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Congresso em Foco
26/8/2020 | Atualizado 10/10/2021 às 17:32
 
 
 Em tempos de pandemia, a manutenção do veto 17 tem duas vítimas em potencial: a reforma tributária (que para a sua efetivação pressupõe a superação de interesses conflitantes não apenas políticos ou de visão do que deveria ser nosso sistema de tributação, mas de ganhadores e perdedores no setor privado e nas três esferas do setor público) e os servidores públicos. 
Esses últimos têm sido um alvo fácil no Brasil desde que, em 1989, o povo elegeu um presidente da República cuja principal qualificação era ser um caçador de "marajás". E, dito isso, é preciso reconhecer que há distorções numa elite de servidores com benefícios extraordinários extra-teto (promotores, procuradores, juízes, desembargadores e outras poucas carreiras), mas eles não são a regra e sim uma exceção e com esses, mais uma vez, dificilmente se vai mexer.
Foram 316 votos pela manutenção do veto (suficiente para mudar a Constituição Federal) e 165 contra. Um bom termômetro do ambiente reinante foi o placar da votação na bancada do Amapá, o meu estado, que como ex-território e estado federado recente, ainda tem boa parte de sua economia atrelada aos ganhos de servidores públicos das três esferas: a conhecida economia do contracheque. Cinco parlamentares de uma bancada de oito votaram pela manutenção do veto e isso é um sinal claro de que essa composição da Câmara tem a disposição de levar adiante essa agenda.
Em tempos de pandemia, a manutenção do veto 17 tem duas vítimas em potencial: a reforma tributária (que para a sua efetivação pressupõe a superação de interesses conflitantes não apenas políticos ou de visão do que deveria ser nosso sistema de tributação, mas de ganhadores e perdedores no setor privado e nas três esferas do setor público) e os servidores públicos. 
Esses últimos têm sido um alvo fácil no Brasil desde que, em 1989, o povo elegeu um presidente da República cuja principal qualificação era ser um caçador de "marajás". E, dito isso, é preciso reconhecer que há distorções numa elite de servidores com benefícios extraordinários extra-teto (promotores, procuradores, juízes, desembargadores e outras poucas carreiras), mas eles não são a regra e sim uma exceção e com esses, mais uma vez, dificilmente se vai mexer.
Foram 316 votos pela manutenção do veto (suficiente para mudar a Constituição Federal) e 165 contra. Um bom termômetro do ambiente reinante foi o placar da votação na bancada do Amapá, o meu estado, que como ex-território e estado federado recente, ainda tem boa parte de sua economia atrelada aos ganhos de servidores públicos das três esferas: a conhecida economia do contracheque. Cinco parlamentares de uma bancada de oito votaram pela manutenção do veto e isso é um sinal claro de que essa composição da Câmara tem a disposição de levar adiante essa agenda.
 O Brasil é o país que oferece R$ 320 bilhões em subsídios fiscais anuais ao setor privado mas responsabiliza os funcionários públicos pelos seus problemas de caixa e esses e outros dilemas que vivemos são, muitas vezes, apresentados de maneira distorcida para a sociedade que não consegue perceber que entre o professor da escola do município na esquina de casa e o procurador de justiça da Lava Jato existe uma diferença abissal de direitos e rendimentos. Somos o país em que o teto remuneratório do serviço público inscrito na Constituição é solenemente ignorado e seu simples cumprimento já seria um grande avanço por mostrar que as leis existem para serem cumpridas.
A manutenção do veto mostrou que é mais fácil congelar salários e retirar benefícios de servidores públicos do que aprovar uma reforma tributária que realmente promova justiça social, cobrando mais de quem mais ganha e dotando o Estado da capacidade de prover serviços de qualidade e cidadania no Brasil. O executivo mostrou qual é a prioridade do mercado que, não por coincidência, também é a do Presidente da Câmara, que subiu à tribuna para defender, em nome do seu partido, a manutenção do veto. Por essas e outras me parece evidente que a reforma administrativa será a bola da vez no pós-eleição de 2020.
Retirados direitos dos servidores - sob aplausos desinformados de muitos e num ambiente de letargia geral - o próximo passo será enfraquecer o serviço público, punindo duplamente o usuário, que não verá justiça tributária no país, mas sentirá sumir atividades públicas que lhe são fundamentais.
*Camilo Capiberibe é deputado federal do PSB eleito pelo Amapá.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected]
O Brasil é o país que oferece R$ 320 bilhões em subsídios fiscais anuais ao setor privado mas responsabiliza os funcionários públicos pelos seus problemas de caixa e esses e outros dilemas que vivemos são, muitas vezes, apresentados de maneira distorcida para a sociedade que não consegue perceber que entre o professor da escola do município na esquina de casa e o procurador de justiça da Lava Jato existe uma diferença abissal de direitos e rendimentos. Somos o país em que o teto remuneratório do serviço público inscrito na Constituição é solenemente ignorado e seu simples cumprimento já seria um grande avanço por mostrar que as leis existem para serem cumpridas.
A manutenção do veto mostrou que é mais fácil congelar salários e retirar benefícios de servidores públicos do que aprovar uma reforma tributária que realmente promova justiça social, cobrando mais de quem mais ganha e dotando o Estado da capacidade de prover serviços de qualidade e cidadania no Brasil. O executivo mostrou qual é a prioridade do mercado que, não por coincidência, também é a do Presidente da Câmara, que subiu à tribuna para defender, em nome do seu partido, a manutenção do veto. Por essas e outras me parece evidente que a reforma administrativa será a bola da vez no pós-eleição de 2020.
Retirados direitos dos servidores - sob aplausos desinformados de muitos e num ambiente de letargia geral - o próximo passo será enfraquecer o serviço público, punindo duplamente o usuário, que não verá justiça tributária no país, mas sentirá sumir atividades públicas que lhe são fundamentais.
*Camilo Capiberibe é deputado federal do PSB eleito pelo Amapá.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected]
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