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24/8/2022 10:24
Até 2016, o país mantinha uma política para aumentar anualmente o preço mínimo dos maços e os tributos, mas desde então não foram feitos novos reajustes - e é essa a razão da maior acessibilidade vista agora.
As empresas de tabaco costumam afirmar que já pagam muitos impostos e que elevar os preços poderia aumentar o contrabando de cigarros, mas nenhum desses argumentos se sustenta em uma análise mais profunda. Longe de ter uma carga tributária alta, o cigarro brasileiro é um dos mais baratos do mundo. Para efeitos de comparação, um maço da marca brasileira mais vendida custa cerca de R$ 5 (menos de um dólar), enquanto na Austrália o valor passa de R$ 100 (US$ 21,13).
Além disso, o montante pago pela indústria em impostos é muito inferior aos custos do tabagismo, tanto pelo tratamento de doenças causadas pelo fumo quanto pelas perdas econômicas devidas a aposentadorias precoces e perda de produtividade no trabalho. Estimativas de 2020 revelam que há um déficit de mais de R$ 80 bilhões por ano que acaba na conta da sociedade: são R$ 92,7 bilhões em custos contra apenas R$ 12,2 bilhões arrecadados com os tributos sobre cigarros.
O contrabando de cigarros, por sua vez, é um problema real (apesar de superestimado pela indústria), mas que pode ser enfrentado de outras maneiras que não influenciam na política de preços e impostos. O Brasil já é um dos signatários do Protocolo para Eliminar o Comércio Ilícito de Produtos de Tabaco, instrumento elaborado pela Organização Mundial da Saúde com diversas estratégias eficazes para controlar o contrabando, como medidas para o combate às redes informais de distribuição, a cooperação internacional e o controle de fronteiras.
Para contribuir com o debate sobre a importância da taxação de cigarros, a ACT Promoção da Saúde, ONG que atua há mais de 15 anos com o controle do tabaco no Brasil, está lançando a página Conta do Cigarro, fonte das imagens que ilustram este texto, em parceria com a Vital Strategies. Lá, é possível acessar mais dados e infográficos sobre os custos do tabagismo para a sociedade, a questão do mercado ilícito e avaliações comparativas entre o preço do maço do cigarro no Brasil e em outros países, além de várias publicações relacionadas.
A Gerente de Comunicação de Programas da Vital Strategies, Tainá Costa, explica que a aposta na interatividade foi grande. "O hotsite permite que o usuário faça simulações e comparações entre dados relacionados ao cigarro brasileiro com os de outros países. Há, ainda, uma seção que apresenta os benefícios que o aumento de tributos sobre tabaco pode trazer a toda a sociedade, entre eles desestimular a iniciação de jovens, reduzir o consumo, elevar a arrecadação e diminuir os gastos com saúde. Essa é a medida mais custo-efetiva de controle do tabagismo", diz.
Retomar a política de aumento do preço mínimo e dos tributos sobre cigarros é uma questão de saúde pública que traz grandes impactos econômicos. "É inadmissível que a sociedade brasileira tenha que arcar com custos tão altos devidos a um produto que só traz malefícios para a saúde, especialmente num momento em que muitas pessoas estão com dificuldades de adquirir alimentos básicos. O Brasil precisa continuar a ser exemplo no controle do tabaco, e para isso é preciso reverter o aumento na acessibilidade dos cigarros", diz Mônica Andreis, diretora-geral da ACT Promoção da Saúde.
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