A pouca flexibilidade da equipe econômica do governo, que manteve a ascensão dos juros entre setembro de 2004 e agosto de 2005, foi uma das responsáveis pelo baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano. A avaliação é do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Apesar disso, ele defendeu a política econômica adotada nos últimos anos e afirmou que, sem ela, o controle da inflação estaria ameaçado. "O Banco Central fez a política certa no esforço para debelar a inflação. A inflação está convergindo para a meta", argumentou.
O ministro afirmou que, para este ano, a expectativa é de crescimento de cerca de 5%. Ele sustentou que fatores que impediram o aumento do PIB, como metas de inflação, ajuste de contas externas e, principalmente, crise política, já foram controlados. "Se olharmos esses fatores todos, são muito melhores", enfatizou.
Porém, Bernardo admite que não é positivo para a economia crescer 2,3% num ano e 5% no outro. "Nós precisamos ter condições de crescer 4,5% durante 10 anos. É preciso ter um crescimento sustentável e previsível. Esse é o aspecto fundamental da nossa política", afirmou.
Para 2006, o único fator que preocupa a equipe econômica, segundo Bernardo, é o risco de quebra da safra agrícola por conta da estiagem. "Temos de fato um temor do que vai acontecer na área agrícola. Ainda há sinais de que podemos ter uma quebra da safra, de seca", alertou.
Os resultados do PIB em 2005 por setor mostram, segundo o ministro, que a retração não foi uniforme. Alguns segmentos da economia ganharam menos do que outros. Ele citou como exemplo o crescimento de 16% no setor de bens duráveis e de 13% na exportação de manufaturados. "Tem gente que está amargando prejuízo e gente que pode comemorar", afirmou.