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AMÉRICA DO SUL
Congresso em Foco
3/7/2025 11:58
O presidente Lula afirmou nesta quinta-feira (3), em Buenos Aires, que pretende recolocar o Mercosul no centro da estratégia de integração regional e fortalecimento do bloco econômico. Ao assumir a presidência rotativa do grupo, Lula apostou em um discurso de resgate do valor político e econômico da união aduaneira, classificando-a como uma "proteção" para os países diante de um cenário internacional cada vez mais volátil.
"Toda a América do Sul se tornou uma área de livre comércio baseada em regras claras e equilibras. Estar no Mercosul nos protege. Nossa tarifa externa comum nos blinda de guerras comerciais alheias. Nossa robustez institucional nos credencial perante o mundo com parceiros confiáveis", afirmou.
O petista recebeu o comando do Mercosul das mãos do presidente da Argentina, Javier Milei, seu desafeto e crítico severo do bloco. O mandato do brasileiro vai até o fim do ano.
Em seu discurso, Lula apresentou cinco prioridades para guiar a agenda do Mercosul, que vão do incentivo ao comércio e à integração produtiva à transição energética e à inclusão social, passando ainda por temas como inovação tecnológica e combate ao crime organizado. Ao enfatizar que o bloco precisa se adaptar a novas dinâmicas globais sem perder suas bases de solidariedade e cooperação, Lula tenta reposicionar o Mercosul como instrumento de projeção internacional do Brasil e de defesa conjunta de interesses regionais. O brasileiro disse que o acordo com a União Europeia deve ser fechado até o fim do ano.
Nos próximos meses, a expectativa será ver como o governo brasileiro colocará essas metas em prática, diante de parceiros que nem sempre compartilham da mesma visão de integração e defendem maior flexibilidade para acordos comerciais individuais. Ainda assim, Lula sustenta que somente um Mercosul coeso poderá enfrentar os desafios do comércio global, das mudanças climáticas e da segurança regional.
Veja a seguir as cinco prioridades de Lula para sua gestão à frente do Mercosul.
Lula quer fortalecer o comércio dentro do Mercosul e ampliar parcerias externas, com destaque para a conclusão dos acordos com a União Europeia e a EFTA ainda este ano. Ele também aposta em novas negociações com Canadá, Emirados Árabes, Panamá, República Dominicana, Colômbia e Equador, além de aproximar o bloco de potências asiáticas como China, Japão, Índia e Coreia. Outro objetivo é impulsionar o uso de moedas locais, reduzir riscos cambiais e revitalizar o Fórum Empresarial do Mercosul para apoiar pequenas e médias empresas. "Nossa Tarifa Externa Comum nos blinda contra guerras comerciais alheias", defendeu.
A segunda frente envolve ações coordenadas para enfrentar a mudança do clima e impulsionar a transição energética. Lula defendeu a adoção de padrões comuns de sustentabilidade e rastreabilidade de produtos, além de garantir que minerais estratégicos, como lítio e cobre, sejam beneficiados dentro do próprio bloco, gerando emprego e renda. Ele reafirmou as metas climáticas brasileiras e propôs que o Mercosul avance em projetos de agricultura sustentável e inovação verde, em sintonia com a COP30, marcada para Belém em 2025. "A realidade está se movendo mais rápido que o Acordo de Paris, expondo a falácia do negacionismo climático", declarou.
O desenvolvimento tecnológico foi apontado como prioridade para reduzir desigualdades e garantir autonomia. Lula quer ampliar a infraestrutura digital do Mercosul, instalando centros de dados regionais e incentivando projetos de inteligência artificial com identidade latino-americana. Também propôs transformar o bloco em um polo de produção de vacinas e medicamentos, para evitar dependências como as reveladas durante a pandemia de covid-19. "Trazer centros de dados para a região é uma questão de soberania digital."
O presidente destacou que o crime organizado, transnacional, ameaça a autoridade dos Estados e agrava problemas como violência e destruição ambiental. Por isso, Lula propôs reforçar iniciativas de cooperação policial, como o Comando Tripartite na Tríplice Fronteira e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, unindo esforços contra tráfico de armas, drogas, pessoas e crimes ambientais.
"Grupos criminosos colocam em xeque a autoridade do Estado, disseminando violência, corrupção e destruição ambiental", alertou.
A quinta prioridade do governo brasileiro à frente do Mercosul será ampliar políticas de inclusão social e fortalecer a democracia. Lula defendeu a retomada da Cúpula Social e a realização de uma Cúpula Sindical, além do fortalecimento do Instituto Social do Mercosul e do Instituto de Políticas Públicas de Direitos Humanos. Segundo o presidente, apenas com redução das desigualdades e garantia de direitos será possível consolidar um bloco sólido e respeitado no cenário internacional.
"Sem inclusão social e enfrentamento das desigualdades de todo tipo não haverá progresso duradouro", declarou.
O que é o Mercosul
O Mercosul (Mercado Comum do Sul) é um bloco econômico fundado em 1991 por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, com o objetivo de promover a integração regional, estimular o livre comércio de bens e serviços e adotar uma tarifa externa comum frente a parceiros de fora. Posteriormente, a Venezuela aderiu ao grupo em 2012, mas está suspensa desde 2016 por descumprir cláusulas democráticas, e a Bolívia está em processo final de adesão plena.
Além dos membros efetivos, o bloco conta com países associados, como Chile, Peru, Colômbia, Equador, Guiana e Suriname, que participam de acordos comerciais e de cooperação, mas sem integrar a união aduaneira. Dessa forma, o Mercosul se consolidou como o principal mecanismo de articulação econômica e política da América do Sul.
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