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Congresso em Foco
8/12/2005 | Atualizado às 17:28
Adriana Vandoni*
A ministra Marina Silva se encheu de orgulho para anunciar que o desmatamento na Amazônia diminuiu em cerca de 30% entre agosto 2004 e julho 2005. Até aí eu acredito, claro. O desmatamento diminuiu. Mas daí a dizer que foi graças ao Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia...narizinho cresceu.
Repare bem, esse Plano de Ação ao qual ela se refere, foi criado em 2003 e era para mobilizar 13 Ministérios sob comando do ex-Zé Dirceu. O Plano tinha disponível R$ 82 milhões só para a construção de 19 bases de fiscalização na Amazônia. Dessas, apenas três receberam alguns trocados a conta-gotas, mas nunca funcionaram. Não, eu não vou ser injusta de dizer que eles não fizeram nada. Fizeram sim. Em Vila Rica, norte de Mato Grosso, eles alugaram uma casa, pintaram o muro e fizeram um derrame de cheques sem fundos na cidade. Até hoje tem uma dívida de R$ 2,5 mil num posto de gasolina. Marina podia pagar, né?
Nesse Plano de Ação foram traçadas oito estratégias para o ordenamento fundiário a serem executadas até março deste ano, com aporte de cerca de R$ 240 milhões. Resultado? Nenhuma foi feita, algumas até foram iniciadas, mas acabada?, nenhuma. Os dados são de um relatório feito pela Greenpeace e divulgado em julho deste ano.
Essa turma acha que a gente é besta!
O Incra, com a estrutura que tem, não é capaz de fazer nem a regularização dos cargos que possui, imagine a fundiária. O Ibama até hoje não sabe quem é. Acho que precisa de seções de análise para entender por que veio ao mundo. O Ministério do Meio Ambiente, quando questionado sobre os resultados do Plano de Ação, manda dizer que o mais apropriado para responder é a coordenação da comissão executiva do Grupo Permanente de Trabalho Interministerial. De onde? Da Casa Civil. Aí danou-se!
É por essas e outras que costumo dizer que Marina, coitada, não é incompetente, é inoperante. Mas não é boba não!
É verdade, o desmatamento diminuiu, mas se essa diminuição foi ecologicamente correta, o efeito está sendo humanamente irresponsável. Causou um desemprego assustador no setor madeireiro de Mato Grosso. Só de empregos diretos e formais, foram 5.015 demissões, fora os indiretos e os informais que se fossem contabilizados, fariam esse índice subir para mais de 20 mil demissões. De uma hora pra outra. Mas isso não incomoda os grandes centros urbanos nem a imprensa nacional, afinal, estão escondidos no interior. Imagine se 20 mil pessoas fossem demitidas, de uma hora pra outra, no ABC paulista! Muitos dos daqui estão sobrevivendo do seguro-desemprego e do FGTS.
Agora eu pergunto: Ô, Marininha, quando fevereiro chegar e começar a acabar o seguro-desemprego e o dinheiro do FGTS, qual será sua estratégia para toda essa gente? Existe alguma?
Este fim de semana eu disse durante uma palestra em Sinop, que o mais prudente seria a população começar a imitar sagüi, ou ficar parada em pé, pra ver se cria raiz e recebe atenção do governo federal.
A irresponsabilidade não é a derrubada de árvores, mas a falta de um ordenamento que concilie preservação de árvores e de homens. Ninguém quer acabar com as florestas, mas também não quer morrer de fome.
Irresponsabilidade é faltar dinheiro para ações que produzam horizonte pra essa gente que, acreditando no governo, desbravou o Centro-Oeste. Engraçado, ao mesmo tempo em que faltam recursos e interesse para isso, o governo social do PT financia uma estrada que liga Assis Brasil, no Acre, até Porto de Illo, no Peru. A obra está sendo bancada pelo BNDES e realizando o sonho dos Vianas (Jorge - governador do Acre e do PT; Tião - senador pelo Acre e do PT, e outros Vianas que hão de existir por lá, do PT) e das Marinas Silvas. Daí me perguntaram: mas o que tanto o Acre produz para essa obra ser tão prioritária, enquanto gargalos na infra-estrutura de outras regiões, impedem o escoamento de seus produtos? O que justifica essa estrada tão cara?
Isso eu não sei, mas bem que a gente podia criar um selo Vermelho de qualidade e exportar "petista ecologeiro". Todos com selinho na testa, embarcados para atravancar o progresso noutra freguesia.
*Adriana Vandoni é economista, especialista em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ) e articulista do jornal A Gazeta de Cuiabá (MT).
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