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2/8/2014 | Atualizado 3/8/2014 às 11:28
A oposição terá muito trabalho para desalojar o PT do poder nestas eleições, porque o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) tem muito o que mostrar e dispõe de tempo de rádio e TV para isso. Este texto resume os prováveis argumentos oficiais da campanha.
A presidente, como disputa no exercício do mandato, diz que tem evitado uma ação mais incisiva na divulgação de suas realizações para não ser acusada de uso da máquina pública. E deixou para fazê-lo de modo mais ostensivo no horário eleitoral gratuito, que começa no dia 19 de agosto.
Por enquanto, segundo a opinião do staff presidencial, as pesquisas têm captado a percepção do eleitor sobre o governo somente a partir do que ele vê ou lê nos veículos de comunicação da grande imprensa, cuja má vontade com o atual governo é notória.
Na próxima etapa, mais precisamente depois do início do horário eleitoral, ainda segundo a visão oficial, o eleitor vai ter oportunidade de passar do diagnóstico, que é apresentado como muito ruim, para o prognóstico, ou seja, para a fase em que poderá estabelecer comparações, inclusive indagar sobre o que fariam os candidatos de oposição, caso estivessem no governo, num ambiente de crise econômica internacional como o de agora.
Nesses momentos ou períodos de crise só existem duas receitas para enfrentá-la: fazer um forte ajuste, que reduza emprego, renda e gastos sociais e coloque o país em profunda recessão, ou promover políticas anticíclicas, com incentivos fiscais, monetários e creditícios a setores da atividade econômica para reduzir os impactos negativos da crise sobre o país.
Outro elemento que certamente estará presente no debate eleitoral, além do programa e das posições pessoais dos candidatos, será o pensamento econômico e social dos principais colaboradores que estão em torno dos presidenciáveis, muitos dos quais farão parte da eventual equipe de governo e terão forte influência na definição das políticas públicas.
Assim, os escritos e as declarações de assessores, conselheiros e coordenadores de campanha de alguns candidatos, que defendem medidas impopulares como o fim do aumento real do salário mínimo e a completa desindexação da economia, com a eliminação de reajustes automáticos, que pode atingir o próprio salário e os benefícios previdenciários do INSS, também estarão presentes no debate eleitoral.
O fato é que, apesar da crise que assola o país durante todo o mandato presidencial, no quesito realizações, de acordo com dados e informações oficiais e conforme box [abaixo], o governo Dilma teria muito o que mostrar, especialmente em 12 áreas, como: 1) relações trabalhista, previdenciária e sindical, 2) emprego/salário e renda, 3) transparência, controle de combate à corrupção, 4) educação, 5) saúde, 6) habitação, 7) programa de inclusão social, 8) políticas afirmativas, 9) setor empresarial, 10) infraestrutura, 11) combate à seca, e 12) política macroeconômica.
A oposição, ainda na opinião de fontes oficiais, acusa o governo de intervir na lucratividade dos negócios sob concessão estatal, de condescendência com a corrupção, de ampliação do gasto público, de negligência com a inflação, de maquiar as contas públicas para atingir superávit primário, de ter feito gasto excessivo na Copa, de produzir baixo crescimento econômico e de gestão temerária na área de energia e petróleo.
Parte dessas acusações, na visão do governo, é absolutamente infundada, em particular os casos da denúncia de maquiagem das contas públicas, de suposta condescendência com desvio de conduta e de negligência no combate à inflação. Essas acusações fazem parte da luta política. E quanto a outros aspectos, ainda conforme opinião oficial, o governo poderia responder que fazem parte ou estão incluídos entre as ações anticíclicas para evitar a recessão e a eliminação de empregos e redução da renda.
Essas fontes reconhecem que nos marcos regulatórios de algumas concessões públicas, especialmente de energia e portos, houve alguma interferência na margem de retorno, assim como aconteceu com o sistema financeiro no caso do spread bancário, via concorrência com entes estatais. Mas o governo tenta desfazer esse mal-entendido, que fez com que o setor empresarial criasse uma imagem distorcida, a ponto de afirmar que o governo é contra o lucro, o mercado e a iniciativa privada. A prova disso, ainda segundo as fontes oficiais, é de que não adotou o mesmo padrão para o marco de mineração enviado ao Congresso, e o setor empresarial tem lucrado como nunca durante os governos do PT.
Em relação aos gastos com a Copa o governo se diz absolutamente confortável. Primeiro, porque dos R$ 28 bilhões gastos, apenas R$ 8 bilhões foram em estádios. Não entrou dinheiro da União, exceto por empréstimo. Os estádios construídos com recursos dos governos estaduais são multiuso e serão utilizados para atividades culturais, de lazer e de recreação da população, e os construídos com recursos privados, ainda que com financiamento do BNDES, terão seus empréstimos pagos pelos clubes ou seus concessionários. Segundo, porque mais de 70% dos investimentos foram em mobilidade urbana, aeroportos, transporte sobre trilhos e pneus, entre outros. E terceiro, porque se o governo tivesse gasto todo esse dinheiro em propaganda para divulgar o Brasil no exterior não teria tido tanto retorno em termos de imagem e negócios.
Quanto ao gasto público e à gestão das empresas de energia e petróleo, de acordo com essas fontes, o governo utilizou esses instrumentos para promover as políticas anticíclicas, para manter os empregos, a renda, reduzir os custos de produção e evitar recessão. Se não tivesse havido a redução no preço da energia e o subsídio, inclusive com eliminação de tributos, no preço do petróleo, os empregos e salários estariam em risco, a classe média seria asfixiada financeiramente e a inflação poderia disparar.
