Entrar

    Cadastro

    Notícias

    Colunas

    Artigos

    Informativo

    Estados

    Apoiadores

    Radar

    Quem Somos

    Fale Conosco

Entrar

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigos
  1. Home >
  2. Artigos >
  3. Não são cubanos | Congresso em Foco

Publicidade

Publicidade

Receba notícias do Congresso em Foco:

E-mail Whatsapp Telegram Google News

Não são cubanos

4/2/2015 11:49

A-A+
COMPARTILHE ESTE ARTIGO
No verão de 2013, estava eu hospedado em uma pousada do litoral de Pernambuco. Na mesma pousada estava uma família com seus dois filhos. Num belo dia, como quase todos os dias de verão naquele litoral são belos, um dos meninos apareceu com a pele cheia de manchas vermelhas (eritemas) e coceiras. Preocupado, o pai levou-o ao médico. Como geralmente ocorre em locais pequenos, como é a referida pousada, todos conversam com todos. Naquelas alturas, eu já tinha conversado com a família antes de levarem ao médico, e conversei a posteriori. Na segunda conversa, fui informado pela família que o médico que atendeu receitou um medicamento para sarna (escabiose). Dei o nome de um medicamento antialérgico, e disse ao pai que fosse até a farmácia e o comprasse, pois aquilo não era sarna. Vinte e quatro horas após o uso do medicamento que indiquei, a criança não tinha mais eritemas e tampouco coceiras. Como estava vendo a criança nos dias anteriores ao aparecimento das manchas e da coceira, sabia que não era sarna. E o médico que atendeu o menino também saberia caso tivesse feito uma boa história clinica (anamnese). Não fez. Ano passado, a senhora que trabalha em nossa casa chega para trabalhar e diz para a minha mulher: "trouxe a Maria (nome fictício) porque ela está com amidalite". Estou na biblioteca escrevendo, quando ouço a frase. Saio, vou até a sala, abro os braços e digo: "Maria, venha me dar e ganhar um abraço". Enquanto ela caminha para mim observo-a. Abraço-a e ergo-me com ela nos braços e vou até próximo de uma janela. Examino-a rapidamente: está com caxumba, e não amidalite. Nestas alturas, a Maria já estava tomando antibiótico. Poderia aqui fazer um longo artigo com histórias iguais ou semelhantes a essas, mas o objetivo não é esse. O objetivo é dizer que a formação médica no Brasil está precária. No entanto, as entidades médicas se preocupam em garantir o mercado, e esta foi uma das razões para se posicionarem, alegando que queriam o Revalida, contra o "Mais Médicos", principalmente contra os cubanos. Também sou favorável ao Revalida para os estrangeiros que aqui queiram se estabelecer, mas o que fazer com os brasileiros que estão sem médicos e não sabem medicina? Semana passada, dia 29, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) divulgou o resultado da prova aplicada nos recém-formados daquele estado. Mais da metade (55%) deles foram reprovados. No Brasil, sempre se debateu quem oferece o melhor ensino: o público ou o privado. Se levarmos em consideração a prova do Cremesp, a resposta é fácil: o ensino público é melhor, pois 67% dos aprovados são oriundos de faculdades públicas. Enquanto as escolas privadas aprovaram só 35%. Ainda de acordo com o Cremesp, as dez piores escolas são privadas e as cinco melhores, públicas. Segundo Bráulio Luna, presidente do Cremesp, as piores notas foram obtidas em áreas básicas do ensino, como clínica médica (52,1%), ciências básicas (54,9%), pediatria (55,9%), clínica cirúrgica (57,2%) e saúde pública (57,4%). Os médicos recém-formados que fizeram as provas são oriundos de 30 faculdades. Vinte delas não conseguiram atingir 60% de aprovação. Nove sequer chegaram a 25%. Portanto, estão identificadas as piores e as melhores faculdades. A avaliação dos alunos, por instituição, deve ser feita anualmente. Não uma avaliação da própria instituição, mas independente, com a participação do Ministério da Educação e, em caso de profissões que têm Ordem ou Conselho, com a participação dos mesmos. Instituição que sistematicamente não oferece um bom ensino deveria ser fechada. E aluno, independente de onde estuda, que não demonstra capacidade ou aptidão, deveria ser reprovado. Muitas foram as dúvidas e questionamentos se os médicos do programa "Mais Médicos" tinham ou não capacidade de atuar como profissional. O resultado da prova do Cremesp mostra que muitos brasileiros não têm condição de exercer a medicina. Mas exercerão até porque, para trabalhar como médico, não dependem da aprovação no exame do Cremesp. Portanto, muitos trabalharão sem saber fazer anamnese e um bom exame físico. As alergias continuarão sendo diagnosticadas como sarna e as caxumbas, como amidalite. Dos que fizeram o exame, nenhum é cubano. Mais sobre o Mais Médicos Mais sobre saúde
Siga-nos noGoogle News
Compartilhar

Tags

Saúde educação SUS medicina Dr. Rosinha ensino público Mais Médicos formação médica
ARTIGOS MAIS LIDOS
1

William Douglas

Inconstitucionalidade e racismo: qual é a política do governo Lula?

2

Heber Galarce

Crise à vista: Silveira aposta no STF e despreza o Congresso

3

Rosana Valle

A democracia relativa do Brasil

4

Luiz Alberto dos Santos

Nomes parlamentares e identidade profissional na Câmara dos Deputados

5

Marcelo Aith

O equilíbrio entre regularidade processual e liberdade de expressão

Congresso em Foco
NotíciasColunasArtigosFale Conosco

CONGRESSO EM FOCO NAS REDES