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HISTÓRIA

Greve histórica de metalúrgicos completa 45 anos neste 1º de maio

Ato em São Bernardo do Campo reuniu 100 mil pessoas em 1980 e marcou a maior manifestação operária contra a ditadura militar.

Congresso em Foco

1/5/2025 9:00

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A data de 1º de maio de 1980, que nesta quinta-feira completa 45 anos, entrou para a história como ponto alto das mobilizações sindicais contra a ditadura militar no Brasil. A data coincidiu com o trigésimo dia da greve dos metalúrgicos do ABC paulista, iniciada em abril daquele ano, e reuniu uma multidão estimada em 100 mil pessoas na cidade de São Bernardo do Campo (SP).

Capa da Folha de S.Paulo em 2 de maio de 1980 dava destaque ao ato no ABC Paulista.

Capa da Folha de S.Paulo em 2 de maio de 1980 dava destaque ao ato no ABC Paulista.Reprodução/Folha de S.Paulo

O movimento era liderado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, que se encontrava sob intervenção federal desde meados de abril. Os trabalhadores reivindicavam reajuste salarial com reposição da inflação, aumento de 15% por produtividade, jornada semanal de 40 horas e um piso de Cr$ 12 mil - a moeda na época era o cruzeiro. Apesar da pressão patronal e da repressão militar, a paralisação manteve forte adesão por semanas e se espalhou para outras cidades do estado de São Paulo.

A greve ganhou contornos políticos após a prisão de lideranças sindicais, inclusive do futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo, sob o comando do general João Figueiredo, respondeu com medidas duras: cassou diretorias sindicais, decretou a ilegalidade do movimento e mobilizou oito mil policiais para impedir atos públicos no 1º de Maio.

Mobilização de metalúrgicos no estádio de Vila Euclides, em São Bernardo.

Mobilização de metalúrgicos no estádio de Vila Euclides, em São Bernardo.Folhapress/Folhapress

Ato desafiou a ordem militar

Mesmo com o aparato de segurança instalado desde a madrugada, trabalhadores de várias regiões conseguiram chegar ao centro de São Bernardo. A Igreja Matriz se transformou no ponto de encontro dos grevistas, que ocuparam também as ruas do entorno. Durante a manhã, a tensão entre manifestantes e policiais aumentou, mas não houve confronto aberto.

Com a chegada de parlamentares e representantes da sociedade civil, foi possível negociar a retirada das tropas da Polícia Militar. O recuo das forças de segurança abriu caminho para uma passeata até o Estádio da Vila Euclides, onde milhares de pessoas participaram do maior ato de 1º de Maio já registrado no país até então. O protesto teve ampla repercussão, com destaque em jornais nacionais e internacionais.

As imagens de operários marchando ao lado de estudantes, religiosos e intelectuais reforçaram a imagem de um movimento que ia além das fábricas. A mobilização, iniciada por reivindicações salariais, se transformava em símbolo da resistência ao regime militar.

"Chora Figueiredo, Figueiredo Chora": notas publicadas no Jornal do Brasil, à época, descrevem os "slogans" cantados no ato pelos manifestantes.Reprodução/Jornal do Brasil

Lula estava preso

Principal líder do movimento sindical do ABC, o então presidente do sindicato, Luiz Inácio Lula da Silva, havia sido preso em 19 de abril, pouco antes do feriado. Ele estava entre os 14 dirigentes sindicais detidos por ordem do governo, sob a justificativa de incitação à greve e ameaça à ordem nacional.

Lula em seus tempos de líder sindical, em 1980: futuro presidente estaria preso durante o ato de 1º de Maio. Manifestantes pediram por sua soltura:

Lula em seus tempos de líder sindical, em 1980: futuro presidente estaria preso durante o ato de 1º de Maio. Manifestantes pediram por sua soltura: "Se não soltar o Lula, ninguém vai trabalhar".Folhapress/Folhapress

A ausência de Lula no ato do 1º de Maio não diminuiu sua centralidade. Seu nome foi lembrado por cartazes, gritos de ordem e faixas levadas pelos manifestantes. A campanha Lula Livre ganhou força durante o período de repressão e contribuiu para consolidá-lo como figura política nacional.

Impacto político e fim da paralisação

A greve dos metalúrgicos de 1980 durou 41 dias. Mesmo com o alto grau de mobilização, o movimento foi encerrado sem que as principais demandas fossem atendidas. O prolongamento da paralisação esgotou financeiramente os trabalhadores, e o retorno ao trabalho foi gradual a partir do início de maio. Ainda assim, o episódio teve grande repercussão política.

A mobilização de São Bernardo do Campo expôs os limites da repressão militar diante de um movimento social organizado e articulado com setores da Igreja, do parlamento e da imprensa alternativa. A greve de 1980 consolidou o novo sindicalismo que surgia no Brasil e antecipou as mudanças que viriam com a redemocratização, nos anos seguintes.

Quarenta e cinco anos depois, o 1º de Maio de 1980 é lembrado como um marco na história da luta dos trabalhadores brasileiros por direitos e liberdade política.

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greve metalúrgicos São Bernardo ditadura militar 1o de maio sindicalismo abc paulista Lula

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