O empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza entregou hoje às CPI dos Correios e do Mensalão documentos que contrariam a versão de que a DNA seria devedora de R$ 9 milhões ao Banco do Brasil. Os documentos foram entregues pelo advogado de Valério, Paulo Sérgio Abreu e Silva. Pela versão de Valério, a situação seria inversa: o Banco do Brasil é que seria devedor de R$ 12 milhões à DNA. Paulo Sérgio Silva afirmou que pretende pedir na Justiça os R$ 3 milhões que estariam sobrando.
O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse, na semana passada, que os repasses de recursos antecipados pelo BB para a DNA configuravam um esquema de desvio de recursos públicos para o valerioduto. O empresário receberia dinheiro do banco, investiria e faria a transferência para o BMG (Banco de Minas Gerais). De lá, Marcos Valério retiraria um empréstimo e repassaria o dinheiro para o PT.
O advogado de Marcos Valério encampou a tese apresentada na semana passada pelo deputado petista Carlos Abicalil (MT), de que havia recursos suficientes nas contas de Valério para que fosse feito o depósito no BMG sem a necessidade de receber dinheiro do BB.
Antes de receber os documentos, Serraglio já desqualificava os papéis. Para ele, o BB deveria apresentar as notas para mostrar se os serviços foram ou não prestados. Para refutar a credibilidade dos documentos, Serraglio baseia-se em laudo da Receita Federal, que constatou na contabilidade das empresas de Valério a existência de notas frias. Das 27 analisadas numa amostragem, 11 eram frias.
"Os documentos são inconsistentes", declarou o sub-relator da CPI Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), repetindo a afirmação de outro sub-relator, Gustavo Fruet (PSDB-PR). Contrapondo-se aos colegas da CPI dos Correios, o presidente da CPI do Mensalão, senador Amir Lando (PMDB-RO), disse "ser leviano" fazer prejulgamento de valor, sem olhar os documentos.