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A imagem da guerra e Brian De Palma

Congresso em Foco

2/10/2007 | Atualizado 7/10/2007 às 0:00

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Massacre de Mi Lay, 1968

Cláudio Versiani, de Nova York*

Em março de 1968, soldados americanos entraram na aldeia vietnamita Mi Lay e executaram os civis, a maioria crianças e mulheres (veja a foto acima).

Naquela data, a opinião pública dos EUA começou a mudar de lado. Passou a contestar a guerra do Vietnã, quando a imprensa americana e a do resto do mundo revelaram as imagens do massacre.

Em 8 de junho de 1972, Nick Ut fez a foto definitiva da guerra do Vietnã, que se arrastaria até 30 de abril de 1975. Naquele dia os comunistas conquistaram Saigon.

Os fotógrafos e cinegrafistas que cobriram o conflito na Indochina trabalharam com certa liberdade. A outra foto definitiva da guerra pertence a Eddie Adams.

Os tempos eram outros e não existia o conceito de “embedded journalist”. O jornalista embutido ou incorporado que só tem acesso aos locais das batalhas se fizer parte de uma unidade militar. No caso, unidade das forças armadas dos EUA.

O conceito e a palavra foram usados pela primeira vez na invasão do Iraque em 2003. O governo americano queria ter controle total sobre as imagens da guerra.

Um bom exemplo de fotógrafos “unbembbed” pode ser visto aqui. 

O livro e o website mostram o trabalho de quatro fotojornalistas independentes.

Brian De Palma, o premiado cineasta, bebeu na fonte dos fotógrafos e cinegrafistas não incorporados, além de fotos que estão na rede e não têm autor.

Ele buscou imagens da guerra na web e fez um filme que se chama Redacted. São histórias de soldados americanos no Iraque e como a mídia cobre a guerra.

Palma usou algumas fotos que os jornais se recusaram a publicar. O filme foi apresentado em agosto, pela primeira vez, no Festival de Veneza. O cineasta foi aplaudido de pé por alguns minutos.

Conversando com jornalistas, Brian De Palma declarou: "Pictures are what will stop the war." Melhor não traduzir. E completou: “O filme é uma tentativa de mostrar ao público americano o que realmente está acontecendo no Iraque”.

Brian ainda disse que está tudo (as imagens) lá na internet, basta procurar. Mas você não vai achar nada disso na grande imprensa.

Um trailer que não mostra muito do filme pode ser visto aqui.

O filme é centrado num episódio de março de 2006, quando soldados americanos estupraram e mataram uma garota iraquiana de 14 anos. Outros quatro membros da família da garota também foram mortos. Em 1989, o cineasta dirigiu Casualties of war, filme sobre o estupro de uma garota vietnamita por soldados americanos. Guerras e suas atrocidades não são assuntos estranhos para De Palma.

O governo americano também acredita que a imagem pode acabar com uma guerra. As imagens dos caixões com soldados americanos voltando para casa, feitas por um contratado do Pentágono, só foram liberadas por ordem judicial. Na época, abril de 2004, causaram um furor na internet e correram o mundo.

Em 2006, o fotógrafo Todd Heisler, fez um ensaio sobre os soldados que também retornaram para casa num caixão. O Vietnã é uma ferida que não cicatriza. Caixão e bandeira mexem com os corações e mentes dos norte-americanos.

Heisler ganhou o prêmio da Associação Nacional dos Fotógrafos de Imprensa, na categoria ensaio fotográfico. Veja aqui.

Já a fotógrafa Nina Berman foi diretamente ao assunto. Fotografou os soldados mutilados pela guerra do Iraque. As fotos de Nina, que ganhou o World Press, atestam a teoria de Brian De Palma.

Infelizmente, na prática, a guerra segue com seu banho de sangue diário. As imagens publicadas na imprensa americana não mostram o sofrimento nem de americanos nem de iraquianos. Ou melhor, parece que a guerra não é com eles. O assunto só mobiliza os ativistas. A população segue sua vida como se o país vivesse em tempos de paz.

Pelas contas de hoje, são mais de 3.700 soldados americanos mortos e quase 28.000 feridos. Iraquianos mortos são centenas de milhares, no mínimo 650.000. Sem falar nos milhões de refugiados, dentro e fora do país.

Percebe-se que as imagens da guerra do Iraque são controladas. Faça uma busca por Haditha, o resultado é pobre. O “massacre de Haditha” aconteceu em novembro de 2005, na cidade iraquiana que tem esse mesmo nome. Doze marines mataram ou executaram 24 civis iraquianos, 11 eram crianças ou mulheres. Veja a foto abaixo:


Por outro lado, a rede resiste e apresenta blogs e mais blogs que tratam da questão da imagem da guerra do Iraque. Veja um exemplo aqui. 

Lembrando mais uma vez Brian De Palma, não dá para não falar de Anderson Schneider, o único fotógrafo brasileiro não incorporado que fotografou a guerra do Iraque. O trabalho de Anderson pode ser visto na PicturaPixel ou em seu website.

Torço para que Brian De Palma tenha razão.

**Este artigo foi publicado originalmente no blog PicturaPixel.

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