Sem essas medidas, afirmam, as exportações teriam sido prejudicadas porque o aumento no preço do frete teria impactado o preço dos alimentos, já que o escoamento da produção se dá principalmente por rodovias, e, além disso, teria provocado o racionamento de energia, já que a seca forçou o acionamento das termoelétricas, movidas a combustíveis fósseis.
Sobre a inflação, dizem que, apesar do terrorismo, ela continua dentro da meta e para controlá-la o Banco Central aumentou a taxa Selic, prática que em nada seria diferente em outros governos no país. E citam que FHC terminou seu governo em 2002 com uma taxa de inflação anual de 12,53% e taxa Selic média superior a 20% contra, respectivamente, 6,5% e 11% em 2014 no governo Dilma.
A oposição, portanto, na visão dos apoiadores da candidata oficial, terá dificuldade para demonstrar no horário eleitoral que, na hipótese de assumir o governo, faria mais e melhor, manteria o crescimento, o emprego e a renda como Dilma fez, e sem cortar nenhum direito.
Realizações em 12 áreas do governo Dilma que serão lembradas na campanha eleitoral
Os dados abaixo, na opinião do governo, demonstram que a política anticíclica funcional, porque houve redução da receita e o crescimento estacionou, mas o gasto social cresceu e ajudou a mitigar os efeitos da crise no Brasil, criando empregos e aumentando a renda dos trabalhadores.
I - Direitos trabalhistas, sindicais e previdenciários do trabalhador do setor privado
Sob a ótica dos trabalhadores, os avanços nos direitos trabalhistas, sindicais e previdenciários são inegáveis. De janeiro de 2011 a maio de 2014, foram transformadas em normas jurídicas pelo menos 14 proposições, seja recuperando direitos suprimidos nos governos anteriores ao presidente Lula, seja acrescentando novos.
A vontade política do governo Dilma, combinada com a unidade de ação das centrais sindicais, trouxe proteção para os trabalhadores, materializada em normas ou atos legais de iniciativa da presidência da República, apoiada ou sancionada pela titular do poder Executivo. São eles:
Essas leis, combinadas com a fiscalização do trabalho, levaram à formalização de milhões de empregos, além de terem contribuído para a melhoria na distribuição da renda.
II - Emprego, salário e renda
Nos quesitos emprego, salário e renda os ganhos, igualmente, são inegáveis, conforme segue:
III - Leis de Transparência, Controle e Combate à Corrupção
Nesse quesito, poucos governos avançaram tanto como os do PT. O Governo Dilma apoiou, sancionou ou contribuiu para a incorporação em nosso ordenamento jurídico das seguintes Leis e Emendas Constitucionais:
1. a Lei nº 12.525/2011, conhecida como Lei Geral de Acesso à Informação (LAI);
2. a Lei nº 12.813/2013, que trata do conflito de interesse;
3. a Lei nº 12.846/2013, que trata da responsabilização administrativa e civil da pessoa jurídica pela prática de atos contra a administração pública, possibilitando, pela primeira vez na legislação brasileira, a punição do corruptor;
4. a promulgação da Emenda à Constituição nº 76/2013, que aboliu o voto secreto na cassação de mandatos de parlamentares federais (deputado ou senador) e na apreciação de vetos presidenciais, permitindo à população conhecer os votos de seus representantes, inclusive em questões políticas.
Além disto, nas gestões Lula houve avanços importantes, como: a) a Lei nº 12.034/2009, que acrescenta parágrafos ao art. 41-A da Lei nº 9.504/1997 para ampliar o prazo de denúncia e explicitar a captação do sufrágio, ao aceitar como conduta ilícita a evidência do dolo; b) a Lei Complementar nº 131/2009, conhecida como Lei Capiberibe, que obriga todos os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e os Municípios) a debaterem com a sociedade suas propostas orçamentárias e tornarem públicas, em tempo real, todas as suas despesas; e c) a Lei Complementar nº 135/2010, de iniciativa popular, conhecida como Ficha Limpa, que leva em consideração a vida pregressa dos candidatos no momento de sua inscrição como candidato às eleições.
IV - Educação
Os avanços na área da educação, igualmente, são inegáveis. O governo Dilma manteve e ampliou os programas iniciados no governo Lula e criou outros, cabendo mencionar:
V - Saúde
Na área de saúde, em que pesem os problemas ainda existentes, serão investidos pelo governo federal mais de R$ 5,5 bilhões até final de 2014, além dos R$ 7,4 bilhões já contratados, totalizando R$ 12,9 bilhões. A seguir os principais programas:
VI - Habitação
VII - Programa de inclusão social
Somente com o Bolsa Família, o governo garantiu renda para mais de 14 milhões de famílias, beneficiando algo como 50 milhões de pessoas, mais que a população da Argentina.
VIII- Políticas afirmativas
As políticas afirmativas estão presentes nas áreas de educação, de trabalho, de etnia, de gênero, de raça etc. As mais recentes são os programas:
IX - Setor empresarial
X - Infraestrutura
O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2 atingiu execução de R$ 871,4 bilhões até abril de 2014, o que representa 84,6% do orçamento previsto para o período 2011-2014. As ações concluídas atingiram 95,5% do total previsto até o final de 2014, com R$ 675,8 bilhões em obras nos seis eixos do programa - Transportes, Energia, Cidade Melhor, Comunidade Cidadã, Água e Luz para Todos e Minha Casa Minha Vida.
Entre as principais obras de mobilidade urbana no período da Copa, o governo lembra a Transcarioca, no Rio de Janeiro, e a BRT, no Distrito Federal.
XI - Combate à seca
A seca e a queda da safra, combinadas com o choque de comodities, exigiram do governo um aporte adicional de recursos para minimizar seus efeitos sobre a economia em geral e a inflação, em particular. As principais medidas já concluídas ou iniciativas em curso são:
XII- Política macroeconômica
Temas
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