O Ministério Público de São Paulo enviou à CPI do Tráfico de Armas relatórios que mapeiam as principais áreas de atuação de cada um dos advogados suspeitos de colaborar com o PCC. Com base nas planilhas de visitas aos detentos entre 2005 e junho de 2006, os promotores apontam os presídios mais freqüentados e identificam os criminosos defendidos por eles.
Para a CPI, não há como saber ainda se existe uma rígida divisão por áreas, mas os parlamentares já concluíram que certos advogados contam com uma facilidade de acesso no mínimo suspeita em alguns presídios. Eles acreditam que os advogados, contando com a conivência de agentes penitenciários corruptos, são os responsáveis pela entrada de telefones celulares nas unidades prisionais.
Segundo o relator da CPI, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), "não há dúvidas no caso de alguns advogados". Ele acrescentou: "A análise dos sigilos bancário, fiscal e telefônico deve nos ajudar agora a reunir mais provas".
No mapa da movimentação de advogados, a campeã de visitas a integrantes do PCC foi Maria Odette Haddad, que circulou por mais de 10 penitenciárias. A advogada Jacqueline Terêncio também tem uma relação bastante extensa. As duas negam que prestem serviço ao crime organizado e insistem que as visitas são para tratar dos processos dos clientes.
Três advogadas - Adriana Tellini Pedro, Libânia Catarina Fernandes Costa e Valéria Dammous - chegaram a confessar que já colaboraram com o PCC. No entanto, as planilhas de visitas da Secretaria de Administração Penitenciária em poder da CPI não citam nenhuma das três advogadas.
Outra afirmação de Pimenta diz respeito à necessidade de rediscutir o "amplo direito de defesa" dos presos. "Na primeira vez que falamos disso, as entidades profissionais reagiram, havia um tabu. Agora, estão todos vendo que é preciso estabelecer novas regras para o acesso dos advogados aos detentos", comentou.