária no maior grupo de comunicação maranhense, dois automóveis e oito imóveis residenciais, comerciais e rurais localizados no Maranhão, no Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Somente um dos imóveis, a residência de Brasília, fica em um endereço (a Quadra Interna 11 do Lago Sul) no qual as casas costumam ser negociadas por preços entre R$ 800 mil e R$ 2 milhões. O patrimônio total declarado por Roseana é de R$ 143,2 mil, integralmente derivado do prêmio acumulado em um plano de previdência privada do Bradesco.

Outro senador, José Maranhão (PMDB), 72, que concorre ao governo da Paraíba, fez o contrário de Roseana. Dos 41 itens que listou na declaração, só deixou de informar o valor de um bem: 28.890 cabeças de gado. Numa estimativa conservadora, considerando as atuais cotações do animal vivo, essa boiada vale pelo menos R$ 14 milhões. Somada aos itens cujos preços foram declarados pelo candidato, seu patrimônio subiria para R$ 21,6 milhões - dez vezes mais que o valor total dos seus bens em 1998 e três vezes acima do valor que o senador declarou em 2002.

Em comum entre os dois políticos, a coincidência de tentarem voltar pela terceira vez ao governo de seus estados, serem apontados pelas pesquisas como favoritos na sucessão estadual e, no que mais interessa aqui, o fato de o registro de suas candidaturas ter sido questionado na Justiça por outros concorrentes em razão de falhas na declaração de bens. Os autores das ações judiciais contra Roseana e José Maranhão pediram a cassação do registro dos dois candidatos.

É pouco provável que isso aconteça. Se prevalecer o entendimento predominante até aqui, a Justiça determinará, no máximo, que as eventuais falhas sejam sanadas. Afinal, a legislação em vigor sobre o assunto, a Lei 9.504, de 1997, apenas exige "declaração de bens, assinada pelo candidato". Mas, como o assunto já gera polêmica em no mínimo dois estados, há boas chances de o assunto vir a ser examinado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Questões jurídicas à parte, as listas de bens dos 139 candidatos nordestinos a governador e senador fornecem um material tão revelador quanto as declarações entregues pelos aspirantes a cargos majoritários nas outras quatro regiões do país que já foram tratadas nesta série de matérias.

Todos os levantamentos foram feitos pelo Congresso em Foco a partir do agrupamento das declarações de bens publicadas pelo TSE em seu portal, trabalho que foi complementado com consultas aos tribunais regionais eleitorais e aos próprios candidatos. No Nordeste, as declarações de quatro concorrentes - todos do Piauí - não constavam da base de dados do TSE porque eles não entregaram o documento em meio digital, como deveriam. Nos quatro casos, obtivemos as informações diretamente do TRE.

Clique aqui para acessar a lista completa dos 139 candidatos, com os bens declarados e os limites máximos de gastos que eles fixaram para sua campanha eleitoral.

E, a seguir, veja algumas das constatações que fizemos ao analisar esse riquíssimo material.

Região das usinas e da agroindústria

Dos candidatos a governador e senador na região Nordeste, o dono do maior patrimônio declarado é o deputado federal João Lyra (PTB), indicado pelas pesquisas de intenção de votos como favorito ao governo de Alagoas. Seus bens somam R$ 235,6 milhões. Reconhecido como um dos homens mais ricos do seu estado, Lyra, 75 anos, tem negócios espalhados por áreas que incluem revenda de veículos, comunicação e até táxi aéreo. Mas a maior parte do seu patrimônio está associado à agroindústria, sobretudo à produção de açúcar e álcool.

Mais de 80% da sua fortuna vem da participação societária em uma só empresa, a Laginha Agroindustrial, que opera uma grande usina no município de União Palmares (AL). Lyra também é sócio das usinas Uruba e Guaxuma (também em Alagoas) e da Triálcool, em Minas Gerais. O seu grupo empresarial inclui ainda a JL Comercial Agroquímica, que atua no setor de fertilizantes.

Sua declaração de bens descreve a participação em nove empresas, dez contas bancárias, seis imóveis rurais e nove urbanos (incluindo um prédio residencial), além de ações, aplicações financeiras e R$ 2,15 milhões de "dinheiro em cofre". 

O segundo maior patrimônio confirma a associação maiores fortunas/agroindústria. O tucano Geraldo José da Câmara Ferreira de Melo, candidato ao Senado pelo Rio Grande do Norte, declarou posses superiores a R$ 33 milhões. Mais de R$ 28 milhões são referentes ao valor nominal de 28.046.138 ações ordinárias nominativas da Cia. Açucareira Vale do Ceará Mirim, outra empresa do setor sucroalcooleiro. Também integram a fortuna do ex-senador uma casa em Natal (RN) no valor de R$ 4,1 milhões, US$ 94,5 mil depositados no Bank of América na Flórida (EUA) e US$ 85 mil relativos à parte de um apartamento na mesma cidade norte-americana.

