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Congresso em Foco
20/7/2016 | Atualizado 25/7/2016 às 18:20
[fotografo]Reprodução/SindMédico[/fotografo][/caption]Doentes que têm de dormir abraçados para fugir do frio devido à falta de cobertor, retirada de marca-passo de um paciente em recuperação para salvar a vida de outro. Aparelhos desligados por falta de manutenção. Estes são apenas alguns dos exemplos citados pelo Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico) para ilustrar o caos na saúde pública na capital do país. A polêmica ganhou fôlego no último fim de semana com a divulgação de áudios em que o vice-governador, Renato Santana, e uma sindicalista falam sobre a existência de um esquema de corrupção na área da saúde no Distrito Federal.
Em nota, o sindicato aponta pelo menos seis fatos ocorridos nos últimos tempos nos hospitais do Distrito Federal. Segundo o sindicato, um cardiologista do Hospital de Base - referência em Brasília - teve de retirar o marca-passo de um doente em recuperação para colocar em outro e tentar impedir que ele morresse. Já no hospital psiquiátrico São Vicente de Paulo, em Taguatinga, cidade a 20 quilômetros de Brasília, os pacientes precisavam dormir abraçados para se esquentar com o calor humano, porque o hospital não tinha cobertor.
A entidade ainda destacou a falta de enzimas cardíacas, reagentes simples para hemogramas e medicamentos simples, como dipirona sódica. E lembrou dos aparelhos de tomógrafo do Hospital de Base, que estão parados desde 2015, sem manutenção, a exemplo das máquinas de hemodiálise que, sem funcionar, reduzem o tempo de sobrevida de centenas de pacientes.
O estado da saúde na cidade, que não difere das dificuldades em grande parte do país, ficou ainda mais evidente com as denúncias de corrupção em repasses de verbas para o sistema. Para o presidente do sindicato, Gutemberg Fialho, "não existe corrupção mais nefasta, mais hedionda, mais impiedosa do que a corrupção na Saúde". A entidade cobra explicações do governador Rodrigo Rollemberg. "O governador precisa vir a público para explicar à sociedade como permitiu uma rede de corrupção num setor tão sensível e já tão cheio de problemas e necessidades."
Em nota ao Congresso em Foco, a Secretaria da Saúde admite problemas, "alguns graves", mas contesta os exemplos citados pelo Sindmédico e acusa a entidade de tentar tirar "proveito da situação política" com "denúncias infundadas". "A Secretaria de Saúde não nega a existência de problemas. E reconhece que alguns são, de fato, graves. Fatos que decorrem de problemas históricos na administração da saúde", contesta o governo do Distrito Federal.
Para apurar as denúncias, a Câmara Legislativa cancelou o recesso e retomou a CPI da Saúde, que receberá amanhã (quinta, 21) o vice-governador Renato Santana e a sindicalista Marli Rodrigues para explicar o conteúdo dos áudios.
No áudio, conforme reportagem publicada pela revista IstoÉ, Renato Santana revela que sabe de um esquema de corrupção que desvia 10% de propina dos pagamentos à Secretaria de Saúde feitos pela Fazenda. Marli, no entanto, diz que ouviu falar que a propina chega a 30%. A conversa não revela, porém, quem está por trás do esquema fraudulento.
Leia a íntegra da nota do SindMédico:
"Há dois meses, uma cardiologista do hospital de Base teve que retirar o marca-passo de um doente em recuperação para colocar em outro e tentar impedir que ele morresse.
Há uma semana, com o frio que vinha fazendo, os doentes do hospital psiquiátrico do GDF, o São Vicente de Paulo, antigo HPAP, estavam tendo que dormir abraçados para se esquentar com o calor humano, porque o hospital não tinha cobertor.
Dezenas de pacientes, internados em hospitais, esperam meses por próteses de quadril que nunca chegam, com risco real de morte.
Some-se a isso a suspensão, por três vezes, do atendimento nas UTIs do Hospital de Santa Maria, por falta de pagamento ao fornecedor.
Acrescente a falta de enzimas cardíacas, de reagentes para simples hemogramas, de medicamentos comuns como dipirona sódica.
Lembre-se dos aparelhos de tomógrafo do Hospital de Base do Distrito Federal, que estão parados desde 2015, sem manutenção. A exemplo das máquinas de hemodiálise que, sem funcionar, reduzem o tempo de sobrevida de centenas de pacientes.
Esta é apenas uma amostra do estado de calamidade a que este governo do DF está deixando a Saúde. Os médicos sofrem por isso com os pacientes, todos os dias.
E agora, são surpreendidos pela afirmação do próprio vice-governador de que existe corrupção no governo Rollemberg. E que ela atinge a Saúde.
Em conversa gravada, o vice Renato Santana diz ter conhecimento de uma propina de 10% na Secretaria de Fazenda e o interlocutor fala em 30% na área da saúde.
Em outra conversa, também gravada, o ex-secretário de Saúde Fábio Gondin revela que documentos para compra de marcapassos foram rasgados e aponta nominalmente três funcionários graduados do setor de saúde do DF, como envolvidos.
A corrupção na Saúde é um acinte, quando confrontada com a alegação de falta de verbas, ladainha que o governo do DF vem repetindo.
E é revoltante, porque não existe corrupção mais nefasta, mais hedionda, mais impiedosa do que a corrupção na Saúde. Porque ela se traduz diretamente em sofrimento e morte.
Na gravação, datada de 25 de maio, o vice-governador diz ter levado as denúncias de corrupção a Rollemberg, que só agora - dois meses depois, quando a denúncia vem à tona - manda investigar e promete tomar providências.
O governador precisa vir a público para explicar à sociedade como permitiu uma rede de corrupção num setor tão sensível e já tão cheio de problemas e necessidades.
E dizer como pretenderia fiscalizar a corrupção nas Organizações Sociais (OS), que ele insiste em implantar, contrariando todas as entidades de saúde, o Tribunal de Contas do DF, o Ministério Público e as Procuradorias de Justiça do DF.
Se não consegue vigiar o próprio quintal, como acompanhar as contas e os procedimentos de uma organização empresarial que pode comprar o que quiser, contratar e demitir quem quiser, na hora que quiser?
A frágil e sofrida Saúde do Distrito Federal não precisava de mais esta.
Gutemberg Fialho
Presidente do SindMédico-DF"
Secretaria rebate sindicato sobre "caos" na saúde do Distrito Federal
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