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Lydia Medeiros
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Trump x Brasil
1/8/2025 14:00
O eleitor bolsonarista está mais preocupado com a crise do tarifaço do que o eleitor lulista, mostra pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira. Para 89% da população, a taxação imposta por Donald Trump sobre produtos de brasileiros exportados para os EUA vai prejudicar a economia. Esse índice sobe para 92% entre os que escolheram o ex-presidente nas eleições de 2022. E cai para 87% entre os eleitores petistas.
O dado indica que a pregação ideológica contra supostas injustiças que o ex-presidente estaria sofrendo na Justiça pode não ter fôlego quando a crise bater no bolso, ainda que 66% dos seus eleitores digam que Trump agiu corretamente ao tentar anular o julgamento de Bolsonaro - 28% condenam o americano. Entre os lulistas 82% discordam dos argumentos de Trump e 13% dizem que ele tem razão.
Há ampla concordância quanto ao potencial do tarifaço de afetar as finanças pessoais: sete em dez eleitores acham que vão sofrer consequências. É quase o mesmo percentual (72%) dos que defendem a negociação com o governo americano como caminho, não a retaliação, opção apoiada por apenas 15%.
Em meio ao tiroteio, a pesquisa confirma a frase do ex-assessor de Bill Clinton James Carville que se tornou um clichê - "é a economia, estúpido!" Se a crise derivar em desemprego e inflação, hipóteses muito prováveis, vai ficar difícil para os dois lados. Os bolsonaristas começam a ser confrontados com o fato de terem impingido a todo o país sacrifícios em nome de uma causa estritamente pessoal, a liberação do chefe do clã das acusações de crimes contra o regime democrático.
Já o governo Lula, que ganhou a bandeira da soberania nacional para agitar, será cobrado por soluções econômicas para atenuar os efeitos das sanções de Trump. Na hora do aperto no orçamento doméstico, sabe-se que o governo é o "culpado de sempre", pouco importando a origem da crise.
A crise está só no começo e formata o cenário para a disputa presidencial de 2026. O PT discute as teses das suas diversas tendências para decidir o rumo. A corrente interna CNB (Construindo um Novo Brasil), ligada a Lula e que controla o partido, reconhece o peso das forças de direita na sociedade e, mais uma vez, aposta no presidente como sua grande arma eleitoral. Propõe "potencializar o carisma e a palavra" de Lula e sua presença "esclarecedora e entusiasmante" em todas as regiões.
O PL, carro-chefe da extrema direita, mostrou que está fechado com Bolsonaro e vai insistir na condenação da atuação do STF, sobretudo de Alexandre de Moraes, além de tentar transferir para Lula a culpa pelo ataque de Trump ao país. O presidente do partido, Valdemar Costa Neto, expulsou o deputado paulista Antonio Carlos Rodrigues depois que ele criticou Trump e chamou de "absurda" a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes. Para Valdemar, atacar o americano é uma "ignorância". Essa fidelidade canina do PL a Bolsonaro e a Trump, contra os interesses nacionais, deverá ser cobrada na campanha do ano que vem.
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para [email protected].
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