De acordo com os valores informados pelos candidatos, o terceiro mais rico é o senador Ney Suassuna (PMDB-PB), candidato à reeleição. Mais de R$ 8,4 milhões, dos R$ 15,7 milhões que sua declaração totaliza, se referem à sua participação no grupo empresarial de ensino que o senador controla e que tem como carro-chefe a empresa Anglo-Americano Escolas Integradas Ltda. Suassuna declarou ainda R$ 88,9 mil em ações da firma Seebreaze, sediada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas; negócios nas áreas de factoring e construção; e, certamente, não tem na agroindústria a principal fonte dos seus recursos.

É, porém, exceção à regra. O quarto maior patrimônio, do senador Teotônio Vilela Filho (PSDB), que disputa com Lyra o governo de Alagoas, também vem da área agroindustrial. O item mais valioso de sua declaração de bens é a participação na Usina Serestas (de álcool), que responde por R$ 10,9 milhões do total informado de R$ 14,4 milhões.

Outros segmentos representativos

Como já mostrou o caso de José Maranhão, o quinto patrimônio mais elevado se considerados apenas os valores que ele próprio lançou na declaração de bens entregue à Justiça eleitoral, as atividades agropecuárias também têm peso entre as principais fortunas.

Outro segmento que se destaca é o da construção civil, principal fonte do patrimônio declarado de R$ 7,1 milhões do sexto candidato mais rico, o senador Fernando Bezerra (PTB-RN), candidato à reeleição. Passa de R$ 5 milhões o valor de sua participação em uma grande empresa do setor, a Ecocil.  

O sétimo da lista, o deputado João Castelo (PSDB), candidato ao Senado no Maranhão, é outro que tem na agroindústria a origem da maior parte do seu patrimônio. O capital acionário em indústrias de adubos e fertilizantes forma a parcela mais expressiva dos R$ 5,1 milhões que declarou.

A oitava fortuna, de R$ 4,5 milhões, é do candidato do Prona ao governo de Pernambuco, Clóvis de Andrade Filho. Ela provém, sobretudo, de imóveis rurais e atividades agropecuárias. O mesmo ocorre com o nono mais rico, José Arimatéa (PMDB-PI), candidato a senador cujo patrimônio total é de R$ 3,6 milhões. O décimo, Epitácio Cafeteira (PTB-MA), também concorrente ao Senado, tem a maior parte do seu patrimônio de R$ 2,8 milhões associada ao setor de aviação (mais de R$ 1 milhão em aviões e cotas de uma empresa de táxi aéreo) e a imóveis urbanos.

A presença da comunicação

Embora seja conhecido o fato de os políticos tenderem a preferir controlar indiretamente empresas de comunicação, por meio de parentes ou testas-de-ferro (tema já tratado em reportagens anteriores deste site), vários candidatos ao governo e ao Senado no Nordeste reconhecem em suas declarações os vínculos com empresas da área.

Nesse caso, sempre considerando os valores lançados nas declarações de bens, o fato tem menos importância por seu aspecto econômico que por sua dimensão estratégica. Ou seja: de acordo com o que os concorrentes declaram, tais empresas representam uma parcela relativamente pequena do seu patrimônio. Por outro lado, como se sabe, a comunicação de massa é uma poderosa arma no estabelecimento da agenda de assuntos debatidos publicamente e na formação de opiniões.

O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), ao qual as pesquisas conferem favoritismo na disputa do governo do seu estado, participa do capital da empresa jornalística Tribunal do Norte (participação avaliada em R$ 165 mil) e da Rádio Cabugi do Seridó (com um valor atribuído de apenas R$ 0,01).

João Lyra declarou que possui R$ 1.019.800,00 no capital da Editora O Jornal Ltda., uma impressora off-set de R$ 100 mil e R$ 1,11 (isto mesmo: um real e onze centavos) na Rádio Clube de Rio Largo.

José Maranhão, R$ 114.801,14 na Rádio Serra de Araruna. O senador Mão Santa (PMDB-PI), candidato ao governo piauiense, R$ 45,00 em cotas da Rádio Igaraçu Ltda. João Castelo, R$ 21.543,72 no Sistema Panaquatira de Radiodifusão Ltda. O ex-senador Hugo Napoleão (PFL-PI), que tenta voltar ao Senado, R$ 244,96 na Rádio Poty AM e FM.

