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Educação

Reflexões para a Educação Infantil: o que eu vi e vivi em quase 50 anos de profissão

Entre gerações e mudanças, o olhar de quem viveu 47 anos na educação.

Maria de Fátima Gongora

Maria de Fátima Gongora

4/9/2025 13:00

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Recentemente, em 25 de agosto, foi comemorado o Dia Nacional da Educação Infantil, uma efeméride criada em 2012 para refletir sobre a primeira infância e o papel da educação no desenvolvimento cognitivo das crianças. Mas essa pauta, como tantas outras, extrapola o seu dia de comemoração. A data é uma homenagem a Zilda Arns. Médica pediatra e sanitarista, Zilda morreu em missão humanitária no Haiti em 2010 e dedicou sua vida ao tratamento de crianças sendo fundadora, inclusive, da Pastoral da Criança, organismo de ação social que busca contribuir para o pleno desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos com projetos diversos.

Eu me sinto como Zilda. Também dediquei minha vida às crianças e, em certa medida, sinto que posso estender essa afirmação à maioria das professoras e professores que atuam na educação infantil - se não a educadores em todos os níveis de formação. O ofício do professor é comumente associado a uma vocação; um chamado quase divino para uma atividade profissional de peso: receber e acolher, cinco dias por semana - às vezes em jornadas integrais - os filhos de milhares de famílias. Famílias estas que divergem em número, gênero e grau. Famílias com rotinas, personalidades e credos diferentes. Famílias com hábitos alimentares diversos. Famílias que receberam uma educação dos pais e que buscam ou perpetuar ou quebrar o ciclo; famílias que sabem ser essenciais para a criação desses indivíduos que, às vezes, eles ainda pouco conhecem também, assim como nós.

No colégio em que trabalho, recebemos crianças a partir de 1 ano e se você, adulto, acha que muda de personalidade a cada nova tendência que aparece nas redes sociais, espere até conhecer um pequeno cidadão nesta idade. Seu cérebro é altamente eficaz; absorvente, curioso e receptivo. São atentos e autênticos de um jeito que só a infância permite. E em outros momentos são desatentos e de uma astúcia que nos faz perceber que já entenderam como algumas coisas funcionam. São diversos, isso sim. E como podem as instituições de ensino formal, criar ambientes que atendam a essa variedade de filhos e pais sem abrir mão do que, para nós - e aqui também há uma diversidade de "nós" - é indispensável?

Estou há quarenta e sete anos na educação. Escrevi por extenso para dar a carga que o número merece. Sou coordenadora da educação infantil há 37. Dou aula para os filhos, dei aula para os pais e conheço os avós. Vi a criação do ECA, da LDB, do SAEB, do ENEM, do PNE, do ProUni, do FIES, da BNCC e de tantas outras siglas (algumas delas esquecidas na história). Esta última é uma grande contribuição para o endereçamento das demandas contemporâneas de compreensão do mundo e não só da técnica. E posso afirmar, com certeza: as bases da Educação Infantil estão se tornando mais inclusivas e diversas, com estratégias pedagógicas que respeitam as singularidades de cada criança e promovem a igualdade e o respeito.

Não é impressão. Há um discurso crescente que observo de que a escola e os pais, em muitos casos, são desafiados a impor limites às crianças; em corrigir e "educar". Isso me fez refletir sobre as gerações que acompanhei na minha trajetória profissional. Nos últimos 20 anos, a Educação Infantil passou por significativas transformações em relação à concepção de criança, educação e cultura. Nos últimos 10, começamos a enfatizar muito mais o desenvolvimento de competências gerais essenciais para o século XXI, como pensamento crítico, criatividade e colaboração. Nos últimos 5, mergulhamos na tecnologia e cultura digital. Ou seja, em duas décadas, nos reinventamos por inteiro.

Da alfabetização ao digital tem-se muito a aprender sobre o ensino infantil.

Da alfabetização ao digital tem-se muito a aprender sobre o ensino infantil.Freepik

Para dar conta de tudo isso, nos valemos das iniciativas que vão aparecendo primeiro em discussões acadêmicas, depois nas formações de professores e, por fim, são adotadas em sala de aula. Daí saem as tais metodologias ativas e interativas de aprendizagem que buscam estimular o interesse e a participação das crianças, por exemplo - em oposição às aulas expositivas das quais eu e provavelmente você, leitor, fomos reféns. Mas não se engane, o expositivo ainda existe e é necessário, ele só está sendo melhor aproveitado.

Em outros momentos, adotamos e "desadotamos" novos termos que buscam dar forma aos agentes e acontecimentos do ambiente escolar. O professor já foi detentor universal do conhecimento, passou por facilitador e hoje é o mediador, com a função de organizar um ambiente rico, seguro e estimulante, é responsável por definir, a partir da liderança que possui, uma miríade de conteúdos interessantes aos alunos do ciclo em que atua. Hoje, mais do que nunca, é preciso ser ágil e acompanhar a produção frenética de tecnologia e informação que se apresenta para nós todos os dias; é preciso olhar e cuidar do universo das redes em que transitam livremente algumas crianças.

A tecnologia está sendo cada vez mais incorporada ao currículo da educação infantil, com ferramentas digitais e metodologias inovadoras que tornam o ensino mais dinâmico e interativo. Educação tecnológica, programação, robótica, STEAM, laboratório Maker, impressora 3D, modelagem, entre outras. Todos são intermediários para o aprendizado. Fazem brilhar os nossos olhos e podem auxiliar em muitos aspectos, mas o que está por detrás das cortinas é, sempre, o desenvolvimento cognitivo, emocional e físico das crianças.

Na Educação Infantil, a brincadeira é reconhecida como meio pelo qual as crianças se expressam, aprendem, criam vínculos e constroem sentidos sobre o mundo, sendo que a infância é o tempo de brincar. Se, por um lado, as tecnologias estão sendo adotadas para acompanhar as tendências mundiais, também estão sendo adotadas as descobertas mais recentes sobre a infância. E uma coisa é certa: na educação, não há ação sem intenção.

Essas mudanças refletem o compromisso com uma educação infantil mais inclusiva, dinâmica e preparada para os desafios do século XXI. Mas também reflete o aumento da preocupação com a formação cidadã e com a convivência em sociedade.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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