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Os atletas de Cuba e os direitos humanos

Congresso em Foco

9/8/2007 | Atualizado às 20:19

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Celso Lungaretti*

Dois dos princípios que, segundo a Constituição, regem as relações internacionais da República Federativa do Brasil podem ter sido violados quando se despacharam os boxeadores Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara de volta para Cuba: a prevalência dos direitos humanos e a concessão de asilo político.

Tratou-se de um episódio nebuloso. Eles desapareceram durante a disputa do Pan no Rio de Janeiro. O açodamento com que os cubanos providenciaram o retorno de outros atletas evidencia que chegaram a temer uma debandada mais ampla. A hipótese de deserção foi, ainda, reforçada pela versão desabonadora para os pugilistas que logo estava em circulação: teriam sido aliciados para exercer seu ofício na Alemanha, ganhando muito mais.

Ambos reapareceram nas mãos de policiais, e a notícia inicial foi de que teriam sido detidos por falta de documentos. No dia seguinte já seguiam para Cuba. E, respondendo às críticas surgidas, a Polícia Federal divulgou um depoimento em que os boxeadores disseram ter sido abordados por dois estranhos, convencidos a acompanhá-los a um bar (?) para deles adquirirem um videogame (?), dopados, levados a um apartamento em Copacabana, depois a uma pousada em Araruama e, finalmente, abandonados, quando, por iniciativa própria, teriam contatado as autoridades.

Sintomaticamente, a PF não fez nenhuma menção a diligências para identificar e prender esses indivíduos que teriam drogado e seqüestrado os boxeadores, dois delitos gravíssimos. Não foram feitos retratos falados dos criminosos, nem as vítimas permaneceram por algum tempo no Brasil, para tentar identificá-los quando fossem efetuadas prisões.

Para quem não é ingênuo, fica claro que os pugilistas quiseram mesmo desertar e arrependeram-se ou foram coagidos a desistir desse intento, tendo em seguida sido armada uma farsa para preservar a imagem de Cuba e do governo brasileiro.

A atitude correta, obviamente, teria sido a de colocá-los em contato com entidades como a Anistia Internacional e a OAB, que lhes prestassem todos os esclarecimentos necessários para tomarem a decisão mais adequada e se dispusessem a defender seus direitos humanos, no caso de terem sido ou poderem ser atingidos. O isolamento em que foram mantidos e a pressa com que foram embarcados são altamente recrimináveis.

O comportamento do nosso governo deve, obviamente, ser repudiado por todos os democratas, já que, explícita ou implicitamente, desrespeitou a Constituição, cuja vigência plena foi restabelecida ao preço da vida e de sofrimentos inenarráveis de alguns dos melhores seres humanos que nosso país já produziu.

E, mais ainda, pelos revolucionários, pois constituiu uma lamentável reincidência em práticas características da guerra fria, quando o direito de asilo era espezinhado ao sabor de conveniências políticas e o acobertamento oficial campeava impune.

Se até hoje choramos os mortos pela Operação Condor, quando a cooperação dos serviços de inteligência das ditaduras sul-americanas permitia que militantes da resistência fossem caçados e abatidos fora de seus países, não podemos transigir com a abertura de precedentes como esse, que, como um bumerangue, acabará se voltando contra nós e vitimando seres humanos muito melhores do que esses pugilistas cubanos.


* Celso Lungaretti, 56 anos, é jornalista, escritor e ex-preso político. Para ler outros artigos dele, acesse 
http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/.

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