Em palestra nesta quinta-feira em Nova York, na Câmara de Comércio Brasil-EUA, o diretor de assuntos internacionais do Banco Central, Paulo Vieira da Cunha, previu que o Congresso brasileiro aprovará no início de 2007 uma nova reforma da previdência e uma reforma tributária. "Teremos algumas reformas estruturais no começo do próximo governo", afirmou ele, segundo matéria de Angela Pimenta, da BBC Brasil.
Conforme o relato da repórter, o diretor do BC não mencionou "se as reformas seriam aprovadas independentemente de quem seja eleito para a Presidência da República". Ele, porém, declarou: "Hoje o Brasil já tem um amplo consenso a respeito. Não acredito que esta seja uma questão ideológica."
Para Paulo Vieira da Cunha, a reformulação dos sistemas tributário e previdenciário permitiria melhorar a qualidade do chamado ajuste fiscal, que é o esforço feito pelo governo para adequar suas despesas às receitas. Na opinião dele, "a principal tarefa à frente do próximo governo será consolidar os ganhos macroeconômicos obtidos nos últimos anos".
Uma das maneiras de fazer isso, de acordo com o diretor, é manter o equilíbrio das contas públicas. Ele também defendeu a decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de manter em 4,5% a meta de inflação para 2007 e 2008: "Em longo termo, esse é um nível alto de inflação, mas neste momento faz sentido não buscar uma meta tão ambiciosa quanto a de 3%".
Exportações
Vieira da Cunha manifestou confiança na aprovação pelo Congresso de uma legislação que altere as regras para os exportadores repatriarem as divisas internacionais obtidas com suas vendas no exterior. Atualmente, os exportadores são obrigados a manter no país um valor correspondente à soma das dívidas que eles fazem para exportar (financiamentos destinados a arcar com despesas de transporte, seguro, marketing etc.).
"Agora o que está em discussão é a possibilidade de eliminar a necessidade da cobertura cambial. O exportador vai poder manter o dinheiro fora pelo período que ele quiser", explicou o diretor do BC. O assunto está em discussão na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados.