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Lydia Medeiros
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Eleições 2026
22/12/2025 12:00
O economista Roberto Campos tornou-se célebre pela defesa do pensamento liberal no Brasil. Era também um grande frasista. Dizia, por exemplo, que o país não perde a oportunidade de perder uma oportunidade. Parlamentar nos últimos anos de vida pública, ironizava o regime democrático: "Democracia é algo ótimo, mas o que aborrece é esse negócio de precisar de votos." No ano que vem, os políticos terão de se submeter a esse "aborrecimento" mais uma vez.
Convencer alguém a depositar no voto esperanças e expectativas de uma vida melhor tornou-se tarefa mais complexa no Brasil, depois de tantas decepções com a política. Impeachments e prisões de presidentes não são raridade no país. Encontrar dinheiro em meias, cuecas ou em sacos de lixo escondidos em armários é quase rotina. E o ano que termina não deixa muita margem para o ânimo quando o assunto é corrupção. CPMI do INSS, Banco Master, manadas de jabutis à solta no Congresso.
Também não há alívio quando se analisa o que o Congresso decidiu fazer com o dinheiro público no ano que vem. Separou R$ 61 bilhões para as emendas orçamentárias. Dinheiro destinado àqueles projetos que podem até ser bons para muitos, mas que são melhores ainda para poucos. Outros R$ 5 bilhões vão para o Fundo Eleitoral, custear as eleições. O jornalista Fernando Gabeira definiu bem: "É muito dinheiro para pouca esperança."
Ainda assim, uma eleição é feita de esperança. Ninguém sabe melhor disso no Brasil do que Lula. Enfrentará a sétima presidencial, com placar de três vitórias e três derrotas. Se todas as suas promessas fossem cumpridas, não estaria no palanque em 2026 — em 2022, disse que era contra a reeleição e que, aos 80, planejava descansar. A política pode tê-lo empurrado para mais uma disputa, talvez a mais difícil, apesar da vantagem sobre os possíveis adversários revelada pelas pesquisas.
O Brasil tem desafios que resistem a eleições, como a violência urbana, agravada pelo crime organizado, e uma economia estagnada na baixa renda. Depois de cinco governos petistas, Lula não terá como atribuir todas as mazelas aos opositores. Ganhar a confiança do eleitor vai exigir mais do experiente petista, que terá de dar respostas mais concretas a esses e outros anseios.
Em outubro, Lula, seus adversários e os candidatos a parlamentares vão precisar se submeter ao "aborrecimento" de pedir votos. Que o eleitor não perca a oportunidade de ser exigente na hora de entregá-los a seus escolhidos. Mas sem deixar de lado a esperança — é ela que está ali, dobrando a esquina no Ano Novo.
Feliz Natal e um 2026 esperançoso.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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