Entrar
Cadastro
Entrar
Publicidade
Publicidade
Receba notícias do Congresso em Foco:
Antônio Augusto de Queiroz
Como as emendas impositivas podem interferir no sistema eleitoral
Antônio Augusto de Queiroz
Antônio Augusto de Queiroz
Antônio Augusto de Queiroz
Antônio Augusto de Queiroz
Democracia
29/7/2025 15:00
A soberania nacional brasileira está sob ameaça direta do presidente estadunidense, Donald Trump, que anunciou sanções que vão desde a imposição de tarifas abusivas sobre produtos brasileiros até a abertura de investigações contra o Brasil por supostas práticas prejudiciais aos interesses dos EUA. Além disso, aplicou sanções a autoridades judiciais brasileiras, incluindo a suspensão de vistos de entrada nos Estados Unidos. O mais alarmante, porém, é a condicionalidade dessas medidas: elas podem ser intensificadas ou suspensas dependendo do comportamento do Estado brasileiro em relação à punição - ou não - do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, acusados de crimes graves contra a democracia. Essa postura configura uma ingerência inaceitável nos assuntos internos do Brasil, transformando uma questão jurídica e política nacional em moeda de barganha internacional.
É profundamente preocupante que um líder de uma nação historicamente vista como bastião da democracia mundial tenha caído em tal nível de degradação política, ameaçando a soberania de um país amigo apenas para proteger um aliado ideológico de extrema-direita envolvido em diversos crimes, o mais grave deles uma tentativa de golpe de Estado. A instrumentalização do poder econômico e político dos EUA para pressionar o Brasil a agir conforme os interesses de um governo estrangeiro é um ataque frontal à autodeterminação dos povos, princípio fundamental do direito internacional. Em pleno século XXI, não há justificativa plausível para que um país interfira de forma tão descarada nos rumos políticos e jurídicos de outro, muito menos com ameaças econômicas e coercitivas.
A situação se torna ainda mais absurda quando consideramos que o Brasil é uma nação soberana, cujo Estado e governo agem em conformidade com os princípios das Nações Unidas e da própria Constituição Federal. Nosso país sempre pautou suas relações internacionais pelos preceitos do artigo 4º da Carta Magna, que incluem a independência nacional, a autodeterminação dos povos, a não-intervenção, a igualdade entre os Estados e a solução pacífica de conflitos. Esses valores não são meras formalidades, mas pilares que garantem a dignidade e a liberdade de uma nação perante a comunidade internacional. A submissão a pressões externas, sobretudo quando motivadas por interesses políticos escusos, é inaceitável, e representaria uma traição a esses princípios e um precedente perigoso para a soberania brasileira.
A soberania não é uma concessão, mas um direito inalienável de todo povo livre. O governo brasileiro está absolutamente correto em rejeitar qualquer forma de subordinação a agendas estrangeiras, devendo utilizar todos os mecanismos diplomáticos e jurídicos disponíveis para defender a integridade nacional. Isso inclui negociações firmes, baseadas no respeito mútuo, e, se necessário, o acionamento de instâncias internacionais de arbitragem para conter abusos como os que estão sendo propostos. A história mostra que nações que cedem a pressões externas perdem não apenas sua autonomia política, mas também sua dignidade perante o mundo. O Brasil não pode e não deve seguir esse caminho.
Além disso, é fundamental destacar que a postura agressiva de Trump não é apenas uma afronta ao Brasil, mas um risco para a ordem multilateral. Se um país pode ser punido por julgar seus próprios cidadãos de acordo com suas leis, abre-se um precedente perigoso para que outras nações sofram retaliações por decisões soberanas. A comunidade internacional não pode fechar os olhos para esse tipo de coerção, sob pena de legitimar uma nova era de imperialismo econômico e político disfarçado de disputas comerciais ou jurídicas.
O momento exige firmeza e união. O Brasil não está isolado nessa batalha, pois muitos outros países já sofreram - ou podem sofrer - ameaças semelhantes. Cuba, por exemplo, enfrenta um embargo econômico há décadas, e contínuas tentativas de desestabilização, em razão da sua opção pelo regime político comunista; a Rússia, enfrenta retaliações por conta de seus conflitos com a Ucrânia. Mas o Brasil é atacado por meios econômicos sem qualquer razão de caráter geopolítico que, sequer, possa ser comparada àquelas.
A resposta deve ser a reafirmação coletiva de que soberania não se negocia, não se vende e não se renuncia. O governo brasileiro, ao resistir a essas pressões, defende não apenas os interesses nacionais, mas os princípios que sustentam a convivência pacífica entre as nações. A luta pela soberania é, em última instância, a luta pela liberdade de um povo decidir seu próprio destino sem ameaças ou interferências externas. E isso, definitivamente, não tem preço. Aqueles que defendem ou apoiam sanções contra o Brasil e a sua submissão a interesses estrangeiros são verdadeiros traidores da pátria.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
Temas
Política internacional
Comunicação e política