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Congresso em Foco
1/10/2020 | Atualizado 10/10/2021 às 17:32
 
 
 O nível de manipulação é inacreditável. Os pesquisadores dão exemplos da forma de manipulação em duas dimensões. Um exemplo trata da estratégia do "falso especialista", lembrando a chamada "petição de Oregon", um abaixo-assinado de 31.000 signatários, subscrita por pessoas com bacharelado em ciências, com o propósito de negar que o aquecimento global é causado pelo homem, que é apresentada como se fosse opinião de especialistas. Outro exemplo, que passa a impressão de volume e intensidade, é a criação de perfis falsos na internet, por meio dos quais pequenos grupos de operadores, valendo-se ou não de robôs para impulsionar conteúdos, podem criar a ilusão de opinião generalizada.
Segundo os pesquisadores, a desinformação na era da pós-verdade não pode mais ser vista apenas como uma falha isolada  ou individual de cognição (incapacidade de processar informações) que poderia ser corrigida com ferramentas de comunicação apropriada, mas também como algo que deve incorporar a influência de epistemologias (estudo critico dos princípios, das hipótese e dos resultados das diversas ciências) alternativas que desafiam os padrões convencionais de evidência. Para eles, o enquadramento do mal-estar "pós-verdade" como "desinformação" não capta o estado atual do discurso público: o problema da "pós-verdade" não é uma mancha no espelho, mas o espelho como uma janela para uma realidade alternativa.
A abordagem de enfrentamento à pós-verdade, portanto, deve evitar confrontar a visão de mundo das pessoas, pois tendo sua visão desafiada a crença delas em falsas notícias pode até se aprofundar. Os pesquisadores recomendam duas formas eficazes de fazer correções: 1) não se dever desafiar a visão de mundo das pessoas, sendo mais eficaz persuadi-lo por intermédio de gráfico ou afirmando a autoestima dos destinatários; e 2) as correções devem explicar por que a desinformação foi disseminada em primeiro lugar, como forma de personificar ou desafiar a visão da pessoa.
De fato, para ser eficaz no combate à "pós-verdade", é preciso ter muito cuidado com a narrativa e a forma de abordagem. As pessoas que embarcaram nesse mundo da "pós-verdade", como sujeito ou objeto, estão com a sensação de pertencimento e de empoderamento, tanto porque se sentem "valorizadas" por receberem as informações falsas e serem estimuladas a reproduzir e disseminar, quanto porque se acham empoderadas, na medida em que reproduzem as notícias falsas e já tem até "seguidores".
O nível de manipulação é inacreditável. Os pesquisadores dão exemplos da forma de manipulação em duas dimensões. Um exemplo trata da estratégia do "falso especialista", lembrando a chamada "petição de Oregon", um abaixo-assinado de 31.000 signatários, subscrita por pessoas com bacharelado em ciências, com o propósito de negar que o aquecimento global é causado pelo homem, que é apresentada como se fosse opinião de especialistas. Outro exemplo, que passa a impressão de volume e intensidade, é a criação de perfis falsos na internet, por meio dos quais pequenos grupos de operadores, valendo-se ou não de robôs para impulsionar conteúdos, podem criar a ilusão de opinião generalizada.
Segundo os pesquisadores, a desinformação na era da pós-verdade não pode mais ser vista apenas como uma falha isolada  ou individual de cognição (incapacidade de processar informações) que poderia ser corrigida com ferramentas de comunicação apropriada, mas também como algo que deve incorporar a influência de epistemologias (estudo critico dos princípios, das hipótese e dos resultados das diversas ciências) alternativas que desafiam os padrões convencionais de evidência. Para eles, o enquadramento do mal-estar "pós-verdade" como "desinformação" não capta o estado atual do discurso público: o problema da "pós-verdade" não é uma mancha no espelho, mas o espelho como uma janela para uma realidade alternativa.
A abordagem de enfrentamento à pós-verdade, portanto, deve evitar confrontar a visão de mundo das pessoas, pois tendo sua visão desafiada a crença delas em falsas notícias pode até se aprofundar. Os pesquisadores recomendam duas formas eficazes de fazer correções: 1) não se dever desafiar a visão de mundo das pessoas, sendo mais eficaz persuadi-lo por intermédio de gráfico ou afirmando a autoestima dos destinatários; e 2) as correções devem explicar por que a desinformação foi disseminada em primeiro lugar, como forma de personificar ou desafiar a visão da pessoa.
