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Congresso em Foco
5/11/2008 | Atualizado às 11:32
Apesar de histórica e simbólica, a eleição do candidato democrata Barack Obama nos Estados Unidos não mudará a relação econômica entre a maior potência mundial e o Brasil, maior país da América do Sul e detentor do 11º Produto Interno Bruto (PIB) do mundo. Essa é a opinião de especialistas em política externa ouvidos pelo Congresso em Foco. Segundo eles, Obama deve se concentrar primeiro em acabar com os efeitos da crise financeira nos EUA.
Somente depois o presidente eleito vai trabalhar o relacionamento com parceiros econômicos mais consolidados, como a União Européia e a China. O Brasil, assim como a América Latina, entraria na agenda de Obama apenas após essas duas negociações. "A tendência para os próximos dois anos é ele atuar na política interna e aumentar a presença do Estado para acabar com a crise", afirmou o consultor Sidney Ferreira Leite, da Trevisan Consultoria e Escola de Negócios.
“Se nós tomarmos a perspectiva histórica, a relação entre Brasil e Estados Unidos sempre oscilou para melhor e para pior, independente do partido que estava no governo”, lembrou o cientista político João Paulo Peixoto, da Universidade de Brasília (UnB). Para o especialista da UnB, que ainda está nos Estados Unidos, onde acompanha as eleições, a relação entre os dois países se move muito mais por questões pontuais do que estruturais. “A nossa relação independe do partido que estava no governo”, opinou.
Já o professor do Departamento de Política da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Paulo Edgar Rezende, aponta que o Brasil, inicialmente, não enfrenta, por exemplo, uma crise que deva ser colocada imediatamente na agenda dos EUA.
Relações econômicas
Mas eles não são unânimes em afirmar qual seria o presidente com melhor relacionamento comercial com o Brasil. Para o consultor da Trevisan, Sidney Ferreira Leite, Obama será melhor para o Brasil do que seria o seu rival republicano. "Se você me perguntasse isso em janeiro, eu diria que era o McCain. Hoje, com essa crise, eu acredito que Obama é a melhor opção”, diz o consultor da Trevisan.
Isso porque, na opinião do consultor, é preciso considerar o histórico republicano no governo dos EUA. Redução de impostos das grandes empresas e dos mais ricos, pouca presença na economia e nos serviços públicos são marcas do Partido Republicano. “Acho que Obama é quem reúne as qualidades para tirar os Estados Unidos da crise. E isso vai ser bom para o Brasil e para o sistema econômico internacional”, explica Leite.
O professor da UnB João Paulo Peixoto não concorda. Para ele, ainda é difícil fazer um prognóstico sobre os planos do próximo governo americano. “Obama não tem experiência executiva nenhuma. Mas isso vai depender muito dos assuntos que forem colocados na agenda de Obama como novo presidente”, comentou.
Mas ele lembra que, ao longo de toda a campanha eleitoral, somente o republicano John McCain mencionou o Brasil durante as discussões. “McCain tinha o assunto energia muito forte na sua agenda. Tanto que ele disse que pretende incluir no relacionamento entre os países a questão no etanol feito da cana-de-açúcar”, relembrou.
A opinião é compartilhada pelo professor da PUC-SP. Paulo Edgar Rezende cita as ações brasileiras na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o protecionismo agrícola dos norte-americanos e lembra que os democratas sempre se mostraram mais sensíveis às reivindicações de organizações sindicais, defendendo a manutenção de barreiras comerciais que contrariavam os interesses do Brasil. “Obama é mais reticente ao livre comércio”, afirma.
Em entrevista ao site do jornal O Estado de S. Paulo, o ministro de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, que foi professor de Obama na Universidade de Harvad, disse que o democrata pode aproximar os dois países e ser o “o interlocutor de uma solução” no impasse comercial entre EUA e Brasil a respeito do etanol.
Mas, durante a campanha, Obama defendeu tarifas elevadas para a importação do etanol produzido a partir da cana-de-açúcar. "No futuro, ele representará os interesses de todo os EUA, que têm interesse, em longo prazo, na organização do mercado mundial de agrocombustíveis e no desenvolvimento das bases científicas dos instrumentos tecnológicos", disse o ministro.
Mudanças
Segundo o consultor Sidney Ferreira Leite, apesar de o Brasil não ser prioridade da política externa americana, a tendência é o país conquistar mais espaço economicamente durante a gestão do democrata. Ao contrário da União Européia e da China, que importam basicamente commodities brasileiras, os EUA consomem produtos nacionais com maior valor agregado.
“Tem um potencial de crescimento econômico muito grande. O último texto da [secretária de Estado] Condoleezza Rice coloca o Brasil ao lado da China, da Índia e da África do Sul como estados líderes”, afirmou o consultor da Trevisan.
Já o professor Paulo Edgar Rezende lembra que o Brasil tem uma crescente presença no cenário internacional e que a posição do país hoje é mais confortável do que a de outros da América Latina. O México, compara o especialista, tem quase 90% das suas exportações destinada aos EUA. “O Brasil equilibra com União Européia, Ásia, China, países árabes e africanos”, disse. (Mário Coelho)
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