O deputado José Mentor (PT-SP) encerrou sua defesa no plenário da Câmara provocando o relator do seu pedido de cassação no Conselho de Ética, Nelson Trad (PMDB-MS). "Não foi tarefa fácil para o Trad sustentar a tese de que eu recebi mensalão. Senão, ele teria trazido fatos para provar isso, em vez de fazer ilações", disparou o petista, referindo-se ao discurso do relator.
Segundo o peemedebista, Mentor aceitou receber os R$ 120 mil das contas do empresário Marcos Valério para tirar o Banco Rural do texto final da CPI do Banestado. O petista rebateu a tese. Disse que se reuniu apenas quatro vezes com o empresário, sem jamais ter conversado sobre o Banco Rural.
"A CPI do Banestado não investigou o Banco Rural. A CPI do Banestado não investigou Marcos Valério ou as empresas dele. Quem naquela época conhecia Banco Rural?", declarou. O petista foi o relator da comissão, que foi encerrada sem aprovar um parecer conclusivo.
Em seguida, Mentor reiterou a tese de que recebera o dinheiro por serviços advocatícios prestados a um dos sócios de Valério, Rogério Tolentino. O petista afirmou que, na época, não tinha como desconfiar que a fonte do dinheiro era escusa. "O pagamento foi feito em duas vezes, uma parcela antes e depois do serviço prestada. Isso é a comprovação de um contrato firmado", disse.
Mentor também negou que tivesse tratado da CPI do Banestado com o publicitário. "A CPI dos Banestado não investigou Marcos Valério. A Fernanda Karina disse 'eu acredito, eu acho, eu suponho que o Mentor falou do Banestado com o Marcos Valério'. Não tratei nunca nenhum assunto do Banestado nem do banco rural com o ele", afirmou.
Para Mentor, o parecer de Trad é inconsistente porque ele teve de buscar fundamentos para validar a decisão do Conselho, que derrubou o texto de Edmar Moreira (PFL-MG) sugerindo a absolvição e votou pela perda de mandato do petista. "Foi (derrotado) por uma diferença mínima, por oito votos a seis. Tenho a certeza que o relatório (de Trad) terá o mesmo destino do original: o arquivamento", disse Mentor.