Pela primeira vez, a bancada do PT no Congresso Nacional foi colocada sob suspeita de participação no esquema do mensalão. O deputado Rodrigo Maia (RJ), líder do PFL na Câmara, fez um cruzamento de dados divulgado ontem que apontaria para o pagamento do suposto mensalão a assessores, familiares e até um deputado petista, na agência do Banco Rural, em um shopping center de Brasília. A agência é a aquela denunciada pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
De acordo com o levantamento, estiveram presentes na agência ou teriam enviado supostamente emissários os deputados petistas Vicentinho (SP), Paulo Delgado (MG), líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA), João Paulo Cunha (SP), Josias Gomes (BA), Sigmaringa Seixas (DF), Wasny de Roure (DF), Zezéu Ribeiro (BA) e Devanir Ribeiro (SP).
Rodrigo Maia, contudo, admitiu que o cruzamento não considerou nomes de pessoas homônimas - o que ocorreu com dois parlamentares. Todos os acusados negaram a suspeita, e criticaram a forma como o levantamento. "Não tenho explicação para dar. Isso é um absurdo", criticou Sigmaringa Seixas, que teve um funcionário do seu gabinete citado na lista de Maia. "Você passa em frente a um prédio e vira suspeito", dispara ele.
Sigmaringa apresentou cópia de um documento que atesta que sua assessora citada esteve na agência do Rural para descontar cheque de R$ 400. Esse documento, segundo o deputado, já havia sido enviado cópia do canhoto à CPI. No levantamento de Maia, aparecem até funcionários do gabinete dele.
Governo impede quebra de sigilos de petistas
Por 15 votos a 10, a base aliada do governo derrubou a ofensiva da oposição, na CPI dos Correios, que desejava abrir os sigilos bancário, fiscal e telefônico do ex-ministro José Dirceu e de três ex-dirigentes do partido, Delúbio Soares, Silvio Pereira e José Genoino. A oposição queria ainda convocar o secretário de Comunicação, Luiz Gushiken.
Derrotados, os oposicionistas terão de se contentar com as autorizações dadas pelos ex-dirigentes do PT e Dirceu à CPI na semana passada. "É a primeira vez que os investigados dão autorização para se fazer a investigação", observou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR). "Essas autorizações não têm validade jurídica nenhuma; são apenas uma demonstração de boa vontade", acredita o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).
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