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Perdemos 36 anos e continuamos desperdiçando nosso tempo

Celso Lungaretti

Celso Lungaretti

3/6/2016 | Atualizado 4/6/2016 às 17:29

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Uma constante no meu trabalho é jamais ceder a consensos equivocados, pouco me importando que do outro lado estejam 1 mil ou 1 milhão. O nazismo era praticamente unanimidade na Alemanha até começar a dar com os burros n'água nos campos de batalha da 2ª Guerra Mundial, então certos mesmo estavam os poucos lúcidos que tentavam abrir os olhos dos porrilhões de bovinizados. E, no caso específico dos esquerdistas, jamais devemos esquecer a vergonhosa pusilanimidade face ao stalinismo, a ponto de terem sido bem poucos os comunistas que ousaram reprovar o inqualificável pacto firmado por Stalin com Hitler, deixando os nazistas desembaraçados para engolirem boa parte da Europa Ocidental, com a certeza de que não seriam atacados pelas costas. Hoje há um consenso entre a esquerda plunct-plact-zum (aquela que não vai a lugar nenhum) de que o governo Temer começou mal a ponto de a Dilma ter chance de voltar para concluir a devastação. Cruz, credo! Existem mesmo erros, injustiças e a habitual desumanidade direitista. Mas, está sendo ignorado algo importante: aparentemente, as equipes técnicas que realmente tocam o trabalho dos ministérios (o ministro está mais para uma figura de proa que faz pose e diz besteiras) são boas, e isto deve redundar em algumas melhoras concretas, em especial naquela que mais conta para o povão, a recuperação econômica. Vale lembrar, também, que num país pobre como o Brasil a classe dominante tem suficiente poder de fogo para deixar as pessoas com um tiquinho a mais de grana no bolso quando estiver sendo lacrado o caixão da Dilma no Senado.Nunca me esqueço de que, em 1969, o cidadão comum estava decepcionado com as vacas magras na economia e, embora tivesse medo de se manifestar em público contra o governo, dava muitas mostras de ver com simpatia a nossa luta (dos resistentes que havíamos pegado em armas). Em 1970 os EUA fizeram investimentos diretos no Brasil equivalentes à soma dos dez anos anteriores. Foi o bastante para deslanchar o milagre e o humor do povo mudar diametralmente. Todo mundo feliz, consumindo e recriminando-nos por estarmos atrapalhando o progresso da Nação... Enfim, como dizia o velho e bom Marx, por enquanto os explorados são um contingente em si e não para si. Grana no bolso é o que mais conta para eles. E, não se iludam: a burguesia pode afrouxar os parafusos da penúria a seu bel prazer, pelo menos por períodos curtos. Os novos sebastianistas ignoram também a capacidade que a indústria cultural tem de fazer a cabeça dos videotas (como os chamou Jerzy Kosinski). Só os mais ingênuos dos ingênuos podem supor que o bombardeio a Temer continuará sem resposta quando estiver se aproximando o Dia D no Senado. A direita é criteriosa no uso dos seus meios: prefere utilizá-los no instante propício. Muitas revelações acachapantes surgirão, muitos depoimentos vazarão, sabe-se lá quantas prisões ocorrerão e a mídia vai fazer o maior estardalhaço. O clima político será radicalmente outro no momento decisivo.Estou elucubrando demais? Vejam o que diz o perspicaz Vinícius Torres Freire sobre os primeiros sinais de guinada na situação da economia: "[Houve uma] melhora tímida da confiança econômica em maio, do resultado do PIB menos depressivo do que o esperado e de piscadelas de vida da indústria, ainda em coma. Uma surpresa positiva foi o investimento (em novas instalações produtivas, equipamentos e construções). Caiu menos do que o esperado nas contas do PIB. Além do mais, nas contas da Pesquisa Industrial Mensal do IBGE, a produção de bens de capital (máquinas e equipamentos) cresce desde janeiro. Parecem brotos verdes. Não é isso. Melhor que nada, de qualquer modo." Resumo da opereta: que continue desperdiçando esforços quem não tem coisa melhor para fazer. A hipótese de uma nova eleição presidencial era mesmo a melhor opção possível para o Brasil, mas a chance foi perdida quando Dilma empacou em não renunciar. Era para termos trocado o foco muito antes, esquecendo a defesa de um governo indefensável e adotando a bandeira muito mais simpática de darmos aos brasileiros a chance de escolherem o governante de sua confiança para tirá-los do fundo do poço. Preferivelmente, a renúncia deveria ter ocorrido no dia seguinte ao da aprovação da abertura do processo de impeachment na Câmara Federal; o mais tardar, no dia seguinte à decisão idem do Senado. Agora é tarde, Inês é morta. Dilma vai mesmo para casa e nós seremos obrigados a engolir Temer até o último dia de 2018. Então, ao invés de chorarmos sobre o leite derramado, temos mais é de lançarmos pontes para o futuro desejável, começando pela construção de uma esquerda de verdade, que não se proponha a gerenciar o capitalismo para os capitalistas, mas, pelo contrário, a transformar em profundidade a sociedade brasileira, dando fim à exploração do homem pelo homem. Perdemos os 36 anos em que tanto nos esforçamos para afirmar o PT e levá-lo à Presidência da República. Estamos de volta ao ponto de partida e temos agora de analisar rigorosamente onde foi que erramos e como evitarmos a repetição desses erros adiante (além do imperativo de separarmos o joio do trigo, depurando nossas fileiras de quantos se tornaram dóceis marionetes do inimigo e/ou comprometeram a imagem da causa utilizando-a ilicitamente em benefício pessoal). Não há mais tempo a perder. Os responsáveis pela pior derrota por nós sofrida desde 1964 são os mesmos que agora impingem a ilusão de que ainda seja possível revertê-la no Senado. Sabem muito bem que não, mas a obnubilação dos esquerdistas lhes convém: permite que continuem escapando das graves cobranças a que deveriam estar respondendo neste exato instante.Repito o alerta: a refundação da esquerda é o único caminho para salvá-la da irrelevância. E, se quisermos detonar a nova hegemonia direitista, o momento decisivo será a eleição presidencial de 2018, desde que já estejamos sob nova direção. Em 2016 a batalha está de antemão perdida.   Mais sobre crise brasileira
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