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ECONOMIA
Congresso em Foco
30/7/2025 | Atualizado às 10:00
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (30) que o governo brasileiro seguirá negociando com os Estados Unidos mesmo após a entrada em vigor, nesta sexta-feira (1º), da tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros. A medida é vista como um gesto de retaliação política por parte do presidente americano, que mira aliados de Jair Bolsonaro e acusa o governo Lula de perseguição judicial.
"Independentemente da decisão que for tomada dia 1º, ela não vai significar o fim, o término. É o começo de uma conversa, na minha opinião", declarou Haddad, em entrevista coletiva na portaria do Ministério da Fazenda.
Segundo o ministro, os contatos entre os dois governos têm aumentado desde a semana passada. Ele ressaltou o papel do vice-presidente Geraldo Alckmin, que também comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, nas conversas com o governo americano.
Semana de evolução
"O presidente Alckmin tem mantido uma comunicação com sua contraparte, e as conversas estão evoluindo", disse Haddad. "Esta semana foi melhor. E, se depender do Brasil, essa tensão desaparece, porque ela é artificial. E produzida por pessoas do próprio país. Quando ela se dissipar, a racionalidade vai conduzir os trabalhos. E nós vamos chegar a um denominador."
Haddad informou ainda que tenta reabrir diálogo com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que está em viagem à Europa.
"Já estive na Califórnia com o secretário Bessent. Tenho tentado contato com ele, mas ele está na Europa fechando acordos. A assessoria dele pediu um pouco de paciência", explicou.
O ministro não descarta uma visita a Washington, caso haja "uma agenda estruturada com representantes do governo americano".
Dificuldades no diálogo com Trump
Apesar do esforço diplomático, membros do governo reconhecem que há obstáculos para uma negociação direta com a Casa Branca. O próprio presidente Lula, em entrevista ao The New York Times, afirmou que tentou contato com Trump, mas que "ninguém quer conversar".
No Senado, o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), disse considerar improvável qualquer diálogo direto entre os dois presidentes antes da aplicação do tarifaço. Wagner faz parte da comitiva de oito senadores brasileiros que viajaram para os Estados Unidos na tentativa de negociar as tarifas.
Setores tentam mitigar impacto
Enquanto isso, Alckmin tem liderado conversas com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, em busca de exceções na lista de produtos que serão sobretaxados. Segundo interlocutores do governo, um dos focos é tentar excluir alimentos da tarifa, preservando parte relevante das exportações brasileiras.
Lutnick enviou seu assessor sênior, William Kimmit, para uma reunião virtual com Alckmin e representantes de grandes empresas como Meta, Google, Apple, Amazon, Visa e Expedia, mostrando que as tratativas seguem em diferentes frentes.
Plano de apoio a empresas pode ser anunciado
Questionado sobre medidas de compensação para setores brasileiros afetados pelo tarifaço, Haddad disse que a decisão caberá a Lula, mas confirmou que há alternativas em estudo.
Entre elas está um plano nos moldes do adotado na pandemia, quando o governo federal arcava com parte ou todo o salário de trabalhadores da iniciativa privada em troca da manutenção dos empregos.
"Dentre os vários cenários, há lei que estabelece esse tipo de programa. Mas não sei qual o cenário que o presidente vai optar, por isso que eu não posso adiantar as medidas", disse Haddad.
A estimativa da Amcham Brasil (Câmara Americana de Comércio) é que a medida dos EUA possa afetar cerca de 10 mil empresas brasileiras exportadoras, responsáveis por mais de 3,2 milhões de empregos no país.
Haddad disse que prefere aguardar o início oficial da tarifa para entender qual será sua extensão real e se haverá margem para isenções pontuais. "Vamos ver o que deve acontecer, qual será a extensão do tarifaço e a possibilidade de isentar produtos específicos", afirmou.
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