De fato, para ser eficaz no combate à "pós-verdade", é preciso ter muito cuidado com a narrativa e a forma de abordagem. As pessoas que embarcaram nesse mundo da "pós-verdade", como sujeito ou objeto, estão com a sensação de pertencimento e de empoderamento, tanto porque se sentem "valorizadas" por receberem as informações falsas e serem estimuladas a reproduzir e disseminar, quanto porque se acham empoderadas, na medida em que reproduzem as notícias falsas e já tem até "seguidores".
 As respostas à era da "pós-verdade", de acordo com os pesquisadores, requer considerar um contexto político, tecnológico e social maior no qual a desinformação se desdobra, devendo incluir soluções tecnológicas que incorporem princípios psicológicos (funções mentais como sensação, percepção, atenção, memória, pensamento, linguagem, motivação, aprendizado, etc), mediante uma abordagem interdisciplinar, que descrevem como "tecnocognição", para conhecer e desconstruir o projeto de arquiteturas de informação que encorajam a disseminação de desinformação.
A política "pós-verdade", afirmam os pesquisadores, constitui-se em ferramenta numa luta pelo poder e sobre a natureza das democracias ocidentais, e a comunicação por si só não pode resolver conflitos políticos tão profundamente enraizados. Em vez disso, sua resolução requer mobilização política e ativismo público. Deste modo, o mal estar da "pós-verdade" só será resolvido quando houver motivações suficiente entre os políticos e o público para estar bem informado, quando houver incentivos políticos, sociais e profissionais para informar adequadamente, e quando a percepção do Senador Daniel Patrick Moynihan, de que "cada um tem direito a sua própria opinião, mas não a seus próprios fatos", se tornar consensualmente aceita em ambos os lados da política.
E, como afirma a Dra. Cathy O'Neil, autora de "The Weapons of Math Destruction - How Big Data Increases Inequality and Threatesn Democracy", publicado em 2016, no documentário "O Dilema das Redes", esse é um problema a ser resolvido pelos humanos, e não pela tecnologia. Somente o Ser Humano será capaz de definir o que seja "verdade", de definir um padrão socialmente aceitável do que seja a "verdade", em lugar de defini-la a partir de "cliques", "likes" ou repetições. Como diz O'Neil, "Este problema está na base dos outros, porque se não concordarmos sobre a verdade, não conseguiremos resolver nenhum dos nossos problemas."
Quando mais se conhecer sobre o que é e como enfrentar a "pós-verdade" melhor. Assim, recomendamos a leitura de dois outros textos sobre o tema. O primeiro, sob o título "Em tempos de pós-verdade e de redes sociais"[3] e o segundo sob título "O que são as fake news, afinal"[4]. Ambos buscam mostrar o real significado dessas expressões e o mal que esse modo de fazer política representa, envolvendo pessoas de tal forma que é muito difícil mostrar a elas que estão sendo enganadas sem ofendê-las.
(*) Jornalista, consultor e analista político, mestrando em Políticas Públicas e Governo na FGV, diretor de Documentação licenciado do Diap e sócio-diretor das empresas "Queiroz Assessoria em Relações Institucionais e Governamentais" e "Diálogo Institucional Assessoria e Análise de Políticas Púbicas".
(**) Doutor em Ciências Sociais, Mestre em Administração Pública, Advogado e Consultor Legislativo do Senado Federal. É também Professor da EBAPE-FGV e da ENAP. Ex-Subchefe da Casa Civil da Presidência da República.
[1] Stephan Lewandowsky, da Universidade de Bristol, Reino Unido; Uilrichk K. H. Echer, da Universidade da Austrália Ocidental; e John Cook, da George Maons University, Estados Unidos, no artigo "Beyond Misinformation: Understanding and Copin with the "Post-Truth" Era", publicado no Journal of Applied Research in Memory and Cognition 6 (2017) 353-369.