E Roseana Sarney, como vimos, disse possuir uma participação correspondente a zero real no grupo de comunicação da sua família, que controla a principal televisão (TV Mirante, afiliada da Globo no Maranhão), o jornal mais lido e várias rádios no estado. 

Outros dados reveladores

Também merecem registro:

- 30 candidatos a governador e senador no Nordeste declararam não possuir nenhum bem.

- O candidato do PSB ao governo do Maranhão, o ex-ministro Edson Vidigal (ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça), declarou ter uma casa na quadra 21 do Lago Sul, em Brasília, que valeria R$ 197 mil. Quem acompanha minimamente o mercado imobiliário da capital federal sabe que é muito difícil comprar uma residência naquele valorizado endereço por menos de R$ 600 mil (cifra que, em certos casos, vai muito acima de R$ 1 milhão).

- O ex-presidente da Petrobras e ex-senador José Eduardo Dutra, que disputa o Senado em Sergipe, é o mais rico candidato petista na região Nordeste. Seu patrimônio, que talvez simbolize a ascensão de certa elite petista para o patamar de classe média alta, soma pouco mais de R$ 1 milhão. Perto de 80% desse montante (R$ 810 milhões) vem de uma aplicação financeira no Banco do Brasil.

- O candidato baiano do Psol ao Senado, André Fonseca, declarou a posse de um Pálio e uma casa, mas o valor apresentado por ambos foi R$ 0,00. Quer dizer: embora numa outra escala de valores, utilizou procedimento semelhante ao utilizado por Roseana Sarney e José Maranhão.

- Os bens declarados pelo senador Mão Santa, que tenta voltar ao governo do Piauí, totalizam a modesta quantia de R$ 95,9 mil. Esse valor, segundo ele, incluiria duas casas e um apartamento no município de Parnaíba (PI). Mão Santa anexou ao pedido de registro da candidatura a última declaração de bens que prestou à Receita Federal. Ela aponta um redução patrimonial (de 2004 para 2005) próxima de R$ 50 mil, em razão da diminuição dos saldos em aplicações financeiras e depósitos bancários.

- O deputado federal José Thomaz Nonô (PFL-AL), candidato ao Senado, declarou possuir um patrimônio total de R$ 2,4 milhões (é o 11º maior do Nordeste), formado principalmente por imóveis rurais. Ele tem seis fazendas, com área total de 7.519,08 hectares e valor global de R$ 1,4 milhões.

- Como ocorreu em outras regiões, vários candidatos nordestinos subestimaram o valor de seus bens. O governador da Bahia, Paulo Souto (PFL), candidato à reeleição e dono de R$ 875 mil em patrimônio, declarou possuir duas fazendas em Canavieiras (BA), com 732 hectares, que valeriam R$ 85 mil. Na mesma área, encontra-se à venda uma propriedade rural com quase metade do tamanho (354 hectares) e preço de R$ 525 mil.

- Um dos mais ricos candidatos majoritários do Nordeste, o senador peemedebista Ney Suassuna possui dois automóveis Mercedes Benz e um Nissan que valem no total R$ 577 mil. Também tem uma lancha Intermarine avaliada em R$ 203.196,72.  

As informações aqui destacadas, no entanto, são apenas uma amostra do que as declarações de bens revelam. A listagem - seja do Nordeste ou das demais regiões - merece ser consultada por quem deseja conhecer melhor aqueles que disputam a preferência dos brasileiros na disputa pelo Senado e pelos governos estaduais.

Clique aqui para acessar a lista completa dos 139 candidatos, com os bens declarados e os limites máximos de gastos que eles fixaram para sua campanha eleitoral.

Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Temas

Reportagem

LEIA MAIS

Justiça

Damares é condenada a indenizar professora por vídeo postado em redes sociais

Senado

Governo deve perder controle de quatro comissões no Senado

LEI DA FICHA LIMPA

Bolsonaristas articulam mudança na Ficha Limpa para tornar Bolsonaro elegível

NOTÍCIAS MAIS LIDAS
1

DIA DE MANIFESTAÇÕES

Veja quais cidades terão atos pró e contra a anistia neste domingo

2

LUTO

Morre Mariangeles Maia, esposa de Cesar e mãe de Rodrigo Maia

3

Incentivos Fiscais

Projeto propõe incentivos fiscais para reconstrução de áreas afetadas

4

DIREITO DOS ANIMAIS

Projeto propõe maior reclusão em crimes de maus-tratos aos animais

5

CÂMARA

Veja a íntegra da proposta de anistia do PL

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES