A começar pelo presidente nacional do partido, senador Jorge Bornhausen (SC), vários parlamentares do PFL são identificados como próximos ao Opportunity. Todos negam, no entanto, qualquer participação na defesa dos interesses de Daniel Dantas.
O deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA) é um dos pefelistas que não aceitam qualquer ilação entre a legenda e Dantas. "Isso é uma piada. O PFL quer que o governo provoque a convocação de Daniel Dantas, e não me furtarei de votar a favor dessa convocação", assegurou, um dia antes da convocação do banqueiro. "O que eu acho é que o PT e a base do governo têm um temor muito grande do que pode ser revelado por Daniel Dantas", disse, sugerindo que o empresário poderia fornecer detalhes sobre os financiamentos feitos a Marcos Valério.
Um dos mais aguerridos opositores do governo Lula, ACM Neto cobra esclarecimentos de Gushiken. "Como um secretário de Comunicação de Governo tem tamanha influência sobre os fundos de pensão como ele teve, indicando pessoas para compor os fundos? Ele advogou para empresas da iniciativa privada? Quais foram essas empresas? Houve favorecimento a instituições bancárias? Quais foram os bancos? Ela também precisa responder sobre a estranha evolução da Globalprev, empresa da qual Gushiken era sócio, na relação com fundos de pensão".
Em entrevista na última quarta-feira, os presidentes da Previ, Sérgio Rosa, e da Petros, Wagner Pinheiro, reconheceram que as duas fundações contrataram a Globalprev.
ACM Neto suspeita que dinheiro dos fundos de pensão possa ter, de alguma forma, abastecido o que tem sido batizado de "valerioduto". "Eles podem ter sido usados para maquiar algumas transações. A desconfiança é que os fundos tenham sido utilizados para esfriar o dinheiro esquentado nos bancos BMG e Rural", explica ele.
Para o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS), é um grave erro imputar à influência de Daniel Dantas a transformação dos fundos de pensão em um dos alvos preferenciais de investigação da CPI dos Correios. "Na verdade, há muitos anos ouvem-se histórias, aqui no Congresso, de que os fundos de pensão brasileiros têm problemas. Era chegada a hora de uma CPI com coragem e determinação enfrentar essa questão", afirmou.
A falta de transparência nas aplicações dos fundos de pensão é o que mais chama atenção dos parlamentares. Juntos, os 366 fundos de pensão em atividade no Brasil - incluindo instituições ligadas a empresas privadas ou estatais - respondem por um patrimônio próximo de R$ 300 bilhões.
Tanto dinheiro levou a deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP) a anunciar uma decisão. Apresentará projeto de lei para criar mecanismos que permitam ao Congresso fiscalizar os fundos de pensão.
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