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Eleições e território
11/11/2025 9:24
A megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha do último 15 de outubro gerou uma reação binária e polarizada na política: foi considerada um sucesso por grupos do campo da direita, e brutalidade, ou matança, pelos grupos da esquerda.
Já entre a população, a operação foi majoritariamente aprovada por brasileiros, fluminenses e cariocas, incluindo moradores de favelas, segundo pesquisas como Quaest, Atlas e Datafolha. Além disso, a aprovação do governador Cláudio Castro (PL-RJ) cresceu dez pontos percentuais, passando de 43% para 53%, segundo a Quaest.
Em relação ao governo federal, os números da Quaest mostram uma redução de 3 pontos na aprovação de Lula no estado do Rio, uma oscilação dentro da margem de erro. Essa diferença do efeito da operação na aprovação de Castro e Lula refletem o que falamos com frequência em nossas análises: o eleitor identifica o responsável pela segurança pública, que é constitucionalmente o governador.

Para entendermos o padrão de votação dos bairros atingidos pela operação, nós (os cientistas políticos Arthur Santos Lira, Bernardo Livramento e eu) coletamos e analisamos dados eleitorais do Rio de Janeiro. Como podemos ver abaixo, no mapa da capital fluminense, o governador Cláudio Castro foi mais bem votado em áreas de subúrbio, dominadas pelo tráfico ou pela milícia, do que na Zona Sul, área mais rica da cidade.
Além de ser mais bem votado na periferia como um todo, Castro também foi o mais votado nos bairros atingidos pela operação da semana passada, já que teve entre 56% e 60% no primeiro turno nos bairros que formam o Complexo da Penha. O Complexo do Alemão, por sua vez, não tem seções eleitorais, possivelmente um efeito do domínio territorial do tráfico. Por isso, coletamos também dados de bairros limítrofes, como Olaria, Engenho da Rainha e Inhaúma, onde também Castro foi o vencedor, com cerca de 60% dos votos.

Castro soube capitalizar o voto das classes C, D e E, em uma estratégia comum àqueles que estão no cargo, que podem imprimir realizações sociais. No geral, o perfil periférico do eleitor do governador Cláudio Castro denota a distância da esquerda fluminense das classes menos favorecidas. Essa distância tende a se manter já que partidos de esquerda adotam uma narrativa sobre a segurança pública que não coincide com o que pensa a maioria, incluindo aquelas mais atingidas pelo crime.
Desde a deflagração da operação, parte dos políticos, analistas e jornalistas passou a argumentar que a segurança pública teria um papel definidor na eleição presidencial do ano que vem. O ponto principal do argumento é de que a insegurança figura como o principal problema do Brasil em diferentes pesquisas. Apesar de acharmos que a segurança pública pode crescer em relevância na próxima eleição, discordamos da visão de que este será o principal tópico para a definição da eleição presidencial.
O motivo de não partilharmos desse argumento é o histórico na literatura sobre o voto econômico, ou seja, a definição do voto pelo eleitor baseado nos seus ganhos econômicos. Se a violência passou para a primeira colocação na lista de problemas, talvez seja exatamente pelo bom ambiente econômico do país, que é o que a Ciência Política diz que mais importa para a escolha do eleitor.
Além disso, como dissemos acima, as pessoas sabem de quem é a responsabilidade pela segurança. Ainda que o presidente Lula se distancie do eleitor quando se posiciona chamando a operação de matança, a tendência é que ele não seja responsabilizado pela violência nos estados.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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