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Saúde pública

Quando a ausência vira descaso e ameaça o SUS

Faltas sem aviso em consultas e cirurgias comprometem o atendimento, desperdiçam recursos e ampliam filas na rede pública.

Jean Gonçalves

Jean Gonçalves

12/11/2025 16:30

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Como diretor de um hospital público que diariamente testemunha a eficiência SUS, sinto o dever de dirigir uma palavra clara e sincera à sociedade e aos gestores municipais: o cuidado com a saúde pública começa muito antes da sala de atendimento. Começa no compromisso de cada cidadão e de cada administração com o uso responsável e respeitoso das estruturas que todos compartilhamos.

O absenteísmo - que é quando um paciente deixa de comparecer a uma consulta ou cirurgia sem comunicar sua ausência - acarreta em consequências que vão além de um horário vazio. Falamos de equipes mobilizadas, blocos cirúrgicos preparados, materiais organizados, custos assumidos e, sobretudo, de vidas que poderiam ter sido atendidas naquele mesmo momento. Gostaria de falar diretamente a você, paciente do SUS: entendemos imprevistos, medos e dificuldades. Mas, quando não puder comparecer, avise. Esse simples ato abre espaço para outra pessoa que também está esperando por cuidado, muitas vezes com urgência e sofrimento. Sua responsabilidade individual protege o direito coletivo.

O absenteísmo em hospitais do SUS gera prejuízo coletivo, bloqueia o acesso de outros pacientes e enfraquece o sistema de saúde.

O absenteísmo em hospitais do SUS gera prejuízo coletivo, bloqueia o acesso de outros pacientes e enfraquece o sistema de saúde.Fernando Frazão/Agência Brasil

Em nossa instituição, o Hospital Nossa Senhora de Fátima, em Praia Grande (SC), temos uma média de 18% dos pacientes agendados que não comparecem e não avisam. E recentemente vivenciamos um episódio que escancara a gravidade do problema também nas administrações municipais: em dois dias, uma prefeitura encaminhou 70 pessoas para cirurgias de catarata. Apenas seis compareceram. Sessenta e quatro vagas desperdiçadas, sessenta e quatro chances de devolver visão e qualidade de vida que se perderam sem qualquer justificativa prévia. Quem paga essa conta? Quem sofre? O cidadão que aguarda na fila. No Brasil a realidade não é diferente. Segundo dados do SUS, a média é de 20% de pacientes que faltaram em consultas.

Se hospitais são monitorados e cobrados para cumprir metas é justo e necessário que os gestores municipais também sejam responsabilizados quando sua falta de organização inviabiliza o atendimento à população. O SUS não pode ser sustentado apenas pelo esforço das instituições hospitalares; ele precisa de compromisso integral de quem administra e de quem é atendido.

O Sistema Único de Saúde é um dos maiores instrumentos de justiça social do país. Manter sua força exige disciplina, empatia e senso de coletividade. Avisar quando não puder comparecer, respeitar a fila, zelar pelas vagas públicas e cobrar responsabilidade de gestores é um ato de colaboração e cidadania.

Para que o SUS siga gratuito, humano e eficiente, cada um de nós precisa fazer a sua parte. O respeito ao próximo começa pelo respeito ao serviço que cuida de todos nós.


O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].

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