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Soberania

Brasil: nossa casa, nossas regras

Anistia não é moeda de troca. O Brasil não pode aceitar pressões externas que afrontem sua democracia.

Gregory Rodrigues

Gregory Rodrigues

29/7/2025 9:00

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O Brasil, país de dimensões continentais e de uma resiliência construída com sangue, suor e lágrimas, volta a enfrentar pressões que colocam à prova sua soberania. A mais recente investida parte da presidência dos Estados Unidos, que anunciou a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros, alegando desequilíbrio comercial. Mas o que mais chama atenção não é a tarifa em si, e sim o pacote político embutido nessa decisão.

Tudo leva a crer que, além de questões econômicas, o governo norte-americano estaria condicionando eventuais recuos nas sanções impostas, a demandas que ferem frontalmente nossa autonomia: a anistia aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 e o arquivamento de processos judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

É surreal e inadmissível que uma potência estrangeira tente pautar, ainda que informalmente, o rumo da nossa Justiça. Isso não é diplomacia, é ingerência. E das mais perigosas. Ao insinuar que o Brasil deveria abdicar da responsabilização por crimes cometidos contra o Estado democrático de direito, os EUA se colocam numa posição de chantagem velada, como se pudessem definir o que deve, ou não, ser perdoado em nome de supostos interesses comerciais e geopolíticos.

Ora, não se trata aqui de uma mera divergência política. Trata-se de princípios. A quem serve essa pressão? Certamente, não ao povo brasileiro. A tentativa de reescrever nossa história recente ao gosto de conveniências externas não honra os que lutaram, e ainda lutam por um Brasil soberano, justo e democrático. A lógica do "farinha pouca, meu pirão primeiro", quando aplicada nas relações internacionais, costuma custar caro aos países que aceitam ser tratados como satélites. O Brasil não pode, nem deve aceitar esse papel.

A Justiça brasileira não está à venda.

A Justiça brasileira não está à venda.Freepik

E mais: é preciso desmascarar o falso patriotismo daqueles que hoje flertam com a submissão externa para livrar aliados e familiares da Justiça. Não é patriota quem pede anistia para golpistas. Não é patriota quem ameaça a autonomia das instituições em nome de conveniências partidárias. A defesa do Brasil não se faz com slogans inflamados ou uso político da religião. Faz-se com respeito às leis, às urnas e à vontade soberana do povo.

O 8 de janeiro não foi apenas um dia de vandalismo. Foi o retrato mais nítido da tentativa de romper com a democracia. Nossa resposta precisa ser firme e coerente: os responsáveis devem ser julgados dentro do devido processo legal. Não por vingança, mas por justiça. Porque a impunidade é o atalho mais curto para novos atentados à ordem democrática.

Nossa soberania não está à venda. Nem se negocia a integridade do Judiciário em troca de acordos comerciais. Ulysses Guimarães em seu célebre discurso proferido durante a promulgação da Constituição em 1988, nos apresentou o norte necessário para prosseguirmos rumo a construção de uma sociedade que repudiasse a tirania.

"A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca.

Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério."

Não podemos permitir que o Estado Democrático de Direito seja ameaçado por conchavos que subestimam a memória e a dignidade do povo brasileiro. A liberdade e o futuro do Brasil dependem da coragem que tivermos hoje de proteger nossas regras, nossa casa, nossa pátria.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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Justiça EUA democracia
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