[2] VOSOUGHI, Soroush, ROY, Deb & ARAL, Sinan. The spread of true and false news online.  Science 359, 1146-1151 (2018).
[3] https://www.congressoemfoco.com.br/opiniao/colunas/em-tempos-de-pos-verdade-e-de-redes-sociais/
[4] https://www.congressoemfoco.com.br/opiniao/opiniao/o-que-sao-as-fake-news-afinal/
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
As respostas à era da "pós-verdade", de acordo com os pesquisadores, requer considerar um contexto político, tecnológico e social maior no qual a desinformação se desdobra, devendo incluir soluções tecnológicas que incorporem princípios psicológicos (funções mentais como sensação, percepção, atenção, memória, pensamento, linguagem, motivação, aprendizado, etc), mediante uma abordagem interdisciplinar, que descrevem como "tecnocognição", para conhecer e desconstruir o projeto de arquiteturas de informação que encorajam a disseminação de desinformação.
A política "pós-verdade", afirmam os pesquisadores, constitui-se em ferramenta numa luta pelo poder e sobre a natureza das democracias ocidentais, e a comunicação por si só não pode resolver conflitos políticos tão profundamente enraizados. Em vez disso, sua resolução requer mobilização política e ativismo público. Deste modo, o mal estar da "pós-verdade" só será resolvido quando houver motivações suficiente entre os políticos e o público para estar bem informado, quando houver incentivos políticos, sociais e profissionais para informar adequadamente, e quando a percepção do Senador Daniel Patrick Moynihan, de que "cada um tem direito a sua própria opinião, mas não a seus próprios fatos", se tornar consensualmente aceita em ambos os lados da política.
E, como afirma a Dra. Cathy O'Neil, autora de "The Weapons of Math Destruction - How Big Data Increases Inequality and Threatesn Democracy", publicado em 2016, no documentário "O Dilema das Redes", esse é um problema a ser resolvido pelos humanos, e não pela tecnologia. Somente o Ser Humano será capaz de definir o que seja "verdade", de definir um padrão socialmente aceitável do que seja a "verdade", em lugar de defini-la a partir de "cliques", "likes" ou repetições. Como diz O'Neil, "Este problema está na base dos outros, porque se não concordarmos sobre a verdade, não conseguiremos resolver nenhum dos nossos problemas."
Quando mais se conhecer sobre o que é e como enfrentar a "pós-verdade" melhor. Assim, recomendamos a leitura de dois outros textos sobre o tema. O primeiro, sob o título "Em tempos de pós-verdade e de redes sociais"[3] e o segundo sob título "O que são as fake news, afinal"[4]. Ambos buscam mostrar o real significado dessas expressões e o mal que esse modo de fazer política representa, envolvendo pessoas de tal forma que é muito difícil mostrar a elas que estão sendo enganadas sem ofendê-las.
(*) Jornalista, consultor e analista político, mestrando em Políticas Públicas e Governo na FGV, diretor de Documentação licenciado do Diap e sócio-diretor das empresas "Queiroz Assessoria em Relações Institucionais e Governamentais" e "Diálogo Institucional Assessoria e Análise de Políticas Púbicas".
(**) Doutor em Ciências Sociais, Mestre em Administração Pública, Advogado e Consultor Legislativo do Senado Federal. É também Professor da EBAPE-FGV e da ENAP. Ex-Subchefe da Casa Civil da Presidência da República.
[1] Stephan Lewandowsky, da Universidade de Bristol, Reino Unido; Uilrichk K. H. Echer, da Universidade da Austrália Ocidental; e John Cook, da George Maons University, Estados Unidos, no artigo "Beyond Misinformation: Understanding and Copin with the "Post-Truth" Era", publicado no Journal of Applied Research in Memory and Cognition 6 (2017) 353-369.
[2] VOSOUGHI, Soroush, ROY, Deb & ARAL, Sinan. The spread of true and false news online.  Science 359, 1146-1151 (2018).
[3] https://www.congressoemfoco.com.br/opiniao/colunas/em-tempos-de-pos-verdade-e-de-redes-sociais/
[4] https://www.congressoemfoco.com.br/opiniao/opiniao/o-que-sao-as-fake-news-afinal/
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
 
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