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Violência de gênero
29/12/2025 10:00
No apagar das luzes de 2025, eu preferiria estar escrevendo sobre perspectivas, planos e metas para o ano novo. No entanto, a realidade me confronta e não permite que eu termine este mês de dezembro sem retornar a um tema sobre o qual, inclusive, já escrevi recentemente: a violência contra as mulheres. Mais uma vez, sinto-me impactada pelo destino de Tainara Souza, de 31 anos, que entrou definitivamente para a trágica estatística de feminicídios consumados no último dia 25, em meio às comemorações do Natal.
Após 25 dias lutando pela vida, Tainara sucumbiu depois de passar por duas amputações nas pernas e uma traqueostomia. Mais do que um número, trata-se de uma jovem com uma história, que perdeu seu futuro e deixa dois órfãos: um menino de 12 anos e uma menina de 7 anos. Seu algoz, Douglas Alves, está preso. Mas isso não apaga o sofrimento de que essa mulher foi vítima: atropelada no dia 29 de novembro e arrastada por um quilômetro pelas ruas de São Paulo, ela entrou para as estatísticas de feminicídio no país simplesmente porque seu ex-namorado não aceitou vê-la acompanhada por outro rapaz.
Uno-me à dor da mãe de Tainara, Lúcia Aparecida da Silva, que coincidentemente tem o mesmo nome que a minha. Ao anunciar a morte da filha, ela fez um desabafo e um apelo: "Acabou o sofrimento, e agora é pedir por justiça!"
Quantas outras Tainaras ainda serão vítimas de feminicídio em 2026? Quantas mães ainda chorarão por suas filhas? Quantos órfãos perderão seu porto seguro para a violência de gênero?
É preciso ação! Queremos justiça! Não apenas "para inglês ver", mas aplicada com o rigor necessário.
A sociedade moderna, com câmeras de monitoramento nas ruas e áreas residenciais, tem garantido que muitos dos covardes — que costumam ser valentes apenas contra suas companheiras ou ex-companheiras — saiam do anonimato. Foram as imagens destas câmeras que levaram à identificação do assassino de Tainara Souza. E agora, elas também jogaram luz sobre o comportamento covarde do auditor da Controladoria-Geral da União (CGU), David Cosac Júnior, de 49 anos, flagrado agredindo com socos e tapas uma ex-namorada e seu filho de apenas 4 anos, em Brasília.
Cenas de violência, crueldade e covardia são crimes que poderiam ficar restritos apenas à memória de suas vítimas, se não fossem os flagrantes pelos sistemas de vigilância urbana e residencial. Só a punição exemplar será capaz de inibir esse tipo de comportamento contra as mulheres.
É preciso acompanhar de perto o desfecho desses episódios recentes de violência que ofuscaram o brilho do Natal dos brasileiros.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também voltou ao assunto após tomar conhecimento da conduta do auditor da CGU, defendeu a demissão do servidor público. "Não vamos fechar os olhos aos agressores de mulheres e crianças, estejam eles onde estiverem, ocupem as posições que ocuparem. Um servidor público deve ser exemplo de conduta dentro e fora do local de trabalho", escreveu o presidente em seu perfil nas redes sociais.
A CGU, por sua vez, anunciou que já encaminhou o caso ao Conselho de Ética para o início de uma investigação preliminar, revogou a possibilidade de David Cosac Júnior substituir eventualmente seu chefe e o proibiu de ingressar nas dependências do órgão público enquanto as apurações estiverem em apresentações.
Esperamos mais do que isso para que as brasileiras possam ter um 2026 com mais segurança e paz! Pedimos justiça por Tainara Souza e tantas outras vítimas desta epidemia de feminicídios! Só assim, o ano novo que se anuncia nos trará de volta a esperança em um Brasil melhor.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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